Aristóteles: a metafísica
 Desde o momento em que a razão se separou do
pensamento mítico, os filósofos gregos criaram
conceitos para instrumentalizá-la no esforço de
compreensão do real.
 Entre as diversas contribuições destaca-se a de
Aristóteles, pela elaboração dos princípios da
lógica e dos conceitos que explicassem o ser em
geral, área da filosofia que hoje reconhecemos
como metafísica.
 Filosofia primeira.
A teoria do conhecimento
 É exposta nas obras Metafísicas e Sobre a alma.
 Aristóteles define a alma como a forma, o ato, a
perfeição de um corpo.
 Os sentidos são a primeira fonte do conhecimento.
 Aristóteles critica a teoria da reminiscência
platônica.
 Indução/dedução para abstrair as ideias.
 Adequação do conceito à coisa real – chegará a
verdade.
 A filosofia primeira estuda o ser enquanto
ser.
 Trata-se da parte nuclear da filosofia.
 É a metafísica que fornece a todas as outras
ciências o fundamento comum, o objeto que
elas investigam e os princípios dos quais
dependem.
O conhecimento pelas causas
 Aristóteles define a ciência como conhecimento
verdadeiro, conhecimento pelas causas.
 Recusa a teoria das ideias de Platão e sua interpretação
radical sobre a oposição entre mundo sensível e
mundo inteligível.
 Existem três distinções fundamentais realizadas pelo
filósofo:
 Substância-essência-acidente;
 Ato-potência;
 Forma-matéria.
Servem para compreender a teoria das quatro causas.
Substância-essência e acidente
 Reuniu o mundo sensível e o inteligível no conceito de
substância.
 A substância é “aquilo que é em si mesmo”, o suporte
dos atributos.
 Esses atributos podem ser essenciais ou acidentais:
 A essência é o atributo que convém à substância de tal
modo que, se lhe faltasse, a substância não seria o que é.
 O acidente é o atributo que a substância pode ter ou
não, sem deixar de ser o que é.
 Aristóteles diria que a racionalidade é a essência do ser
humano, enquanto ser gordo, velho ou belo, seriam
acidentes.
Matéria e forma
 Todo ser é constituído de matéria e forma –
princípios indissociáveis.
 Matéria é o princípio indeterminado de que o
mundo físico é composto, é “aquilo de que é feito
algo”. Trata-se da matéria indeterminada.
Quando nos referimos à matéria concreta, tratase de matéria segunda.
 Forma é “aquilo que faz com que uma coisa seja
o que é”.
 A forma é o princípio inteligível enquanto a
matéria é pura passividade e contém a forma em
potência.
 Para Aristóteles, todo ser tende a tornar atual a
forma que tem em si como potência.
 Por exemplo: a semente quando enterrada, tende a
se desenvolver e se transformar no carvalho que é
em potência.
Potência e ato
 Explicam como dois seres diferentes podem entrar
em relação, atuando um sobre o outro.
 Potência é a capacidade de tornar-se alguma
coisa. Todo ser precisa sofrer a ação de outro já
em ato.
 Ato é a essência (a forma) da coisa tal como é
aqui e agora.
O feto se transforma em criança e, na sequência,
em adolescente, jovem, idoso e assim por diante.
Recapitulando conceitos
aristotélicos
 Todo ser é uma substância constituída de
matéria e forma; a matéria é potência, o que
tende a ser; a forma é o ato.
 O movimento é, portanto, a forma
atualizando a matéria, é a passagem da
potência ao ato, do possível ao real.
A teoria das quatro causas
 As considerações anteriores tornam mais claro o
princípio de causalidade de acordo com Aristóteles:
“tudo o que move é necessariamente movido por
outro”.
 O devir consiste na tendência que todo ser tem de
realizar a forma que lhe é própria.
 Há quatro sentidos para causa: material, formal,
eficiente e final.
Por exemplo numa estátua:
 A causa material é aquilo de que a coisa é feita (o
mármore);
 A causa eficiente é aquela que dá impulso ao
movimento (o escultor que a modela);
 A causa formal é aquilo que a coisa tende a ser (a forma
que a estátua adquire);
 A causa final é aquilo para o qual a coisa é feita (a
finalidade de fazer a estátua: a beleza, a glória, a
devoção religiosa etc.).
Deus: Primeiro Motor Imóvel
 A descrição das relações entre as coisas leva ao
reconhecimento da existência de um ser superior e
necessário, ou seja, Deus.
 Se as coisas são contingentes, todo ser contingente
foi produzido por outro ser, que também é
contingente, e assim por diante.
