1 AULA II – CONCEITO/MEDIDA EM SAÚDE COLETIVA EPIDEMIOLOGIA E SAÚDE AMBIENTAL 2 A Medida em Saúde Coletiva A Epidemiologia contribuindo para a análise da situação das populações, através do auxilio de outras disciplinas afins. Com quais objetivos? 1.A definição de Políticas Públicas; 2.Na avaliação do impacto das intervenções; 3.Segundo a OPAS (1998), os indicadores básicos de desenvolvimento humano, são fundamentais para toda a análise da situação de saúde. 3 A Medida em Saúde Coletiva Por que? Documentam as condições de vida da população e dimensionam o espaço social em que ocorrem as mudanças no estado de saúde. Torna-se necessário a busca de indicadores para mensurar o estado de saúde e bem estar de uma determinada população. 4 A Medida em Saúde Coletiva Quais os objetivos? • Para que sejam feitos diagnósticos (situacionais) e realizadas intervenções, assim como avaliado o impacto produzido nesta população. • Devido à dificuldade de medir “saúde” de uma população, utilizando dados de “não saúde”, ou seja dados de morbimortalidade. • Inquéritos de Mortalidades são geralmente parciais em função da subnotificação e do alto custo, sendo assim, utilizamos dados de mortalidade. 5 A Medida em Saúde Coletiva Valores Absolutos / Valores Relativos Valores absolutos: São dados coletados diretamente de fontes de informação ou gerados através de observações controladas; são dados não trabalhados. Ex: 300 casos de dengue 6 A Medida em Saúde Coletiva Valores relativos: São numeradores com denominadores fidedignos, utilizados para comparar às freqüências de morbidade; é necessário transformarmos os valores absolutos em valores relativos. Fornecem a idéia de risco. São informações. Ex: casos da doença: 300 Ano: 2003 população exposta: 300.000 Município: São José do Alto 300 (VA) X 1000 = 1/1000 300.000 7 A Medida em Saúde Coletiva Coeficientes e Indices Coeficiente: É a relação entre o número de eventos reais e os que poderiam acontecer. Mede o risco. São medidas de probabilidade. Ex: casos de doença: 5000 População exposta: 500.000 Ano: 2004 5000 X 1.000 = 10/1.000 500.000 Obs: No cálculo dos coeficientes devemos ter o cuidado de excluir, no denominador, as pessoas não expostas ao risco, como exemplo, excluir mulheres do denominador na determinação do coeficiente de câncer de próstata. 8 A Medida em Saúde Coletiva Coeficientes e índices mais utilizados: Coeficiente de Mortalidade São definidos como quocientes (divisão) entre as freqüências absolutas de óbitos e o número dos expostos ao risco de morrer. Estes podem ser categorizados segundo sexo, idade ou estado civil. Os óbitos ocorridos podem ser classificados segundo causa ou lugar. A qualificação dos coeficientes de mortalidade será feita da categorização estabelecida para os expostos ao risco ou para os que sofreram o evento. 9 A Medida em Saúde Coletiva Coeficiente de Mortalidade Geral • Calcula-se o coeficiente de mortalidade geral dividindo-se o número de óbitos por todas as causas, em determinado ano, pela população no ano e área e multiplicando-se por 1.000. • Em Saúde Pública, o coeficiente de mortalidade geral é utilizado para avaliação do estado sanitário de determinadas áreas (análise situacional). 10 A Medida em Saúde Coletiva Coeficiente de Mortalidade Geral Problemas na sua utilização: Má qualidade: dos serviços de óbitos e dados vitais: prejudica na prática dos coeficientes de mortalidade geral. Subnotificação de óbitos: em 1994, no Brasil, foram registrados apenas 80% (oitenta por cento) dos óbitos ocorridos. Invasão de óbitos: É quando o óbito é registrado pelo local de ocorrência e não pelo local de residência. 11 A Medida em Saúde Coletiva Coeficiente de Mortalidade Geral CMG = Total de óbitos registrados na área e período X 1.000 População total na área e período 12 A Medida em Saúde Coletiva Coeficiente de mortalidade infantil Mede o risco de morte de crianças menores de 01 ano, na área e período. Sofrem distorções determinadas pela qualidade dos registros, tanto de nascidos vivos, quanto de óbitos de menos de 01 ano. CMI = Nº de óbitos de menos de 01 ano na área e período X 1.000 Total de nascidos vivos, na área e período. 13 A Medida em Saúde Coletiva Coeficiente de mortalidade por causas: • 1976: O Ministério da Saúde, implantou a declaração de óbito padronizada para o Brasil. • Erro no preenchimento da causa básica do óbito ocorrido na declaração de óbito é ocorrência freqüente. • Causa básica, segundo o manual para o preenchimento da declaração de óbito, é a “Doença ou Lesão que iniciou uma sucessão de eventos que levaram a morte; ou no caso de acidentes ou violências, as circunstâncias dos mesmos”. • Erro no preenchimento da Declaração de Óbito (DO), fazem com que as estatísticas de mortalidade, segundo causa básica ou primária, sejam falhas, afetando a comparabilidade e resultando um quadro epidemiológico falso. 