HISTÓRIA URBANA POSSIBILIDADES E LIMITAÇÕES Prof. Rangel EXISTE UMA CULTURA URBANA? GEORG SIMMEL, “Metrópole e vida mental”, 1950. existe um tipo de vida tipicamente urbano em termos psicológicos CIDADE Fragmentação de papéis sociais limitação dos compromissos individuais formação de uma economia de mercado e grandes org. burocráticas EXCESSO DE ESTIMULAÇÃO PSÍQUICA DESORGANIZAÇÃO DA PERSONALIDADE LOUIS WIRTH : “Urbano como estilo de vida”, 1964 URBANO COMO FORMA ECOLÓGICA PARTICULAR, pretendia ultrapassar os critérios geográficos (Le Febvre) econômicos (Max Weber – “Conceitos e categorias de cidades” e Karl Marx “A ideologia alemã”) CARACTERÍSTICAS ESSENCIAS DA CIDADE: Quanto maior a cidade maior é A diferenciação social, o afrouxamento dos elos comunitários, a competição social, o controle formal das pessoas e as distorções da personalidade: anonimato, superficialidade, falta de participação, pouca afetividade. Quanto mais densa uma cidade... Quanto mais diversificados forem os grupos sociais... Maior a diferenciação interna, os contatos sociais mais superficiais, secularização da sociedade, coabitação sem real possibilidade de expansão individual causa o comportamento violento urbano. Fluidez no sistema de classes, taxa elevada de mobilidade social, predomínio da associação sobre a comunidade, diversificação econômica de mercado, maior divisão e especialização do trabalho, movimentos políticos de massa. ROBERT REDFIELD: “A sociedade folk”, 1954. Vida rural Tradicional, dimensão restrita, isolada analfabeta, homogênea, forte solidariedade social, condutas fortemente ditadas por uma cultura tradicional, não há legislação nem hábito de experimentação, o grupo familiar é a unidade de ação, o sagrado domina o secular. A economia é de status. Vida urbana Moderna, de grande dimensão, interligada com outras comunidades, heterogênea, fraca solidariedade social, condutas orientadas por normas formais, forte agitação intelectual e experimentação técnica, vida social fragmentada em muitos grupos sociais, o secular domina o sagrado e a economia é de mercado. CRÍTICAS AO MODELO CULTURAL URBANO DA ESCOLA DE CHICAGO OSCAR LEWIS: “Uma crítica à concepção rural-urbana de mudança social”, 1953. R. DEWEY. “O continuun ruralurbano: verdadeiro mas de pouca importância”. Na verdade, a comunidade folk estava dilacerada por conflitos e contradições. Portanto não era homogênea e harmônica como pensava Robert Redfield. Existem diferenças entre mundo rural e urbano, mas não são a causa de estilos de vida. Essas diferenças são consequências de alterações macro, de ordem econômica, social e cultural que afetam tanto a cidade como o campo. S. GREER, “A cidade emergente”, 1962 e J. DHOOGE “Tendências atuais em sociologia urbana”, 1961. Assinalam a importância das novas formas de solidariedade social nas sociedades modernas, mostrando os preconceitos românticos da escola de Chicago, que só entendiam a sociedade dentro do relacionamento comunitário. O D. DUNCAN e J. REISS, “características sociais das comunidades rurais e urbanas”, 1956. Não há relação entre o tamanho da população e as formas sociais que caracterizariam o meio urbano: renda, classe social, escolaridade, mobilidade, idade, tamanho da família, população ativa, filiação etc. Existem cidades préindustriais que apresentam características semelhantes às modernas cidades industriais. O POTENCIAL REVOLUCIONÁRIO DO MEIO URBANO H. LEFEBVRE “O direito à cidade” (1968); “Do rural ao urbano” (1970); “A revolução urbana” (1970). A humanidade passou por três fases FASE AGRÁRIA FASE INDUSTRIAL Cidade política Cidade mercantil Cidade tipicamente urbana (pós-industrial) FASE URBANA A CIDADE É APENAS A EXPRESSÃO MATERIAL DE UMA FORMA DE VIDA REVOLUCIONÁRIA QUE É A VIDA URBANA AGRICULTURA subordinada A INDÚSTRIA A INDÚSTRIA