 Para não ir ao infinito na sequência de causas, é
preciso admitir uma primeira causa, por sua vez
incausada, um ser necessário (e não contingente).
 Esse Primeiro Motor Imóvel é também um ato
puro (sem nenhuma potência).
 Segundo Aristóteles, Deus é Ato Puro, Ser
Necessário, Causa Primeira de todo existente.
 Deus não é o primeiro motor como causa eficiente,
mas sim como causa final: Deus move por atração,
ele tudo atrai, como “perfeição” que é.
Crítica de Aristóteles aos
antecessores
 Com esses princípios lógicos e os conceitos
metafísicos, criticou os filósofos que o
antecederam, sobretudo Heráclito, Parmênides e
Platão.
 Contra Heráclito, demonstra que em toda
transformação há algo que muda e permanece.
 Critica Parmênides, por ter afirmado que o ser é
imóvel, reduzindo o movimento ao mundo
sensível.
 Igualmente, rejeitou a teoria das ideias de Platão.
A filosofia medieval: razão e fé
 A Idade Média compreende mil anos de história (do
séc. V ao XV).
 Após a queda do Império Romano, formaram-se os
novos reinos bárbaros.
 Lentamente foi introduzida a ordem feudal, de
natureza aristocrática, em cujo topo da pirâmide
encontravam-se os nobres e o clero.
 A Igreja Católica consolidou-se como força espiritual e
política.
 A Igreja representava um elemento
agregador.
 Do ponto de vista cultural, atuou de maneira
decisiva, pois a herança greco-latina foi
preservada nos mosteiros.
 A grande questão discutida pelos
intelectuais da Idade Média era a relação
entre razão e fé, entre filosofia e teologia.
Patrística
 A patrística é a filosofia dos chamados Padres da
Igreja, que teve início no período de decadência do
Império Romano, quando o cristianismo se
expandia a partir do século II.
 Durante toda a Idade Média, a aliança entre fé e
razão na verdade significava reconhecer a razão
como auxiliar da fé e, portanto, a ela subordinada.
 Agostinho sintetiza essa tendência com a
expressão “Creio para que possa entender”.
 Os Padres recorreram inicialmente à obra de Plotino
(204-270), um neoplatônico. Adaptando o pensamento
pagão, realizaram uma grande síntese com a doutrina
cristã.
 O principal nome da patrística foi Agostinho (354430), bispo de Hipona.
 Agostinho retomou a dicotomia platônica do “mundo
sensível e mundo das ideias”, mas substituiu este
último pelas ideias divinas.
 Segundo a teoria da iluminação, recebemos de
Deus o conhecimento das verdades eternas: tal
como o Sol, Deus ilumina a razão e torna possível o
pensar correto.
 Na primeira metade do período medieval,
conhecida como Alta Idade Média, foi enorme a
influência dos Padres da Igreja.
Escolástica
 No segundo período medieval, conhecido como Baixa
Idade Média, ocorreram mudanças fundamentais no
campo da cultura já a partir do século XI, sobretudo
em razão do renascimento urbano.
 Criação de inúmeras universidades por toda a Europa.
 Persistiu a aliança entre razão e fé, em que a razão
continua como “serva da teologia”.
 O principal representante da escolástica foi Tomás de
Aquino (1225-1274).
Tomás de Aquino: apogeu da
escolástica
 A partir do século XIII – no período do
apogeu da escolástica -, Tomás de Aquino,
monge dominicano, utilizou traduções de
Aristóteles feitas diretamente do grego.
 Sua obra principal, a Suma Teológica, é a
mais fecunda síntese da escolástica.
 Conhecida como filosofia aristotélic0tomista.
 Tomás de Aquino não desconsidera a importância do
“conhecimento natural”.
 Se a razão não pode conhecer, por exemplo, a essência
de Deus, pode, no entanto, demonstrar sua existência
ou a criação divina do mundo.
 Uma dessas provas é baseada na Metafísica de
Aristóteles, quando o movimento do mundo em última
instância é explicado por Deus, causa incausada.
 Tal como Aristóteles, Aquino reconhece a participação
dos sentidos e do intelecto.
 Daí em diante, a influência de Aristóteles
tornou-se bastante forte, sobretudo pela
ação dos padres dominicanos e, mais tarde,
dos jesuítas, que desde o Renascimento, e
por vários séculos, empenharam-se na
educação dos jovens.
 No Renascimento e na Idade Moderna a
escolástica tornou-se entrave para a ciência.
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Cap 13 - A BUSCA DA VERDADE (SEG PARTE