Teoria do
Conhecimento:
Investigando o Saber
Filosofia
Prof. Cristiano de
Oliveira
O que sou eu?
Uma substância que pensa.
O que é uma substância que
pensa? É uma coisa que
duvida, que concebe, que
afirma, que nega, que quer,
que não quer, que imagina e
que sente.
(Descartes)

Conhecimento: um tema para
muitas discussões

A teoria do conhecimento pode ser
definida como a investigação acerca das
condições do acontecimento verdadeiro.
Neste sentido podemos dizer que existem
tantas teorias quantos foram os filósofos
que se preocuparam com o problema, pois
é impossível constatar uma coincidência
total de concepções mesmo entre filósofos
que habitualmente são classificados dentro
de uma mesma escola ou corrente.
Dentre as principais questões
tematizadas na teoria do
conhecimento podemos citar:




Fontes primeiras de todo o
conhecimento ou o ponto de partida;
Processo que faz com que os dados
se transformem em juízos ou
afirmações acerca de algo;
Maneira como é considerada a
atividade do sujeito frente ao objeto
a der conhecido;
Âmbito do que pode ser conhecido
segundo as regras da verdade, etc.
Diferentes reflexões
filosóficas:

as origens;

as possibilidades;

os fundamentos;

a extensão;

e o valor do conhecimento.
Idade Moderna:


A partir desse período é que a
Teoria do Conhecimento passou
a ser tratada como uma das
disciplinas centrais da Filosofia.
Importantes colaborações dos
pensadores e suas obras na
valorização da Teoria do
Conhecimento;

Renê Descartes, filósofo francês
(1596-1650);

John Locke, filósofo inglês
(1632-1704);

Immanuel Kant, (1724-1804).
Sujeito e objeto: elementos do
processo de conhecer

O que é afinal conhecer?
Conforme analisa o filósofo
norte-americano
contemporâneo, Richard Rorty,
na concepção de grande parte
dos filósofos, “conhecer é
representar cuidadosamente o
que é exterior à mente”, isto é,
uma “imagem” ou “ reprodução
mental da coisa conhecida.
Exemplo: pássaro

Quando conhecemos,
formamos uma representação,
uma “imagem adequada” desse
pássaro em nossa mente.

No processo de conhecimento
sempre existiria a relação entre
dois elementos básicos:

um sujeito conhecedor (nossa
consciência, nossa mente) e

um objeto conhecido ( a
realidade, o mundo, os
inúmeros fenômenos).
Assim...

Só haveria conhecimento se o
sujeito conseguisse apreender o
objeto, isto é, conseguisse
representá-lo mentalmente.

Dependendo da corrente
filosófica, será dada, no
processo de conhecimento,
maior importância ao sujeito (é
o caso do idealismo) ou ao
objeto (é o caso do realismo ou
materialismo)
Realismo

De acordo com as teoria realistas do
conhecimento, as percepções que
temos dos objetos são reais, ou
seja, correspondem de fato ás
características presentes nesses
objetos, na realidade. Por exemplo:
as formas e cores que o sujeito
percebe no pássaro são cores e
formas que o pássaro realmente
tem em si.
No realismo “mais” ingênuo...

Isto é, menos crítico, o
conhecimento ocorre por uma
apreensão imediata das
características dos objetos, isto
é, os objetos mostram como
realmente são ao sujeito que o
percebe, determinando o
conhecimento que então se
estabelece.

Há no entanto, outras formas
mais críticas de realismo, que
problematizam a relação sujeitoobjeto, mas que mantêm a ideia
básica de que o objeto é
determinante no processo de
conhecimento.
Idealismo

Segundo as teorias idealistas do
conhecimento, o sujeito é que
predomina em relação ao
objeto, isto é, a percepção da
realidade é construída pelas
nossas ideias, pela nossa
consciência. Assim, os objetos
seriam “construídos” de acordo
com a capacidade de percepção
do sujeito.
Por exemplo:

As formas e cores que o sujeito
percebe no pássaro são apenas
ideias ou representações
desses atributos; não entra em
questão se elas realmente estão
no pássaro.

