Linguística Histórica –
Maria Clara Paixão de Sousa
Disciplina: Teoria da Linguagem
Docente: Prof. Dr. Roberto Gomes
Camacho
Discente: Glaucia Andrioli Chiarelli
Linguística Histórica
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Problema da definição de linguística histórica (o que
tem sido linguística histórica)
Linguística Histórica – estudo da linguagem sob a
chave do tempo (diferentes concepções de língua e
de tempo)
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Tempo de análise X tempo do objeto analisado
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Recurso à documentação e recurso à reconstituição
Linguística Histórica nos 1800
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Semelhanças entre algumas línguas fez pensar em
gênese comum.
Regularidades das mudanças
A linguística histórica construiu uma metodologia
para estudar essas regularidades.
De um modo geral, havia a concepção de que as
mudanças eram internamente motivadas.
Linguística Histórica nos 1800
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Vertentes:
a) Tradição comparada (experimental) – reconstrução
da língua-mãe; permitia descrever línguas que não
deixaram registro documental.
b) Tradição histórico-comparada – combina
reconstrução com a busca de registro dos eventos
passados.
Linguística Histórica nos 1900
1. O corte saussuriano
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Foco: dimensão estática dos fenômenos em
detrimento da dimensão dinâmica.
Objeto: língua enquanto sistema de signos, colocada
em um plano abstrato, a fim de ser descrita
independente de sua realidade histórica.
Dicotomias: língua x fala; sincronia x diacronia.
Metáfora do jogo de xadrez.
Crítica: a separação sincronia x diacronia não é um
fato da língua, mas uma questão metodológica.
(Coseriu, 1979)
2. Herança estruturalista
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A questão da mudança não era o interesse central.
“Linguística histórica” na herança estruturalista:
desenvolveu-se como “linguística diacrônica.”
Abstração do plano sócio-histórico.
3. Contra-herança estruturalista
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Sócio-variacionismo: a heterogeneidade da língua
está situada no objeto teórico de interesse central.
Diacronia X História
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Diacronia: sucessão de eventos encadeados
cronologicamente – linearidade.
História: relato de acontecimentos encadeados
cronologicamente e contextualizados historicamente
no tempo e no espaço.
Exemplo: metáfora do jogo de xadrez.
O documental e o experimental
A documentação possível sobre o passado das
línguas chegou até nós por meio da escrita.
 Problemas:
a) línguas sem tradição escrita;
b) lacunas documentais;
c) Como depreender a história da língua falada com
bases nos registros da língua escrita.
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Uma das respostas a estes problemas é o recurso à
experimentação – reconstituição dos estágios
passados a partir dos estudos de suas formas atuais.
A questão da historicidade
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Ao propor estudar a língua de um ponto de vista
histórico, é preciso um posicionamento crítico:
(i) A multiplicidade dos planos temporais da dinâmica
dos acontecimentos não são totalmente recuperáveis
no plano temporal do conhecimento (linearidade dos
acontecimentos X linearidade da observação).
(ii) Trabalhamos com o que “o tempo deixou” e não
com “o que aconteceu”.
O caso das Línguas Românicas
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Tradição oitocentista: quanto mais recuarmos no
tempo, maior a semelhança entre os idiomas
românicos.
Maurer: quanto mais recuarmos no tempo, mais
diferentes entre si aparecem esses idiomas.
Essas semelhanças foram construídas ao longo da
Idade Média e durante o Renascimento.
O caso das Línguas Românicas
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Duarte Nunes – formação dos idiomas na Península
Ibérica:
Contato entre povos de linguagens distintas (latina,
germânica, árabe) foi um fator de fragmentação e
diferenciação das línguas ibéricas, mas também de
homogeneização e unidade.
Questão documental: os testemunhos linguísticos da
fala medieval portuguesa e castelhana não
apontariam para uma influência árabe.
Escolheram privilegiar as histórias das heranças e
evoluções em detrimento da história dos contatos.
O caso das Línguas Românicas
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Os dados escritos que chegaram até nós representam
aquilo que “um determinado contexto histórico julgou
relevante registrar; que um segundo momento
histórico julgou importante preservar; e que um
terceiro momento histórico julgou pertinente
examinar” (p. 36)
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Documentação das línguas espanholas medievais:
fragmentos da língua escrita nas cortes cristãs,
códigos de leis, documentos legais, crônicas
históricas de feitos cristãos.
O caso das Línguas Românicas
Caminhos por trilhar
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Desafio das abordagens históricas: articular dois
planos para a análise:
a) Relação genética entre as línguas da antiga Hispânia
e outros idiomas “filhos” do latim;
b) Abordagem desses idiomas levando-se em conta as
situações de contato linguístico.
Gramática e temporalidades
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Perspectiva mentalista-chomskiana: rejeita a noção
de organicidade; considera que as gramáticas não
mudam, mas sim são substituídas por outras
gramáticas.
Quadro gerativista: a mudança linguística é um
evento catastrófico que abala o processo de
aquisição e impede que uma determinada geração
de falantes adquira uma gramática da mesma forma
que a geração anterior a adquiriu.
Processos responsáveis por esse abalo (segundo
estudos gerativistas): grandes deslocamentos
populacionais, situações intensas de contato – causa
exterior.
Gramática e temporalidades
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Linguística oitocentista: sistema instável e mudança
internamente motivada.
Gerativismo: gramática estável e mudança
externamente motivada.
Finalizando
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Seja qual for a perspectiva teórica e a respectiva
concepção de língua, é necessário diferenciar o
tempo do conhecimento do tempo do acontecimento.
Necessidade de refletir criticamente sobre as
condições do conhecimento.
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Linguística Histórica nos 1800