14 A Medida em Saúde Coletiva • Óbitos ocorridos sem assistência médica é evento não raro em algumas regiões do Brasil. => Nestes casos, 02 testemunhas atestam o óbito como “morte natural” e a causa é dada como desconhecida. • Óbitos ocorridos em localidades que dispõe de médico, mas tendo ocorrido sem assistência médica, este profissional é chamado e atesta o óbito como: “Sem assistência médica”, e de causa mal definida, se a necropsia não for conclusiva • Existindo acompanhamento médico na fase final da doença, os motivos mais comuns para erro no preenchimento são: erro no diagnóstico, desconhecimento quanto ao modo de preenchimento da Declaração de Óbito, atenção dada ao preconceito familiar em relação a doenças estigmatizadas (ex: sífilis, aids, etc), divergência em relação à classificação internacional de doenças e causas de morte (CID). 15 A Medida em Saúde Coletiva CMC = nº de óbitos por determinada doença em determinada população, na área e período X 1000 População total (exposta), na área e período OBS: Devemos excluir no denominador pessoas não expostas ao risco. 16 A Medida em Saúde Coletiva Coeficiente de letalidade Entende-se por letalidade o maior ou menor poder que tem uma doença em provocar a morte das pessoas que adoecem pela doença. CL = nº de óbitos por determinada doença em determinada área e período nº de casos desta doença nesta área e período de tempo X 100 17 A Medida em Saúde Coletiva Morbidade • As estatísticas de morbidade tem como característica fundamental o fato de serem utilizadas, preferencialmente, para a avaliação do nível de saúde e o aconselhamento de medidas de caráter abrangente (saneamento básico, por exemplo). • Servem para garantir a correção de decisões (avaliação da eficácia de vacinas). • Sob o ponto de vista geral, denota-se morbidade a análise do comportamento das doenças e dos agravos à saúde em uma população exposta, em uma área e período de tempo. 18 A Medida em Saúde Coletiva Morbidade CM = nº de casos de uma doença, na área e período X 1.000 população exposta na área e período OBS: Devemos excluir no denominador pessoas não expostas ao risco. 19 A Medida em Saúde Coletiva • Índice significa a relação entre freqüências atribuídas determinado evento, citadas na mesma unidade, sendo que no numerador é registrada a freqüência absoluta do evento que constitui o subconjunto daquela que é registrada no denomina, de caráter mais abrangente. O índice é geralmente apresentado sob forma percentual • Índice de mortalidade de Swaroop e Uemura É um excelente indicador do nível de vida do qual a saúde faz parte. 20 A Medida em Saúde Coletiva Índice de mortalidade de Swaroop e Uemura Este índice significa a percentagem de pessoas que morreram com 50 anos ou mais em relação ao total de óbitos ocorridos em uma determinada população, área e mais em relação ao total de óbitos ocorridos em uma determinada população, área e período. 21 A Medida em Saúde Coletiva Quanto mais elevado o índice de Swaroop e Uemura, tanto melhores serão as condições de saúde e outras condições sociais econômicas da região em estudo. ISU = nº de óbitos de pessoas de 50 anos e mais, na área e período X 100 Total de óbitos, na área e período Vantagens deste índice: • Simplicidade de cálculo; • Dispensa dados de população; • Disponibilidade de dados, na maioria dos países; • Possibilidade de comparação nacional e internacional; 22 A Medida em Saúde Coletiva O índice de Mortalidade Infantil Proporcional indica a proporção de óbitos de crianças menores de 01 ano, na área e período. IMIP = Total de óbitos de crianças< 01, na área e período X 100 Total de óbitos, na área e período Vantagens na utilização deste índice: • Implantação de políticas; • Implantação e controle de quadro epidemiológico de determinada área; • Avaliação e controle de determinadas doenças. 23 A Medida em Saúde Coletiva Inquéritos • Inquérito epidemiológico: É o estudo das condições de mortalidade por causas específicas, revela a magnitude que assume uma doença em uma população definida no tempo e no espaço. • Inquérito por entrevista: é baseado em uma amostra de população não institucional, isto é, nos dados coletados diretamente do informante, representando a família. • Inquérito por registro: a massa de informações sistemáticas de casos de doenças ou agravos que chega aos serviços de epidemiologia através da vigilância epidemiológica, do registro de atendimento a doentes e dos registros policiais, entre outros. 