Também no Idealismo, há
posições mais ou menos
radicais em relação à afirmação
do sujeito como elemento
determinante na relação de
conhecimento.
Possibilidades do conhecimento:
a capacidade de conhecer a
verdade
 Somos capazes de conhecer a
verdade? É possível ao sujeito
apreender o objeto? Afinal,
quais são as possibilidades do
conhecimento humano?

As respostas dadas a essas
questões levaram ao
surgimento de duas correntes
básicas e antagônicas na
história da filosofia:

1ª Ceticismo: que diagnostica a
impossibilidade de
conhecermos a verdade.

2ª Dogmatismo: que defende a
possibilidade de conhecermos a
verdade.
Mas o que queremos dizer por
verdade?


Se eu digo “o pássaro é azul” e o pássaro
é realmente azul, então isso é uma
verdade, um conhecimento verdadeiro.
No entanto, quando os diversos filósofos
que tratam da temática do conhecimento
falam em “conhecer a verdade” estão se
referindo não só a esse sentido básico,
mas também, e principalmente, a ideia de
conhecer como objeto é na sua essência,
ou seja, a realidade mesma, intrínseca,
daquilo que se quer conhecer.


Nesse sentido, eles também usam a
expressão o ser das coisas, ou seja,
sua realidade essencial.
O que se discute aqui é que, por
exemplo: o pássaro pode parecer
azul a muitas pessoas, mas ser de
um verde-azulado para outras,
talvez ter outra cor totalmente
diferente ou mesmo não ter cor
nenhuma. Qual será a cor
verdadeira desse pássaro? Será
possível conhecer a verdade?
Principais correntes do Ceticismo,
do Dogmatismo e Criticismo:

Objetivo: fornecer “respostas”
as indagações e ainda, no
criticismo a tentativa de superar
o impasse criado pelas
concepções antagônicas:
ceticismo e dogmatismo.
Ceticismo absoluto: tudo é
ilusório...


Consiste em negar de forma total
nossa possibilidade de conhecer a
verdade. Assim, para o ceticismo
absoluto, o homem nada pode
afirmar, pois nada pode conhecer
com total certeza.
Exemplo: Górgias, filósofo grego (
485-380 a. C.), o pai do ceticismo
absoluto. Segundo ele: “o ser não
existe; se existisse não poderíamos
conhecê-lo; e se pudéssemos
conhecê-lo, não poderíamos
comunicá-lo aos outros”.
Ceticismo relativo: o domínio
do provável

O ceticismo relativo, como o
próprio nome diz, consiste em
negar apenas parcialmente
nossa capacidade de conhecer
a verdade, ou seja, apresenta
uma posição moderada em
relação às possibilidades de
conhecimento, comparada ao
ceticismo absoluto.
Algumas doutrinas do
ceticismo relativo:

Subjetivismo – considera o
conhecimento uma relação
puramente subjetiva e pessoal
entre o sujeito e a realidade
percebida. O conhecimento
limita-se às ideias e
representações elaboradas pelo
sujeito pensante,sendo
impossível alcançar a
objetividade.
Subjetivismo:

Nasce com o o pensamento do
grego Protágoras, sofista do
século V a. C., que dizia que “o
homem é a medida de todas
as coisas”, ou seja, a verdade
é uma construção humana, ela
não está nas coisas.
Relativismo:

Entende que não existem
verdades absolutas, mas
apenas verdades relativas,
que têm uma validade limitada a
um certo, a um determinado
espaço social, enfim,a um
contexto histórico etc.
Probalismo:

Propõe que nosso
conhecimento é incapaz de
atingir a certeza plena. O que
podemos alcançar é uma
verdade provável. Essa
probabilidade pode ser digna de
maior ou menor credibilidade,
mas nunca chegará ao nível da
certeza completa, da verdade
absoluta.
Pragmatismo:

Propõe uma concepção dos
homens como seres práticos,
ativos, e não apenas como
seres pensantes. Por isso,
abandonam a pretensão de
alcançar a verdade, entendida
como a correspondência entre o
pensamento e a realidade.


Para o pragmatismo, o conceito de
verdade deve ser outro: verdadeiro á
aquilo que é útil, que dá certo, que
serve aos interesses das pessoas
na sua vida prática.
Nesse sentido, a verdade não seria
correspondência do pensamento
com o objetivo a ser atingido.

