Teoria e Análise das Organizações
Prof. Dr. Onofre R. de Miranda
Setembro, 2014
OBJETIVOS
OBJETIVO GERAL:
Ressaltar a organização enquanto objeto de estudo científico;
OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
o Comparar as concepções de organização de diferentes
teóricos;
o Apresentar as perspectivas do estudo das organizações na
área de Estudos Organizacionais (Racional, Sistêmica);
o Apresentar abordagens organizacionais a partir de
metáforas;
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ORGANIZAÇÕES
“Falar de organizações coloca-nos em contato com um
fenômeno com o qual convivemos no cotidiano e ao longo de
toda a vida” (BASTOS, et al., 2004:63)
“O principal motivo para a
existência das organizações é
o fato de que certos objetivos
só podem ser alcançados por
meio da ação coordenada de
grupo de pessoas”
(MAXIMIANO, 2012:94)
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ORGANIZAÇÕES
A importância das organizações, na forma como as nossas
sociedades funcionam, que as tornam um objeto de estudo
que desperta intenso interesse por parte da ciência e dos
próprios gestores ou responsáveis pela sua existência e
funcionamento.
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ORGANIZAÇÕES
Duas perspectivas para as organizações enquanto objeto:
SENSO
COMUM
CIENTÍFICO
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ORGANIZAÇÃO COMO OBJETO DE ESTUDO
CIENTÍFICO
Ao tomar organizações como
objeto de estudo científico,
observa-se na literatura um
campo de estudos fragmentado
e disperso, a exemplo da área
de Estudos Organizacionais.
Não há consenso o que define
organização.
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ESTUDOS ORGANIZACIONAIS (ENANPAD, 2012)
TEMAS
01 Abordagem Institucional nos Estudos Organizacionais
02 Conhecimento, Aprendizagem e Inovação
03 Trabalho, Organização, Estado e Sociedade
04 Comunicação, Processos Discursivos e Produção de Sentidos
05 Ontologia, Epistemologias, Teorias e Metodologias nos Estudos Organizacionais
06 Estudos Críticos e Práticas Transformadoras em Organizações
07 Gênero e Diversidade
08 Organizações Familiares
09 Indivíduos, Grupos e Comportamento em Organizações
10 História e Memória em Organizações
11 Redes e Relacionamentos Intra e Interorganizacionais
12 Simbolismos, Culturas e Identidades em Organizações
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ORGANIZAÇÕES (SENSO COMUM)
Dicionário Aurélio:
a. ato ou efeito de organizar(-se);
b. modo pelo qual o ser vivo é
organizado; conformação,
estrutura;
c. modo pelo qual se organiza um
sistema;
d. associação ou instituição com
objetivos definidos;
e. organismo (por exemplo, a
Unesco);
f. designação de certos organismos
(por exemplo, a Organização das
Nações Unidas);
g. planejamento, preparo (por
exemplo, organização de uma
festa).
ORGANIZAÇÕES (SENSO COMUM)
Bastos (2000) diferencia o termo na dimensão verbal, que
reporta-se, sempre, a ações e na dimensão substantiva,
cuja definição envolve seus usos, tanto ações como seus
resultados ou produtos.
Enquanto significado associado ao termo ato ou efeito de
organizar. O termo organização é utilizado por Bastos et al.
(2004) tanto para designar as ações de construir algo como
para descrever as características ou qualidades desse algo
construído.
ORGANIZAÇÕES (OBJETO CIENTÍFICO)
"Unidades
socialmente
(ETZIONI,1964/1989);
construídas
para
atingir
fins
específicos"
“As organizações são agregadores de seres humanos em mútua integração.
Representam na sociedade humana os maiores agregados
[...]. Contudo, a alta especificidade da estrutura e coordenação que se vê nas
organizações [...] destaca a organização como unidade sociológica comparável em
importância ao indivíduo biológico” (MARCH; SIMON, 1958/1981).
"As organizações sociais são flagrantemente sistemas abertos porque o input de
energia e a conversão do produto em novo input de
energia consiste em transações entre a organização e seu meio ambiente...”
(KATZ; KAHN, 1987)
“A organização é uma unidade social, coordenada conscientemente, composta de
uma ou mais pessoas e que funciona numa base relativamente continua para
atingir objetivos” (ROBBINS, 1996).
“As organizações são muitas coisas ao mesmo tempo.” (MORGAN, 1996)
ORGANIZAÇÕES (OBJETO CIENTÍFICO)
De todas as definições apresentadas na literatura, Bastos et al.
(2004) apontam que a ideia de um objetivo unificador é
bastante difundida, principalmente na concepção que advém
do senso comum.
Os autores apontam que não é algo simples definir claramente
o objetivo de determinada organização. Maxiamiano (1995),
por exemplo, ressalta que os objetivos podem ser de duas
finalidades: produtos e/ou serviços.
ORGANIZAÇÕES (OBJETO CIENTÍFICO)
Daft (2002) contrapõe
a visão de organização
como um sistema
fechado.
Este autor acrescenta à concepção de organização,
as dimensões:
- Coordenação de atividades estruturadas;
- Relação com o ambiente externo;
RESUMINDO...
ORGANIZAÇÕES (OBJETO CIENTÍFICO)
AUTORES
ÊNFASES
Etzione (1964/1989)
• Fins / Objetivos
March e Simon (1958/1981)
• Grupo social
Katz e Kahn (1966/1987)
• Sistema aberto
Daft (2002)
• Sistema aberto
Robbins (1996)
• Fins / Objetivos
Morgan (1996)
• Muitas coisas
Motta (2001)
• Processo de decisões racionais
PERSPECTIVA RACIONAL
A
perspectiva
racional
presume
que
os
objetivos
organizacionais constituem dados para os quais os olhares de
todos os membros da organização se dirigem com vistas a
identificar a melhor forma de alcançá-los.
