Epidemiologia Estuda a ocorrência e distribuição de doenças e eventos relacionados à saúde em populações bem como os fatores determinantes. Epidemiologia O conhecimento epidemiológico se faz através de comparações Epidemiologia Tipos básicos de medidas de freqüência de doença na população: •Morbidade •Mortalidade Medidas/indicadores devem: - referir-se às populações expostas; - indicar a localização espacial a que se referem; - indicar o intervalo de tempo a que se referem. Abrangência: geral e específica. Mortalidade Conjunto dos indivíduos que morreram em um intervalo de tempo. Medidas de Mortalidade: •Coeficientes (ou taxas) de mortalidade •Índices – Mortalidade Proporcional Mortalidade Conceitos básicos para expressar freqüência de mortes na população: •Taxa ou “Força da mortalidade” •Risco ou probabilidade de morte a Mortalidade Taxa de mortalidade (Densidade de mortalidade) DM= O / Pt Pt= t (para populações não estáveis) Pt= N.t (para populações estáveis) Coeficientes São medidas de probabilidade. Medem o risco de adoecer e morrer. RISCO - probabilidade de ocorrência de um resultado desfavorável, de um dano ou de um fenômeno indesejado. FATOR DE RISCO – característica ou circunstância que acompanha um aumento da probabilidade de ocorrência de um resultado desfavorável, de um dano ou de um fenômeno indesejado, sem que tal fator tenha que intervir em sua causalidade. Coeficientes (ouTaxas) Relação entre o número de eventos reais e os que poderiam ocorrer. Numerador - nº que realmente ocorreu (observados) Denominador - nº total que poderia ocorrer São medidas de probabilidade; medem risco de adoecer e morrer. Indicadores de mortalidade Coeficiente de mortalidade = Número de óbitos População exposta ao risco de morrer x 10n 10n = 10, 100, 1000, 10.000, 100.000 , etc. Fator de multiplicação para dispor de um número inteiro Coeficiente Geral de Mortalidade Expressa o RISCO de cada indivíduo de uma população morrer em um determinado período. Indica o estado sanitário de áreas determinadas comparações temporais e espaciais; A comparação entre CGM só deve ser feita quando as populações de referência apresentam estrutura etária semelhante ou os coeficientes são padronizados. n Número de óbitos x 10 Coeficiente geral de mortalidade = População Coeficiente de Mortalidade Geral em alguns estados brasileiros, 2000 ____________________________ Estados CMG/1000 Amazonas Rondônia Maranhão Piauí Pernambuco Sergipe Bahia Minas Gerais São Paulo Paraná Santa Catarina Rio Grande do Sul 3,7 4,1 2,8 4,1 7,3 5,3 4,6 5,4 6,5 5,9 5,3 6,7 Principais indicadores específicos de mortalidade • Mortalidade por causas – Por grupos de causas – Por causas específicas (causas evitáveis) – Mortalidade materna • Esperança de vida Principais indicadores específicos de mortalidade • Mortalidade por idade (faixa etária) – Coeficiente de mortalidade infantil Coeficiente de mortalidade neonatal Coeficiente de mortalidade pós-neonatal – Coeficiente de natimortalidade – Coeficiente de mortalidade perinatal – Mortalidade proporcional de menores de 1ano – Mortalidade proporcional de 50 anos ou mais – Curva de mortalidade proporcional Coeficiente de Mortalidade (/100.000 hab.) para algumas causas selecionadas. Brasil, 1996 – 2002 Causa do Óbito 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 Aids 9,4 7,6 6,7 6,4 6,3 6,4 6,3 Neoplasia maligna da mama (/100.000 mulheres) 8,9 9,5 9,8 9,8 9,7 10,0 10,2 Neoplasia maligna do colo do útero (/100.000 mulheres) 4,1 4,3 4,4 4,7 4,6 4,8 4,6 Infarto agudo do miocardio 35,0 35,3 35,8 35,3 34,9 34,9 35,2 Doenças cerebrovasculares 50,8 51,4 51,6 50,9 49,9 50,2 50,0 Diabetes mellitus 16,5 17,2 17,5 19,3 20,8 20,3 21,0 Acidentes de transporte 22,3 22,4 19,2 18,4 17,5 18,0 19,1 Agressões 24,4 25,4 25,9 26,2 26,7 27,8 28,5 Coeficiente de Mortalidade Infantil Mede o risco de uma criança nascida viva