De acordo com esse autor, as características de cada sujeito são dadas a partir das interações desse indivíduo com o meio, o que inclui as dimensões interpessoal e cultural. Nessa teoria,
a linguagem recebe sua devida importância. Ela sobressai como signo mediador, por carregar
em si os conceitos elaborados pela cultura humana, o que possibilita a comunicação entre os indivíduos, etc.
Vygotsky chama a atenção para o papel mediador que exercem, também, as pessoas nos
processos de formação dos conhecimentos, habilidades de raciocínio e procedimentos comportamentais de cada sujeito. Para ele, o desenvolvimento individual é sempre mediado pelo outro
(pessoas do grupo social), que vai indicando e atribuindo significados à realidade. Nessa perspectiva, segundo AQUINO (1996, p. 95), “ a educação ( recebida na família, na escola, e na sociedade
de um modo geral) cumpre um papel primordial na constituição dos sujeitos.”
Segundo Vygotsky (1984 e 1987), quando esses processos de mediação são internalizados,
eles passam a ocorrer sem a intermediação de outras pessoas. Desse modo, a atividade que antes
era mediada, passa a constituir-se um processo independente.
O autor denomina a capacidade de realização de tarefas de forma independente como nível
de desenvolvimento real. Para ele, isso refere-se a etapas já alcançadas pelo sujeito.
Seus estudos enfatizam que para compreender-se adequadamente o desenvolvimento,
deve-se considerar não apenas o nível de desenvolvimento real do sujeito, mas também o nível
de desenvolvimento potencial. É a partir desse segundo nível que se torna possível programar um
ensino adequado, capaz de levar o aluno, com a participação do outro, a resolver o problema solicitado em determinada tarefa.
Essa possibilidade de transformação ou alteração no desenvolvimento de uma pessoa, através da ajuda de outra é um aspecto fundamental na teoria de Vygotsky. Mas, não é qualquer
indivíduo que, a partir da ajuda de outro, pode realizar qualquer tarefa.
É a partir da postulação da existência dos níveis de desenvolvimento, o real e o potencial,
que Vygotsky define a zona de desenvolvimento proximal da seguinte forma:
É a distância entre o nível de desenvolvimento real, que se costuma determinar através da
solução independente de problemas, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado através
da solução de problemas sob a orientação de um adulto ou em colaboração com companheiros
mais capazes.
(...) A zona de desenvolvimento proximal define aquelas funções que ainda não amadureceram, mas que estão em processo de maturação, funções que amadurecerão, mas que estão presentemente em estado embrionário. Essas funções poderiam ser chamadas de “brotos” ou “flores”
do desenvolvimento, ao invés de frutos do desenvolvimento (OLIVEIRA, 1995, p. 60).
Os conceitos, acima, são de extrema importância para um ensino afetivo, pois é partindo da
consciência daquilo que os alunos são capazes de realizar com ou sem ajuda que se torna possível planejar as situações de ensino, além de permitir avaliar os progressos individuais.
No interior da sala de aula, então, o professor deverá interferir na zona de desenvolvimento
potencial dos alunos, provocando os avanços que eles não conseguiriam desenvolver sozinhos. O
professor estará contribuindo para o desenvolvimento do aluno à medida que lhe oferece assistência, lhe fornece pistas, abre caminhos a serem percorridos para alcançar determinados objetivos.
Dessa forma, o aluno, num futuro próximo, terá condições de percorrer sozinho o caminho do
aprendizado.
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