VIII Congresso da Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar AO - 91 FATORES PSICOSSOCIAIS PREDITIVOS DE GRAVIDEZ EM MULHERES SUBMETIDAS À REPRODUÇÃO ASSISTIDA Ana Paula Casagrande Silva, Andréa Cristina Toledo Borsari, Juliana Caseiro, Rui Alberto Ferriani e Ricardo Gorayeb Ribeirão Preto, Ambulatório de Esterilidade do HCFMRP-USP A falta de espontaneidade na vida sexual, a sensação de perda de controle sobre a própria vida e a pressão social para ter filhos são algumas questões que podem impactar a vida de mulheres inférteis, comprometendo sua auto-estima e sua idéia de feminilidade. Autores apontam que a infertilidade pode desencadear ansiedade, medo, tristeza, frustração e raiva, originando sentimentos de desvalia e sintomas de estresse importantes. Além disso, o estresse sentido inicialmente pelas pacientes em processo de fertilização assistida foi relacionado aos resultados de cada etapa do procedimento, inclusive as taxas de gravidez, indicando que quanto mais alto o estresse, piores os resultados do procedimento. O objetivo deste estudo foi descrever características sociodemográficas, clínicas e psicossociais das pacientes de um Ambulatório de Esterilidade de um hospital universitário público que foram submetidas à técnica de Injeção Intracitoplasmática de Espermatozóides (ICSI), bem como correlacionar tais características aos níveis de estresse dessas pacientes e resultados da ICSI. Participaram da pesquisa 65 pacientes, que responderam a uma entrevista semi-estruturada, ao Inventário Beck de Depressão (BDI), ao Inventário Beck de Ansiedade (BAI) e ao Inventário de Problemas de Fertilidade (IPF). A idade média das mulheres foi de 34,15 anos, 43,08% tinham Ensino Superior Completo, 84,62% não tinham filhos e a média da renda per capita foi de 1.332,26 reais. Em relação às características clínicas, 67,69% estavam tentando engravidar há mais de quatro anos e 52,31% já tinham tentativas anteriores de ICSI. Foram observados três fatores femininos de infertilidade com maior freqüência: 33,85% ovulatório, 32,31% tubário e 30,77% endometriose. Além disso, as pacientes apresentaram sintomas mínimos de depressão e ansiedade (95,38% e 78,46%, respectivamente). Entretanto, apresentaram elevados níveis de estresse no IPF: Dificuldade nos Relacionamentos Sociais (49,23% moderadamente alta a muito alta), Aceitação de uma vida sem filhos (47,69% baixa à média), Dificuldade Relacionamento Conjugal e Sexual (100% muito alta) e Necessidade de Maternidade (63,08% moderadamente alta a muito alta). As análises estatísticas mostraram que as pacientes com baixa à média Aceitação de uma vida sem filhos tem maior probabilidade de engravidar (p = 0,052). Ademais, pacientes com Aceitação de uma vida sem filhos moderadamente alta a muito alta tem maior probabilidade de ter realizado ICSI anteriormente (p = 0,036) e de já ter filhos (p = 0,056). As demais variáveis relacionadas não apresentaram diferenças estatísticas significantes. Os resultados deste estudo demonstram que o estresse gerado pela infertilidade e pelo procedimento de ICSI, tem um impacto negativo principalmente sobre o relacionamento sexual e conjugal corroborando com outros estudos. Embora a ICSI represente uma chance para a gravidez, também pode acentuar a frustração das pacientes, uma vez que não oferece garantia de sucesso do resultado. Discutem-se as limitações do estudo e a necessidade de investigações orientadas para aprofundar a identificação dos fatores psicossociais que potencializam ou dificultam as taxas de gravidez na ICSI. Palavras-Chave: Infertilidade; Psicologia Hospitalar; Reprodução Assistida. E-mail de contato: [email protected] 77