24 A Medida em Saúde Coletiva Incidência É o número de casos novos de uma determinada doença ocorridos em uma particular população, em determinada área e durante um período específico de tempo. Prevalência É a soma do número de casos novos e antigos de uma determinada doença, em uma determinada população inserida em determinada área e período de tempo. 25 A Medida em Saúde Coletiva Coeficiente de ataque O termo coeficiente de ataque é utilizado para denominar o evento que, investigado, está circunscrito a uma área geográfica restrita e a uma pequena população, como em um restaurante, churrasco, almoço, festa, etc., onde se supõe a existência de uma fonte comum de infecção. As características comuns a dois ou mais casos podem estar relacionadas ao momento do início dos sintomas, ao local onde ocorreram ou a outras características das pessoas doentes, como por exemplo, a idade, a ocupação, etc.. 26 A Medida em Saúde Coletiva Caso Índice Em uma visão simplista, considera-se em Epidemiologia, caso índice, como sendo o primeiro caso de uma doença transmissível importante, que caso medidas adequadas não sejam tomadas pode transformar-se em uma Epidemia. Ex: Meningite Meningocócica. Contato íntimo Em Epidemiologia considera-se contato íntimo todas as pessoas que tiveram um contato prolongado, não necessariamente sexual, com um caso índice. Caso secundário É quando um ou mais contatos íntimos transformara´-se em casos de determinada doença (caso índice) em função de exposição prolongada onde não existiu uma ação preventiva, ou esta foi inadequada. 27 A Medida em Saúde Coletiva Indicadores de Saúde 1952 = a Organização das Nações Unidas (ONU), convocou um grupo de trabalho para estudar métodos para definir e avaliar o nível de vida das populações. • Nível de Vida refere-se a condições atuais de vida e Padrão de Vida ... Refere-se a aspirações futuras. • Alguns componentes para avaliar o nível de vida: saúde, alimentos e nutrição, educação e cultura, condições e mercado de trabalho, transporte, habitação, segurança social, etc... • Outros indicadores de saúde comumente utilizados no Brasil: 28 A Medida em Saúde Coletiva Razão de mortalidade proporcional A partir do índice de Swaroop e Uemura, estes autores em 1957, propuseram a divisão dos paises em 04 níveis: 1º Nível (RPM maior de 75): Países onde 75% ou mais da população morrem com 50 ou mais anos de idade. EX: Japão, Cuba, Estados Unidos. 2º Nível (RPM situada entre 50 e 74%): Países que ainda não atingiram nível de saúde tão elevado quanto o grupo anterior. Neste nível, de 50 a 74% da população morrem com 50 anos ou mais anos. EX: Brasil, Costa Rica. 3º Nível (RPM entre 25 e 49%). Neste nível, de 25 a 49% da população morrem com 50 ou mais anos. EX: Salvador, Guatemala. 4º Nível (RPM abaixo de 25%): Nesta categoria estão incluídas regiões com alto grau de subdesenvolvimento, a maioria das pessoas morrem muito jovem. 29 A Medida em Saúde Coletiva Curvas de Mortalidade Proporcional Moraes (1959), conforme recomendações da OMS (19 57) e partindo da idéia básica de Swaroop e Uemura, elaborou as curvas de mortalidade proporcional, as quais constituem uma representação gráfica dos vários índices de mortalidade proporcional (MP). CÁLCULO: óbitos < 1 ano X 100 MP (<1 ano) = óbitos totais 30 A Medida em Saúde Coletiva Curvas de Mortalidade Proporcional MP (1 a 4 anos) = óbitos de 1 a 4 anos X 100 óbitos totais MP (5 a 19 anos) = óbitos de 5 a 19 anos X 100 óbitos totais MP (20 a 49 anos) = óbitos de 20 a 49 anos X 100 óbitos totais MP (50 e mais anos) = óbitos de 50 e mais anos X 100 óbitos totais 31 A Medida em Saúde Coletiva Esperança de Vida Vida média ou esperança de vida designa “o número médio de anos que ainda resta para ser vivido pelos indivíduos que sobrevivem até a idade considerada, pressupondo-se que as probabilidade de morte que serviram para o cálculo continuem as mesmas (Moraes, 1954)”. OBS: A esperança de vida não deve ser confundida com a duração máxima da vida, que constitui um limite biológico inerente à espécie. 32 A Medida em Saúde Coletiva • Coeficiente de mortalidade por doenças transmissíveis este coeficiente é elaborado a partir do número de óbitos por doenças transmissíveis (infecciosas e parasitárias) no numerador pelo número de habitantes no denominador. Ex: 100 óbitos de esquistossomose 100 = 10 População de 1000 habitantes 1000 33