A Variação Linguística em Sala de Aula: o que pensam os professores? Graduanda: Anna Maria Barros de Azevêdo Orientador: Prof. Dr. Alexsandro da Silva Introdução Diversidade Escolar Aperfeiçoamento dos Saberes Pedagógicos Variação Linguística → Sóciolinguística Objetivo Geral Analisar concepções de seis professores da rede pública municipal de Caruaru sobre o tratamento da variação linguística em sala de aula. Objetivos Específicos Estimular os professores a analisarem suas práticas docentes; Romper limites do preconceito linguístico; Estabelecer novas práticas de ensino; Proporcionar reflexão diante do tema; Incentivar outras pesquisas na área. O que é variação linguística? Mudanças que vão surgindo na língua ao longo do tempo e a atividade que a linguagem possui. Uma mesma língua apresenta diferentes formas de interação linguística. A variação pode ocorrer em qualquer domínio em que o sujeito se encontra. - Bagno, Galli, Bortoni-Ricardo - Discutimos ainda sobre... As classificações da Variação Linguística (Bortoni-Ricardo e Travaglia) A relação variação-gramática (BortoniRicardo) Preconceito linguístico: o que é e como combatê-lo Baseado nos oito mitos propostos por Bagno, que permeiam os conceitos da população e que são, muitas vezes, defendidos até pelos grandes eruditos da língua portuguesa. Estes conceitos são, facilmente, identificados dentro da escola, no dia-adia dos professores. A Variação Linguística em Sala de Aula O grande problema do “certo” e “errado” Professores têm pouco acesso às noções de sóciolinguística e variedades populares O que existem não são “erros” e “acertos”, mas diferenças. Desafio de uma pedagogia livre de estigmas preconceituosos por uma pedagogia transformadora. O que a gramática faz... Sujeitos da Pesquisa Metodologia Abordagem Qualitativa – Flick Na análise qualitativa, considerou-se a influência e relevância das representações sociais - Almeida. Entrevista Semi-Estruturada – Laville Análise do tipo temática categorial Bardin Análise dos Dados (a partir de 5 categorias) Os alunos apresentam dificuldades para aprender a norma padrão na escola? Sim Contraste entre o que se ouve em casa e o que se aprende na escola Deficiência na formação anterior Concepção da criança de que se deve escrever como se fala Heterogeneidade da sala de aula O modo de falar dos alunos dificulta na aprendizagem da escrita? Sim “(...) às vezes eles tem uma família que não tem boa estrutura escolar.” (professora 02) Diversidade nos gêneros textuais confundem na hora de escrever Dificuldade em o professor explicar que há diversidade na língua Como o professor lida com as variedades linguísticas dos alunos em sala de aula? Uma pergunta interpretada como difícil Atenção aos termos ‘certo’ e ‘errado’, uns acham que é assim mesmo, outros demonstram preocupação, por exemplo: “procuro respeitar sempre e dizer pra eles o modo correto, dizer que a gente precisa falar do modo correto. Num é nem correto, porque o importante é que eles aprendam a se comunicar.” (professora 06) Que procedimentos metodológicos que o professor utiliza para ensinar a norma padrão em sala de aula? Todas praticam muita leitura com os seus alunos para que eles se apropriem da norma padrão. Uma destacou que quando surgem variantes regionais, explica o contexto e mostra como pode ser aquela variante na forma padrão. O que as professoras pensam sobre a atitude de uma docente que corrige a fala de um aluno publicamente? Aluno: “Professora, nós vai fazer esta tarefa agora?” Professora: “Não é nós vai, é nós vamos” Todas as professoras consideraram a atitude da professora inadequada com a preocupação de não constranger o aluno. Porém... ...Algumas apresentaram contradições no momento de exemplificar como fariam se estivessem diante da mesma situação: “Eu acho que ela não deveria ter corrigido dessa maneira, e sim respondido com a correção ‘Não, nós vamos fazer essa tarefa agora’, para não constrangê-lo diante da turma.” (professora 02) “Eu repetiria a frase como a ortografia mostra que seja, corretamente.” (professora 03) “Não, a maneira certa é ‘nós vamos’.” (professora 05) Um olhar diferente... (...) Eu mesma já disse pra uma sobrinha minha... Ela toda contente dentro do carro, dizia mesmo assim pra mim: “Tia, eu se perdi no parque”. E eu disse pra ela, eu olhei pra ela e disse: “Eu me perdi no parque”. E ela olhou pra mim espantada e disse: “Tu também, tia?”