14/11/13
sindcop
"Desde que Michel Foucault afirmou que as prisões constituem um lugar inútil e cheio de inconvenientes, porém uma
detestável solução da qual ainda não podemos abrir mão, procura-se uma saída para o impasse. Como sucede em
outros problemas sem solução imediata, as alternativas têm convergido para a redução de danos. Por sua vez, a maior
parte dos danos advém da variável tamanho.
Quanto maior, maior a necessidade de formalizar o controle do ambiente com normas e regras, sempre para anular o
poder do recluso, que poderia se configurar em fugas e rebeliões. Ocorre que preso "disciplinado" ou anulado nada tem
a ver com cidadão preparado para vida em sociedade. Ao contrário, dependendo do que vivencia no cárcere, pode sair
ainda mais raivoso e embrutecido.
Os problemas se agravam quando o número de presos é elevado. Na tentativa de anular o poder dos internos, os
servidores veem-se obrigados a tratar o mais inexperiente dos presos como sujeito de elevada periculosidade. E cada
vez fica mais distante qualquer utopia de individualização da pena ou de promover educação do interno. Esse processo
de "coisificação" não atinge apenas o recluso. Os servidores, principalmente os de grandes prisões, rapidamente
assumem os papeis e a cultura que o novo ambiente lhe oferece. As relações entre presos e funcionários tornam-se
ainda mais tensas e belicosas, pois cada vez mais um vê ao outro como ameaça, seja real ou imaginada. Na dúvida,
trata como inimigo.
Como resultado desta guerra, maior embrutecimento e doenças psicossomáticas dos dois lados e um perdedor: a
sociedade. Já é tempo de pensarmos em penitenciárias regionalizadas e que não ultrapassem 200 internos. Quanto
menor a prisão, menos danos trará à segurança pública."
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"Desde que Michel Foucault afirmou que as prisões constituem um