Diversidade Humana Profa. Dra. Flávia Cristina de Mello – Doutora em Antropologia Social, Mestre em Antropologia, especialista em Etnologia Indígena. Módulo V – Processos Reprodutivos Eixo Biologia, Sociedade e Conhecimento Unidade 2 – Diversidade Humana O que é diversidade humana? A humanidade apresenta uma enorme diversidade de povos. Apresenta também diferentes formas de interagir com o meio ambiente e de interagir entre si. O ser humano é o único animal que apresenta tamanha diversidade de formas de organização social. Mas o que difere este animal dos outros seres estudados pela zoologia? E quais as razões para esta diversidade apresentada por esta espécie? A resposta destas duas questões é o elemento central deste nosso encontro: Compreender como o advento da “CULTURA” forma as diferenciações entre os primatas antropóides e o homo sapiens. Na apostila e nos textos indicados para as leituras, encontramos descrições das várias teorias desenvolvidas na história do pensamento ocidental para se pensar nesta diferenciação. De Confúcio, na China a Heródoto, na Grécia antiga, formulou-se reflexões a respeito das diferenças entre as culturas humanas. (ver Laraia, 1987). Teorias que vão desde o racismo científico, determinismo geográfico ou ambiental, determinismo biológico vão tentar explicar tais diferenças. E todas elas levam à mesma conclusão: As diferenças não se baseiam em elementos fisiológicos originais, nem mesmo em razões utilitaristas. As escolhas adaptativas muitas vezes seguem razões simbólicas, determinadas pela cultura da cada grupo. Por isso, em um mesmo ambiente, dois grupos humanos podem assumir opções totalmente distintas nas suas práticas de organização social, de produção de subsistência ou de relação com o meio ambiente. Vejamos os elementos trazidos pelos textos que vocês lerão para esta Unidade: Na apostila vocês encontrarão elementos de discussão do conceito de “raça”, das teorias do chamado “racismo científico”. Estas teorias reduzem a questão da diferença entre os seres humanos e entre os povos humanos ao aspecto físico. A leitura do texto indicado, de Tim Ingold, nos mostra que estas diferenças não se restringem ao aspecto biológico, fisiológico ou fenótico dos indivíduos. Ao contrário, são as diferenças culturais que produzem as diferenças físicas nos diferentes grupos humanos. E são as diferentes constituições dos indivíduos que produzem a diferença de comportamentos e escolhas. O que é animal e o que é aprendido socialmente no comportamento de cada um de nós? O que trazemos de instinto e como isso se manifesta? Sociodiversidade Cultural no Brasil 2ª parte Como a apostila nos traz, nossa sociedade é composta pelo encontro de diferente matrizes étnico-culturais. A origem do “povo brasileiro” é classificada como produto do encontro de 3 grandes grupos, com enorme diversidade interna entre si: Povos autóctones, nativos: Povos indígenas • Povos transplantados: Voluntariamente – europeus e asiáticos Involuntariamente – africanos escravizados No período da invasão do continente americano, haviam cerca de mil povos diferentes no território atualmente chamado de Brasil. Atualmente, são cerca de 220 povos. No mundo contemporâneo, acervo linguístico total soma quase 6.000 línguas, o que ilustra a riqueza linguística que este território apresentava há 500 anos, e como permanece significativo mesmo considerando a grande predação física e cultural dos habitantes nativos americanos. Atualmente são faladas cerca de 180 línguas nativas no Brasil, por mais de 220 povos indígenas diferentes. Calcula-se que antes da invasão européia, haviam cerca da 1.000 línguas diferentes neste território. Estas 180 línguas pertencem à troncos lingüísticos distintos entre si, havendo 4 deles que concentram a maioria destas línguas. São eles: Tupi Jê Arawak Karib As etnias transplantadas, os diferentes povos europeus e asiáticos têm a seguinte matriz linguística: Os povos transplantados involuntariamente, os povos escravizados, trazidos da África, também tinham distintas etnias e línguas. As principais eram as tradições culturais dos bantos e sudaneses (nagô ou iorubá, por exemplo). Esta diversidade cultural que compõe a sociedade brasileira é o exemplo do que chamamos diversidade cultural. E dela partimos para refletir os aspectos políticos que se desdobraram desta observações ocidentais que originaram as teorias estudadas neste bloco. Obrigada pela atenção! Contato para dúvidas e orientações: [email protected]