Revista Interfaces: ensino,pesquisa e extensão
AVALIAÇÃO NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA: entre a teoria e a prática
Waldirene Gomes Silva
Raja Bou Assi Peric
Faculdade Unida de Suzano - UNISUZ
Resumo
A avaliação da aprendizagem escolar vem sendo objeto de constante pesquisa e estudo na área da Educação Física
Escolar, mesmo assim ainda percebemos muitas dúvidas a respeito deste tema, o que não deve ocorrer visto que é um
dos pilares do ensino-aprendizagem. Sendo assim, o objetivo desse estudo foi revisar a teoria publicada em literaturas
atuais e verificar os conceitos dos professores de Educação Física Escolar no que se refere a pratica da avaliação.
Introdução
A avaliação é parte integrante do processo ensino/aprendizagem e ganhou na atualidade espaço muito amplo nos
processos de ensino. Requer atualização dedicação e grande capacidade de observação dos profissionais envolvidos.
Segundo Perrenoud (1999), a avaliação da aprendizagem, no novo paradigma, é um processo mediador na construção
do currículo e se encontra intimamente relacionada à gestão da aprendizagem dos alunos. Na avaliação da aprendizagem, o professor não deve permitir que os resultados das provas periódicas, geralmente de caráter classificatório, sejam
supervalorizados em detrimento de suas observações diárias, de caráter diagnóstico. O professor, que trabalha numa
dinâmica interativa, tem noção, ao longo de todo o ano, da participação e produtividade de cada aluno. É preciso deixar
claro que a prova é somente uma formalidade do sistema escolar. Como, em geral, a avaliação formal é datada e obrigatória, devemos ter inúmeros cuidados em sua elaboração e aplicação.
A avaliação e seu significado
A recente a publicação dos PCN (Parâmetros Curriculares Nacionais - 1997) com a preocupação de nortear os professores no sentido de oportunizar a participação de todos, de debater temas de relevância para a educação. E a existência
da Lei 9.394/96, LDB (Lei de Diretrizes e Bases) em seu artigo 24, priorizando a educação em valores e a avaliação
contínua e cumulativa do desempenho do aluno, com prevalência dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos
resultados ao longo do período sobre os de eventuais provas finais (grifo meu).
Quando nos referimos à avaliação na maioria das vezes a resposta que ouvimos é: Este tema é muito complexo. Também temos observado que, na Educação Física, a avaliação por muitas vezes tem sido utilizada para avaliar a freqüência,
o uso do uniforme adequado ou a “veia” de campeão, a fim de que os alunos selecionados possam participar de jogos e
competições, utilizando um só padrão de avaliação para todos, sem ter a preocupação de acompanhar o desenvolvimento coletivo e a finalidade educativa. Nesse sentido sedimenta Luckesi (2000): “Mais importante do que ser uma oportunidade de aprendizagem significativa, a avaliação tem sido uma oportunidade de prova de resistência do aluno aos ataques do professor”.
Certamente precisamos buscar respostas para a real importância de se avaliar e de atingir os objetivos educacionais.
Nesse momento vamos definir o que entendemos pelo termo avaliação e seu significado na prática educativa.
Ainda para Luckesi (2000) “... a avaliação é o ato crítico que nos subsidia na verificação de como estamos construindo
o nosso projeto.”
È importante que o aluno faça parte deste projeto, que perceba sua importância para dar a colaboração necessária, e
para que isso ocorra o professor deve informá-lo, quais são os objetivos e onde pretende chegar e por fim analisar com os
alunos se o resultado foi ou não alcançado, através de uma avaliação cumulativa e continua como já citado anteriormente
pelo PCN.
Hoffman (2003) afirma que:
“Avaliação significa ação provocativa do professor, desafiando o educando a refletir sobre as situações vividas, a
formular e reformular hipóteses, encaminhando-se a um saber enriquecido.”
Quando a nota ou conceito são atribuídos aos alunos sem o seu devido significado, sem estar entrelaçado ao conteúdo vivido, impedem que o professor e aluno estabeleçam uma maior interação sobre a disciplina ensinada, restando ao
professor cumprir as exigências burocráticas e aos alunos sofrer o processo avaliativo, perdendo-se assim o significado
básico da avaliação.
Em relação às diferentes modalidades de avaliação destacam-se a avaliação diagnóstica, a avaliação formativa e a
avaliação somativa, todas essas modalidades podem vir a contribuir com diferentes tipos de decisões no processo de
avaliação, neste momento buscaremos refletir sobre as modalidades de avaliação a fim de tornar clara a função específica de cada uma delas.
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Para Bloom (citado por Sant’anna, 1995):“A avaliação diagnóstica visa determinar a presença ou a ausência de
conhecimentos e habilidades, inclusive buscando detectar pré-requisitos para novas experiências de aprendizagem. Permite averiguar as causas de repetidas dificuldades de aprendizagem”.
Logo, planejar sem o conhecimento prévio da realidade do aluno é planejar sobre o vazio. É necessário aqui se destacar que a avaliação diagnóstica não ocorre somente no início do ano letivo, mas deve ser aplicada a cada novo projeto,
avaliando as habilidades dos alunos referentes ao que pede o projeto a ser aplicado e se necessário, fazer as adequações pertinentes como metodologia e materiais necessários para o bom desenvolvimento do trabalho.
