CENÁRIO É BOM, MAS HÁ RISCOS DE INFLAÇÃO NO MÉDIO
PRAZO
Desde o final de dezembro o governo vem atuando sobre o mercado de
câmbio por considerar que a cotação do dólar pode acarretar aumento da inflação.
No primeiro mês do ano, o fluxo cambial foi negativo em US$ 2,4 bilhões
resultantes de importações maiores do que as exportações. Isso foi consequência
de forte queda da taxa média de câmbio. Devemos ver o impacto desse movimento
nos indicadores de preço de janeiro.
No front externo, houve crescimento das indústrias chinesa e europeia,
embora nesta última os indicadores ainda não apresentarem ritmo de expansão
sustentável. Também houve aumento no número de pedidos à indústria na
Alemanha. O que dificulta a recuperação na Zona do Euro é o alto índice de
desemprego e o nível de endividamento dos países, em particular a Grécia e a
Espanha. É possível que isso cause algum abalo aos mercados acionários em breve,
provocando correções nos preços dos ativos.
Apesar de algumas notícias do exterior, o cenário macroeconômico de curto
e médio prazo é relativamente bom para o Brasil, que possui mercado consumidor
robusto e favorecido pelas baixas taxas de desemprego. Além disso, como forma de
combater a inflação, o governo está lançando mão de políticas cambiais e de
medidas de desoneração da cesta básica (os alimentos foram os grandes
responsáveis pelo aumento dos índices de preço nos últimos cinco anos). Por outro
lado, é preciso haver maior investimento não apenas em setores estratégicos, pois
o modelo de crescimento baseado no consumo tem prazo de validade.
Já no mercado financeiro, com a manutenção da taxa Selic em 7,25% ao
ano, os juros futuros passaram a oscilar mais próximos da meta, embora algumas
vezes a tenham superado. Esses pequenos movimentos de alta indicam que os
agentes esperam juros maiores no futuro para combater a inflação provocada pela
demanda. Isso também sugere que aplicações em bolsa deverão ser feitas com
precisão cirúrgica. De modo geral, é mais interessante deixar isso a cargo de
profissionais do ramo. Tanto é que os FIDC’s ficaram em segundo lugar no volume
de emissões e captações do mercado.
* Por Gilmar Faustino
Análise Setorial da SRM
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cenário é bom, mas há riscos de inflação no médio prazo