Ações e conflitos
internos para identificação e avaliação de
alternavas fazem em função dos objetivos (MOTTA, 2001).
ORGANIZAÇÃO COMO UM SISTEMA
•Contrapõe à visão de sistema
fechado;
• Representa um significativo
avanço na construção das teorias
organizacionais;
• Além da importância para a
história, é amplamente aceita e
difundida;
METÁFORAS ORGANIZACIONAIS
Dada a diversidade de
definições com que as
organizações são definidas e
estudadas, Morgan (1996)
utiliza a noção de metáfora para
organizar a multiplicidade de
olhares que caracteriza esse
campo de estudo.
METÁFORA
“Uma metáfora significa transferência
de uma palavra para um âmbito
semântico que não é o do objeto que
ele designa, e que se fundamenta em
uma relação de semelhança
subentendida entre o sentido próprio e
o sentido figurado"
(MORGAN, 1996, p. 16)
METÁFORAS ORGANIZACIONAIS (MORGAN, 1996)
METÁFORA
ORGANIZAÇÃO
MÁQUINA
• Indivíduos como máquina com comportamento
previsível
ORGANISMO
• Sistema vivo – adaptação ao ambiente externo
CÉREBRO
• Sistemas de informações
CULTURA
• Modo de pensar, sentir e agir; - significados
comuns
SISTEMA POLÍTICO
• Interesses, conflitos e poder
PRISÃO PSÍQUICA
• Mundos sociais limitadores e constrangedores
FLUXO E
TRANSFORMAÇÃO
• Característica permanente: mudança
INSTRUMENTO DE
DOMINAÇÃO
• Dominação de alguns grupos;
ENTENDIMENTOS SOBRE AS ORGANIZAÇÕES
Analisando a multiplicidade de respostas e tentativas
divergentes de conceituar "organização", Mardsen e
Townley (2001) encontram duas grandes abordagens a
partir das perspectivas sobre ciência e produção de
conhecimento:
CIÊNCIA NORMAL
e
CIÊNCIA CONTRANORMAL.
ORGANIZAÇÃO (CIÊNCIA NORMAL)
• As organizações são como entes empíricos, tangíveis, concretos, que podem com
base em métodos e técnicas quantitativas, ser medidos / observados;
• Leis gerais são deduzidas a partir dos métodos e técnicas estatísticas;
TRÊS CARACTERÍSTICAS:
(a) As organizações são coletividades orientadas de forma racional e coordenada
para o alcance de objetivos específicos, com critérios precisos para seleção de
alternativas de ação;
(b) Possuem estrutura formal que compõem rotinas, regras explícitas e
hierarquicamente distribuídas;
(c) São permeáveis a influências do meio ambiente;
ORGANIZAÇÃO (CIÊNCIA NORMAL)
A organização é como uma entidade possuidora de uma experiência própria
independente das pessoas e das suas atividades; A organização se comporta ,
interage com outras organizações, se adapta aos ambientes e é capaz de aprender
entre outras disposições; pode ser burocrática, moderna, dinâmica ou competitiva
Hall (1984, citado por BASTOS et al., 2004)
- O comportamento das pessoas se deve a fatores organizacionais, revelando o
poder que as organizações tem de moldar as ações individuais;
- As organizações agem, têm políticas, fazem declarações;
- Ao ingressar em uma organização, os indivíduos já encontram uma estrutura social,
um sistema de normas, valores e expectativas que continuam com a sua saída;
ORGANIZAÇÃO (CIÊNCIA CONTRANORMAL)
 Reconhece-se que, nas organizações, coexiste uma pluralidade de metas
concorrentes de diversos grupos, por vezes rivais, em contraposição à
visão
 de metas organizacionais mais unitárias da ciência “normal”'.
 Há uma mudança de foco da teoria – a teoria concentra-se no que as
pessoas, efetivamente, fazem.
 Os objetivos, a missão, a hierarquia, as descrições de cargos e os
procedimentos deixam de ser percebidos como elementos
 concretos, tomando-se artefatos simbólicos, os quais são projetados sobre
uma base de conhecimentos, que refletem, por sua vez, o modo como os
indivíduos percebem e interpretam a realidade organizacional
RESUMINDO
ENTIDADE
ORGANIZAÇÃO
• Ha uma estrutura social prévia ao
ingresso da pessoa (normas,
valores e expectativas);
• Organizações tem o poder de
moldar o comportamento ou ações
•
•
•
•
individuais;
Subsistem no tempo,
independentes das pessoas;
As organizações agem, tem
políticas, fazem declarações;
As organizações aprendem e
possuem culturas;
As organizações se relacionam com
outras organizações e com seu
ambiente.
PROCESSO
INDIVÍDUO
• As organizações são fluídas e
resultam de processos de interação
social;
• Indivíduos são os únicos agentes
causais. Deles dependem os
fenômenos organizacionais;
• Indivíduos com poder definem
características mais permanentes
das organizações: sua estrutura,
normas, rotinas;
• Indivíduos com poder exercem
influencia ao modelar decisões
estratégicas.
• Ações ditas organizacionais podem
ser ações individuais.
(MARDSEN; TOWNLEY, 2001)
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08,09,14 Estudo das Organizações