CAPÍTULO I Linguagem e variação linguística Toda expressão linguística é um ato comunicativo, e todo ato comunicativo tem uma intenção, que irá exercer papel relevante sobre a maneira como a mensagem será apresentada. Linguagem Pressupõe a existência de interlocutores (participantes do diálogo) Funciona como uma forma de representar e organizar o mundo que nos cerca Dá forma às nossas experiências Traz em si as marcas de aspectos históricos, sociais e ideológicos de uma cultura Exemplos de linguagem As línguas naturais Gestos Música e dança Logotipos A língua é apenas uma das muitas formas de linguagem Compreendemos que a língua é um sistema de representação socialmente construído, constituído por signos linguísticos. • Signo linguístico – unidade de significação composta por duas faces: Língua Significante Espanhol Libro Inglês Book Português Livro Francês Livre Alemão Buch Significante x Significado • Significante – é a sequência de sons que se combinam para formar a palavra. • Significado – conteúdo intelectual da palavra, o que ela quer dizer. Forma e conteúdo... • A língua tem dois aspectos cruciais: Conteúdo – o que se diz Forma – como se diz Ex: Este livro é da hora! Ex: Achei este livro sensacional! Ex: Considero este livro de uma riqueza ímpar! Observe que o conteúdo da mensagem é o mesmo. No entanto, o modo como a informação foi dada mudou, ou seja, houve alteração na forma. Em que contexto (situação) cada uma das falas acima seria mais adequada? Variação e norma • A língua é utilizada de modo diferente, de acordo com o contexto (situação) e a intenção daqueles que a empregam. • Cada um dos sistemas em que a língua se diversifica em função das variações de seus elementos (pronúncia, vocabulário, sintaxe e morfologia) é nomeado de variedade linguística. Por que há tantas variedades linguísticas ou “falares”? Alguma ideia? Tipos de variedades linguísticas Sabe-se que as variedades linguísticas se originam por fatores como: região geográfica (cidade, estado e país) - regionalismo; situação socioeconômica - variedade social-econômica; faixa etária - variedade por faixa etária; mudanças históricas – histórica. Variedades linguísticas – Brasil x Portugal O gajo era estomatologista, mas, cansado, foi caminhar no relvado. Enquanto tomava uma bica, ali sentado, avistou um invisual e, na sequência, uns canalhas, que, juntamente com seu explicador, faziam um trabalho com fita-cola. Compreendeste??? Regionalismo Regionalismo é, portanto, a variedade linguística relativa a cada região, que se caracteriza pelo uso de termos próprios de uma região geográfica. Ex: Baiano não fica fechado em casa ----------- Ele fica embiocado. Capixaba não mata lagartixa --------- Ele mata taruíra. Porto Alegrense não vê um moleque na rua ------- Ele vê um piá. Nordestino não dá volta ----------- Ele arrodeia. Vídeo • http://www.youtube.com/watch?v=VCJEE43Dzkc Sotaque • O modo característico, a cadência e a entonação no falar de cada região é o que comumente denominamos sotaque. Variedade socioeconômica • É a variedade sociocultural que se caracteriza pelo uso de termos e modos de articulação linguística próprios de uma determinada classe social. Ex: “Mina, teus cabelo é da hora!” Seus cabelos estão um deslumbre! Variedade por faixa etária • A variedade por faixa etária se caracteriza pelo uso de termos e modos de articulação linguística próprios de uma determinada faixa etária. Ex: Ele é batuta, pode confiar. O cara é firmeza, vai na fé. Variedade histórica • A variedade histórica se caracteriza pelo uso de termos e modos de articulação linguística próprios de uma determinada época. Ex: Variedade estilística • A variedade estilística se refere à formalidade ou à coloquialidade empregada na mensagem. Ex: Tu pode ir ou ficá. Pra mim dá na mesma. (linguagem coloquial) A senhora pode ir ou ficar. Para mim é irrelevante. (linguagem formal) Preconceito linguístico A pluralidade dos “falares” em um país como o Brasil, embora não somente aqui, pode originar a resistência de falantes em aceitar diferentes “falares”, gerando, assim, o preconceito linguístico. Uma das formas mais comuns de preconceito linguístico é o famoso “tirar sarro” de sotaques de outros estados ou regiões.