morrer no seu primeiro ano de vida. “Indicador mais empregado para medir o nível de saúde e o desenvolvimento social de uma região” Coeficiente de Mortalidade Infantil óbitos de < 1 ano em local X e ano Y = ------------------------------- x 1000 nascidos vivos do local X no ano Y CMI óbitos < 28 dias em local X e ano Y Neonatal= ------------------------------ x 1000 nascidos vivos do local X no ano Y Causas de mais difícil controle - qualidade dos serviços, tecnologia. CMI Pós-neonatal óbitos entre 28 dias e < 1 ano em local X e ano Y = -----------------------------------------------------------nascidos vivos do local X no ano Y x 1000 Causas ligadas ao ambiente social - infecções e problemas nutricionais, assistência médica, etc. Predomínio nas áreas de alta mortalidade infantil; Mais fáceis de serem reduzidas (com ações simples de prevenção) . Coeficiente de Mortalidade Infantil*. Brasil e Salvador, 1996 – 2003 Ano Brasil Salvador 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 25,5 23,6 22,8 21,3 21,3 19,9 19,3 ... 19,2 19,5 22,6 27,5 21,0 19,4 18,7 16,0 Fonte:SIM/SINASC/SESAB/DICS *por 1000 nascidos vivos . Coeficiente de Mortalidade Materna Altas taxas de MM refletem o baixo nível das condições de saúde da mulher e deficiência na atenção à saúde. EUA no início do século XX – 1 óbito para 100 NV anos 90 – 1 óbito para 20.000 NV São Paulo em 1990 – 5 óbitos por 10.000 NV Causas diretas: Hipertensão, hemorragia, infecção e aborto. Causas indiretas: Cardiopatias, principalmente valvulares, etc. Nº óbitos por causas ligadas a gestação, parto e puerpério em local X e ano Y CMM = ----------------------------------------------------------------------------------------------- x 1000 Nascidos vivos do local X no ano Y Indicadores de mortalidade Mortalidade Proporcional = Número de óbitos especificados (por causa, idade,etc) Número total de óbitos (ou também especificados) x 100 Mortalidade Proporcional de Menores de 1 ano Tem a vantagem da simplicidade (não precisa população) Apresenta alta correlação com as condições sociais É um bom indicador das condições sanitárias Nº óbitos de crianças menores de 1 ano em local X e ano Y MIP = ------------------------------------------------------------------------x 1000 Óbitos totais do local X no ano Y Mortalidade Proporcional de 50 anos ou mais. (Indicador de Swaroop-Uemura). Níveis: 1º (RMP>75 %) – áreas onde 75 % ou mais da população morrem com 50 ou mais anos de idade (Suécia, Cuba, EUA, Japão). 2º (RMP entre 50 e 74 %) – países que atingiram desenvolvimento econômico, mas não resolveram questões importantes da ` saúde (Brasil, Tailândia, Costa Rica). 3º (RMP entre 25 e 49 %) – países que estavam no 4º nível recentemente (El Salvador, Guatemala) 4º (RMP < 25 %) – regiões com alto grau de subdesenvolvimento, onde a maioria das pessoas morre jovem. RMP = Nº óbitos de 50 anos ou mais em local X e ano Y ------------------------------------------------------------------------- x 100 Total de óbitos do local X no ano Y Mortalidade Proporcional (%) por faixa etária e regiões do Brasil, 2000. Regiões Faixa Etária (em anos) N. Ne. Se. 5,0 CO. 7,9 Brasil < 1 15,2 10,8 1 – 4 3,2 1,8 0,8 0,9 1,5 1,2 5 – 14 2,5 1,6 0,9 1,0 1,6 1,2 15 – 49 26,1 22,0 24,1 19,7 28,0 23,2 50 e + 53,0 63,9 68,8 73,3 60,9 67,1 Fonte. SIM/Datasus 5,3 S. 7,2 Curva de Mortalidade Proporcional (Curvas de Nelson de Moraes) Grupo populacional Infantil Pré-escolares Escolares e adolescentes Adultos jovens Adultos de meia idade e idosos faixa etária < 1 ano 1 a 4 5 a 19 20 a 49 50 ou mais Curvas de Mortalidade Proporcional Esperança de Vida Número médio de anos que um indivíduo, de determinada idade, tem probabilidade de viver, supondo que os coeficientes de mortalidade permaneçam os mesmos. Indicador de síntese. Combina a mortalidade, nas diversas idades em um único valor. Não sofre influências