... (risos) Então eu dizia... E ela tinha a mesma idade dos meus alunos. Então hoje em dia eu procuro ter outra visão, e dizer “Olhe, nós devemos falar: ‘eu me perdi no parque’”. Se eu tivesse aquele diálogo com ela... Se ela tivesse aquela idade, aquela... Então, assim... Hoje, eu procuro ter o cuidado de antes dizer a eles o porquê de dizer assim: “Olhe, não é nós VAI, e sim nós VAMOS. Se a gente disser nós VAI, a gente tá falando de uma forma que algumas pessoas não vão achar correto... Então o jeito correto, o jeito certinho da gente falar seria nós vamos”. (professora 06) Como as professoras reagiriam se o aluno lesse bassoura em vez de vassoura? A pergunta causou reação interessante Diria ao aluno que a forma ‘correta’ é vassoura, sem constrangê-lo Incentivaria o aluno a descobrir por si só a escrita ‘correta’ da palavra Explicaria a norma padrão da palavra, mas compreenderia se ele continuasse falando a variante ‘bassoura’ Considerações Finais Os professores sabem um pouco sobre variação linguística, sabem que o preconceito existe e como isto afeta a sala de aula; Referem-se constantemente ao quesito ‘constrangimento’, mas não consideram que constrangem, se ensina que uma variante é ‘certa’ e outra ‘errada’; Demonstram forte presença das representações sociais na prática, muito mais do que as teorias aprendidas na formação docente; Há, de fato, importância em aperfeiçoar os saberes docentes para erradicação do preconceito linguístico. Referências ALMEIDA, Ângela Maria. A pesquisa em representações sociais: fundamentos teórico-metodológicos. Serviço Social, 9, p. 129-158, 2001. ANTUNES, Irandé. Muito além da gramática: por um ensino de línguas sem pedras no caminho. São Paulo: Parábola Editorial, 2007. BAGNO, Marcos. Nada na língua é por acaso: por uma pedagogia da variação linguística. São Paulo: Parábola Editorial, 2007. _____________.Preconceito Lingüístico: o que é, como se faz. 51. ed. São Paulo: Loyola, 2009. BARDIN, Laurence. Análise de Conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1977. BORTONI-RICARDO, Stella Maris. Educação em língua materna: a sociolinguística na sala de aula. 2. ed. São Paulo: Parábola Editorial, 2004. CORDEIRO, Dilian da Rocha. Variação Linguistica: o que pensam e fazem os professores. Recife: O Autor, 2005. FLICK, Uwe. Uma introdução à pesquisa qualitativa. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2004. GALLI, Glória. O que significa variação linguística? Disponível em: <http://www.lpeu.com.br/a/Significado-de-variação-linguística.html>. Acesso em: 10 nov. 2009. LAVILLE, Christian; DIONNE, Jean. A construção do saber: manual de metodologia da pesquisa em ciências humanas. Porto Alegre:Artmed, 2008. ROMEU e Julieta. Direção: Baz Luhrmann. Produção: Baz Luhrmann e Gabriella Martinelli. Intérpretes: Leonardo DiCaprio, Claire Danes, Zak Orth , Jamie Kennedy , Dash Mihok e outros. Roteiro: Craig Pearce e Baz Luhrmann, baseado em peça teatral de William Shakespeare. [S.1]: 20th Century Fox / Bazmark Films, 1996. 1 DVD (120 min), son., color. TRAVAGLIA, Luiz Carlos. Gramática e interação: uma proposta para o ensino de gramática. 11. ed. São Paulo: Cortez, 2006. Agradeço... ...Aos parentes, irmãos na fé e amigos que me ajudaram de alguma forma na elaboração deste trabalho, seja em orações, debates ou concessões de materiais para estudo; ...A todos os professores que tive ao longo do curso, por cada ensinamento que me deram; ...Ao meu orientador e professores de TCC 1 e 2 pela paciência nas orientações e por acreditarem no meu potencial; ...E, acima de tudo, dou “sempre graças por tudo a nosso Deus e Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo” (Efésios 5.20).