Dogmatismo:
a certeza da
verdade

Uma doutrina é
dogmática quando
defende, de forma
categórica, a
possibilidade de
atingirmos a
verdade. Dentro
do dogmatismo,
podemos distinguir
duas variantes
básicas:


Dogmatismo
ingênuo:
Predominante no
senso comum,
confia plenamente
nas possibilidades
do nosso
conhecimento.


Dogmatismo
crítico:
Defende nossa
capacidade de
conhecer a
verdade mediante
um esforço
conjugado de
nossos sentidos e
nossa inteligência
( trabalho
metódico, racional
e científico).
Criticismo: busca de superação
do impasse ( ceticismo e dogmatismo)


Desenvolvido pela filosofia de
Immanuel Kant no século XVIII,
representa uma tentativa de
superação do impasse criado pelo
ceticismo e o dogmatismo.
Tal como o dogmatismo, acredita na
possibilidade do conhecimento, mas
se pergunta pelas reais condições
nas quais seria possível esse
conhecimento. Trata-se de uma
posição crítica diante da
possibilidade de conhecer.
Resultado da análise de Kant:


Distinção entre o que nosso
entendimento pode conhecer e o
que não pode.
Assim o criticismo admite a
possibilidade de conhecer, mas esse
conhecimento é limitado e ocorre
sob condições específicas,
apresentadas na por Kant na obra
Crítica da razão pura.
Origens do conhecimento (as
fontes do saber)

De onde se originam os
conhecimentos?

De onde se originam as ideias,
os conceitos as
representações?
Este é outro problema central
da teoria do conhecimento



De acordo com a resposta dada a
esse problema, destacam-se
basicamente duas correntes
filosóficas:
1ª. Empirismo: “experiência
sensorial”- defende que todas as
nossa ideias são provenientes de
nossas percepções sensoriais
(visão, audição, tato, paladar, olfato).
“Nada vem à mente sem ter passado
pelos sentidos” (John Locke)
Lock afirmava também:

“Nossa mente é como um papel
em branco, desprovido de
ideias” = nossas ideias são
provenientes de nossas
percepções sensoriais, ou seja,
sem a experiência de uma
coisa não há ideia dessa coisa.
Racionalismo: a confiança na
razão (do latim: ratio = razão)


Designa a doutrina que atribui
exclusiva confiança na razão
humana como instrumento
capaz de conhecer a verdade.
Segundo Descartes “Nunca nos
devemos deixar persuadir
senão pela razão”
Negação dos racionalistas a
experiência sensorial:


Fonte permanente de erros e
confusões sobre a complexa
realidade do mundo;
Somente a razão humana
trabalhando com os princípios
lógicos, pode atingir o
conhecimento verdadeiro ,
capaz de ser universalmente
aceito.
Conclusão:

Para o racionalismo, os
princípios lógicos fundamentais
seriam inatos, isto é, eles já
estão na mente do homem
desde o seu nascimento. Daí
por que a razão deve ser
considerada como a fonte
básica do conhecimento.
Apriorismo Kantiano: entre a
experiência e a razão

Posição filosófica que busca um
meio termo para as distintas
visões filosóficas: empirismo
(considera a experiência) e o
racionalismo ( afirma ser a
razão humana a verdadeira
fonte do conhecimento).
Kant afirma:

Todo conhecimento começa
com a experiência, mas que a
experiência sozinha não nos dá
o conhecimento.

É preciso um trabalho do sujeito
para organizar os dados da
experiência.
Como é o sujeito a priori

Kant buscou saber como é o sujeito
a priori, isto é, o sujeito antes de
qualquer experiência, e conclui que
existem no homem certas
faculdades ou estruturas (as quais
ele denomina formas da
sensibilidade e do entendimento)
que possibilitam a experiência
determinam o conhecimento.

Para Kant a experiência
forneceria a matéria do
conhecimento (os seres do
mundo), enquanto a razão
organizaria essa matéria de
acordo com suas formas
próprias, estruturas existentes a
priori no pensamento (daí o
nome apriorismo)
Após Kant...


Muitos pensadores continuaram se
debruçando sobre o problema do
conhecimento e chegando a
posições diversas do apriorismo de
Kantiano.
Como em tantos outros campos da
Filosofia, a questão do
conhecimento é assunto que escapa
a uma palavra final e definitiva
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