subordinada AO URBANO REVOLUÇÃO URBANA : conjunto das transformações que atravessa a sociedade contemporânea, que passa do período voltado para as questões do crescimento e da industrialização, para o período onde predomina os problemas da urbanização. O COTIDIANO Motor da revolução urbana O URBANO Terreno para o surgimento do novo homem: o homem urbano capaz de transformar a sociedade sob outros preceitos que não o do capitalismo industrial. NOVA ERA DA HUMANIDADE Libertação de todas as restrições e imperativos das fases anteriores A revolução urbana só não acontece quando as pessoas são reprimidas. Daí a razão de Lefebvre defender o direito à cidade, como um direito às possibilidades de transformação do meio urbano. CRÍTICA AO MODELO DE LEFEBVRE Abandona o modelo de classes sociais e o enfoque de luta de classes. Como a classe operária teve seu peso político esvaziado, pouco pode afetar o processo de urbanização A cidade como a projeção da sociedade sobre o espaço, subordina completamente as condições materiais às relações sociais. O COTIDIANO não apenas altera a sociedade, mas as estruturas sociais alteram o cotidiano. Confunde o lugar (a cidade) com novas formas de relacionamento social (vida urbana). A CULTURA URBANA COMO MITO MANUEL CASTELLS, “A questão urbana” 1975. Para esse autor não existe uma CULTURA URBANA ESPECÍFICA, mas idéias (ideologias) que são construídas sobre o que é o ambiente urbano. A questão urbana tem de ser vista como mais uma problemática relacionada com a INDUSTRIALIZAÇÃO CAPITALISTA, em sua fase competitiva. A ideologia mais freqüentemente associada à questão urbana é a da modernidade (progresso tecnológico contínuo) Imaginar que a evolução da sociedade passa obrigatoriamente pelos problemas urbanos, esvazia a discussão das relações de dominação e exploração que ocorrem no interior das cidades. QUAL A RELAÇÃO ENTRE QUADRO ECOLÓGICO URBANO SISTEMA CULTURAL Possibilidades: Análise dos comportamentos de vizinhança Atividades de vizinhança: visitas, aconselhamento, empréstimos, etc. relações de vizinhança: obrigações recíprocas, laços familiares, participação em associações, etc. Análise de uma unidade ecológica particular Estudo de um bairro, unidade de vizinhança, ou grupo social delimitado no meio urbano. ESTUDO DE UNIDADES URBANAS ESPECÍFICAS PARADIGMAS SUGERIDOS PARA A DELIMITAÇÃO DAS UNIDADES URBANAS Oposição entre o comportamento local e o comportamento cosmopolita Oposição entre um comportamento moderno e um comportamento tradicional voltado para o lar e a família Oposição entre um comportamento típico da classe média e do proletariado Oposição entre um estilo comportamental suburbano e outro central O comportamento como difusão das características das estruturas envolventes. Delimitada por meio da divisão social do trabalho (população homogênea, sistemas de valores específicos e relações simbólicas internas. Correlação entre moradia e o sistema maior: a cidade Estudo das migrações internas de grupos sociais na cidade Sempre problemática e empiricamente difícil de comprovar... O bairro existe? Enfoque dinâmico: enfatizar mais as formas de habitar do que o habitat. Estudo de mobilizações sociais localizadas no interior da unidade urbana O enfoque nas organizações e instituições fragmentadas segundo o ambiente urbano Estabelecimento de vínculos e filiações às categorias étnicas, religiosas ou econômicas com práticas sociais concentradas na unidade urbana estudada. Enfoque nas proximidades e afastamentos, quando na constituição de grupos específicos (famílias, sindicatos, associações, etc) As formas espaciais podem alterar ou influenciar certos tipos de comportamento social, mas não devem ser tomadas como eixo de análise, e sim como ponto de partida para a compreensão do meio urbano como PRODUTO SOCIAL.