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produtividade
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Instituto Fractal
DCI Online
BC se preocupa com alta de salários acima de
12/09/2014
http://www.dci.com.br/economia/bc-se-preocupa-com-alta-de-salarios-acima-deprodutividade-id414997.html
12/09/2014 - 00h00 | Atualizado em 12/09/2014 - 11h34
BC se preocupa com alta de salários acima de produtividade
De acordo com ata do Copom, inflação deve começar a convergir para a meta de 4,5%
em 2016
Paula Salati
SÃO PAULO - Apesar de não ser uma novidade, especialistas apontam que alguns dos
pontos relevantes da última ata do Comitê de Política de Monetária (Copom) são a
baixa ociosidade do mercado de trabalho e a alta dos salários acima da produtividade
da economia.
Na ata publicada ontem, o Comitê afirma que, apesar dos reajustes salariais não terem
sido tão significativos neste ano como em anos anteriores, e de suas variações estarem
mais próximas do nível de produtividade, a dinâmica salarial ainda tem gerado
pressões inflacionárias de custos. "Isso ocorre porque quando o mercado de trabalho
ainda está aquecido os trabalhadores têm mais possibilidade de conseguiram aumento
acima da inflação, o que gera uma demanda maior que a oferta", diz o professor de
economia da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), Orlando Assunção
Fernandes.
Para o diretor da Fundação Instituto de Administração (FIA), Celso Grisi, o BC está
mandando o recado de que a crescimento baseado no consumo é uma política que já
se esgotou e de que não é mais possível elevar renda ou salário "de uma maneira tão
agressiva" como foi feito nos últimos anos.
O economista-chefe da agência de classificação de risco Austin Ratings, Alex Agostini,
diz que, com esse comunicado da ata, o BC quer dizer que um cenário de forte
desaceleração no mercado de trabalho, principalmente em serviços e comércio,
ajudaria a inflação a diminuir. "No entanto, o Banco Central não provocaria isso agora
por meio de um aumento nos juros, por exemplo", diz Agostini, se referindo ao
período eleitoral.
Manutenção
Para Fernandes, uma das novidades da última ata do Copom é o tom mais claro do BC
com relação à manutenção da taxa de juros básica da economia (Selic) em 11%, neste
ano.
Nas atas anteriores, a autoridade monetária afirmava que manteria os juros "naquele
momento". "Essa taxa vai se manter por um tempo mais longo, mudando as
expectativas do mercado com relação às taxas de juros futuro, do Tesouro Direto, etc.
Essas já começaram a reduzir", afirma o professor da ESPM.
Além disso, Fernandes afirma que a nova ata já sinaliza que, por conta de uma
desaceleração da demanda, não há mais necessidade de elevar juros.
Para Grisi, os juros se mantêm até o final do ano. Contudo, em 2015 será "inevitável"
uma elevação na taxa. "Dados os reajuste dos preços administrados e a falta de
disciplina fiscal, podemos começar a sugerir uma elevação de 12% a 12,5% nos juros",
diz Grisi. "Se entrar algum candidato de oposição à Dilma, esse aumento da taxa de
juros será mais forte", complementa.
Além disso, o diretor da FIA afirma que outro fator que irá interferir na trajetória da
Selic será a reação do mercado financeiro diante da alta dos juros norte-americano.
"Isso também é outro foco de pressão inflacionária, o que vai exigir uma taxa de juros
mais forte", diz ele. Grisi projeta que o patamar do dólar deve chegar a R$ 2,40 ainda
neste ano.
Na avaliação do economista da Austin Rating, as últimas atas do Copom têm sido mais
curtas do que os documentos anteriores. "O que é ruim, dada a complexidade da
economia brasileiras", diz ele.
Sinuca de bico
Para Agostini, a ata reflete que o BC está em uma "sinuca de bico". "Pois, ele não pode
reduzir a taxa de juros, pois a inflação está alta. E nem elevá-la, pois a atividade
econômica está muito alta", diz ele.
Em sua avaliação, por conta da correção dos preços administrados e da ainda
"resistente inflação", no primeiro semestre do próximo ano, o BC pode vir a realizar
uma alta dos juros.
Na ata publicada ontem, o Copom reduziu sua projeção de inflação para esse ano, mas
não informou quanto. No último Relatório Trimestral de Inflação (RTI), a projeção feita
foi de 6,4%. Para 2015, as projeções se mantiveram estáveis, acima da meta.
O Banco Central, no entanto, espera convergência da inflação para a sua meta em
4,5%, nos trimestres iniciais de 2016.
Meta
Para Grisi, o Copom é sincero ao admitir que a inflação só deve começar a caminhar
para perto de sua meta nessa data. E que se tentasse levar o índice de preços para
4,5% já no ano que vem, os custos sociais seriam elevados.
De acordo com ata do Copom, o Banco Central projeta variação de 6% para o conjunto
dos preços administrados por contrato e monitorados pelo governo, em 2015, mesmo
valor considerado na reunião do Comitê de julho.
Para 2016, a expectativa é de 4,9%, ante 4,8% considerados na reunião do Comitê.
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