da estrutura etária populacional. Quanto maior a esperança de vida, melhor a situação de saúde. Principais usos dos indicadores de mortalidade • Descrição da situação de saúde da população – Identificar grupos mais atingidos por certos agravos – Definir problemas prioritários – Orientar a alocação de recursos – Acompanhar a evolução do nível de saúde • Pesquisa epidemiológica – Pesquisa etiológica • Avaliação das intervenções de saúde – Eficácia de medicamentos – Distribuição de alimentos – Programa de Controle de doenças (Ex: Controle de câncer cervical; Incentivo à hidratação oral, etc.) Diagnóstico da situação de saúde Identificação de problemas que afetam a grupos de população selecionados: - enumeração de fatos considerados relevantes para a descrição dos problemas selecionados; - e sua explicação, ou seja, identificação do complexo de relações entre os múltiplos processos, em diferentes planos e espaços, que produzem os problemas. Cuidados na interpretação de diferenças entre dados de mortalidade Problemas na identificação e e mudanças na classificação de agravos Diferenças na qualidade da informação Local de ocorrência x local de residência Comparabilidade (padronização) Efeito de coorte Flutuação de taxas Distorções que podem ocorrer com os indicadores de mortalidade • Importação de óbitos – Inclusão de óbitos de pessoas não residentes na localidade • Exportação de óbitos – Exclusão de óbitos de indivíduos que falecem fora do seu local de residência Tendências ou diferenças “Artificiais” na mortalidade: • Numerador Erros: no diagnóstico no preenchimento das informações sobre o falecido na codificação Mudanças na classificação (Revisão decenal da CID) • Denominador Erros: na contagem populacional de classificação segundo características demográficas ATENÇÃO! Diferenças na qualidade da informação Tendências ou diferenças “Reais” na mortalidade • Mudanças na sobrevivência sem mudanças na incidência •Mudanças na incidência •Mudanças na composição etária da população •Combinação desses fatores Análise da tendência da freqüência de doença ou morte na população através do tempo • Finalidade: -gerar ou testar hipótese etiológica - avaliar efeito de intervenções na população - predizer necessidade de saúde Esta análise oferece três efeitos relacionados ao TEMPO que podem ser possíveis explicações para a tendência observada. Vantagens e Limites das medidas de mortalidade Facilidades operacionais: Morte: evento único e instantâneo de registro sistemático e obrigatório (DO),com fonte unificada e oficial (SIM/Datasus) Bom indicador da incidência de agravos muito letais e de curta duração (Ex: raiva humana) Permite o estudo de Causa básica x causas múltiplas (Ex: diabetes) Problemas Subregistro e subnotificação Indicadores refletem agravos de maior gravidade e não permitem dimensionar aqueles não letais ou de baixa letalidade. Principais fontes de dados de mortalidade • Anuários, relatórios e outras publicações: – Internacionais: ONU, OMS, OPS, Unicef, Banco Mundial – Nacionais (Brasil): Anuários do MS e IBGE – Estaduais: Anuários Estaduais • Atestados de óbitos: nas Secretarias Estaduais de Saúde, Planejamento e Cartórios de Registro Civil • Registros e livros de autópsias: hospitais e IML • Prontuários e estatísticas hospitalares • Registros especiais de doenças (tuberculose, câncer) • Inquéritos • Recenseamentos demográficos • Registros diversos: Deptos de Polícia e de trânsito, etc. Declaração de óbitos Campo “causa da morte” O campo 38 da D.O., “Causa da Morte” , Parte I contém 4 linhas: a, b, c, d. A causa básica deve ser declarada na última linha da Parte I, precedida das conseqüências e complicações. Causa básica: doença ou lesão que iniciou a cadeia de acontecimentos patológicos que conduziram, diretamente, à morte; ou as circunstâncias do acidente ou violência que produziram a lesão fatal.