Temos ainda como instrumento mensurador a avaliação formativa, que no entendimento de Piletti (1999):
“... esse tipo de avaliação tem uma função controladora e como propósitos de informar o professor e o aluno sobre o
rendimento da aprendizagem e de localizar as deficiências na organização do ensino.
Dentro desta concepção pressupomos que a função formativa tem como finalidade permitir a compreensão da situação em que se encontra o educando, para que haja apoio, estabelecendo entre professor e aluno uma relação de confiança e diálogo, envolvendo cada um deles em sua própria avaliação, fazendo-os refletir sobre suas ações, construindo
cidadãos críticos. Quando nos referimos à avaliação final, ou seja, avaliação somativa como próprio nome diz é efetuada
no final do processo de ensino aprendizagem e tem a função classificatória, isto é, classifica os alunos no final de um
período letivo, segundo níveis de aproveitamento apresentados.
Na construção e uma avaliação coerente Sant’Ana (1995) esclarece:
“... é que não apenas os objetivos individuais devam servir de base, mas também o rendimento apresentado pelo
grupo (...) a classificação deve se processar conforme parâmetros individuais e grupais...”
A partir deste ponto nos ateremos a uma reflexão sobre as teorias e práticas da avaliação na educação física escolar,
que como já foi dito anteriormente é a nossa palavra chave.
A função da avaliação na educação física escolar
A avaliação quantitativa é aquela feita com base em informações numéricas obtidas através de provas e testes. Parece ser mais objetiva que a avaliação qualitativa, toda via apresenta apenas uma visão artificial da realidade. Por isso
deve ser complementada pela avaliação qualitativa, ou seja, aquela que obtém informações com base em observações,
documentos, diálogos, discursos e atitudes percebidas pelo professor. Libâneo (1994) nos chama a atenção para alguns
equívocos no processo de avaliação na pratica escolar deixando de se compreender a avaliação como tarefa didática.
Entre esses equívocos destacaremos aqui os que mais condizem com a realidade da educação física escolar. Para ele
é o professor não deverá tomar a avaliação unicamente como ato de atribuir notas e classificar os alunos, nem usá-la
como instrumento de controle. Estes itens ainda estão presentes na educação física escolar, servindo como auxiliador de
manutenção da ordem.
No entender de Perrenoud (1999), “... a função nuclear da avaliação é ajudar o aluno a aprender e ao professor,
ensinar”.
Portanto, o professor deve estabelecer objetivos e metas que possam ser alcançados por todos os alunos e que contribuam efetivamente para a melhoria da qualidade de vida dos alunos dentro e fora do ambiente escolar.
Metodologia
Os resultados obtidos nesta pesquisa nos subsidiaram a responder a questão proposta inicialmente (Como está sendo concebida a Avaliação no Processo de Ensino Aprendizagem na Educação Física Escolar?). Lançando mão dos questionários aplicados entre 18(dezoito) professores de Educação Física Escolar da rede Estadual de Ensino e que lecionam
para o Ensino Fundamental II no município de Poá/SP, podemos constatar questões relativas ao contexto da educação
física e principalmente sobre os procedimentos avaliativos que a permeia. Concluímos que a avaliação no processo de
ensino aprendizagem na Educação Física está adequando a sua postura junto ao tema, visto que os professores pesquisados disseram ter conhecimento das modalidades de avaliação, às vezes só muda a nomenclatura utilizada, ou seja,
na teoria está tudo muito claro, mas nas questões referentes ao processo de avaliação propriamente dito a realidade nos
mostrou alguns que pontos importantes que ainda continuam nebulosos, como por exemplo, a existência de professores
que realizam a avaliação no final do semestre, e ainda professores que disseram usar os resultados da avaliação apenas
para repassar as notas para a planilha, sem se ater ao rendimento escolar propriamente dito, ou seja, estão preocupados
em mera formalização junto à administração da unidade de ensino levando-nos a acreditar na importância da divulgação
do tema, pois quanto mais for discutido mais teremos chances de acertar, e que estarão mais abertos a mudanças sempre
necessárias e nem sempre bem vindas.
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Considerações finais
Para que a avaliação em Educação Física Escolar tenha maior valor educativo, é necessário que os professores apliquem os seus conhecimentos teóricos a fim de ampliar sua visão de mundo de forma a ajudar os alunos a desenvolver
habilidades, hábitos, convicções relevantes e necessárias para sua vivência e sucesso como indivíduo e como cidadão,
pois o papel fundamental da educação física é o desenvolvimento integral do ser humano. Nesse contexto, a avaliação
em educação física apresenta como um dos mais importantes instrumentos didático-pedagógicos para o alcance dos
objetivos amplos e imediatos, gerais e específicos dessa disciplina. Desse modo, avanços e superações decorrem - de
modo geral - de iniciativas às vezes tímidas e de passos geralmente pequenos, que tem como ponto de partida a conscientização e o envolvimento daqueles cuja tarefa é educar. Defendemos uma avaliação em Educação Física Escolar que
auxilie o professor e os alunos a obterem resultados, a identificarem falhas durante o processo de ensino-aprendizagem,
e que aponte acertos e as dificuldades. A avaliação é apoio, é o resultado do trabalho do professor e do aluno na busca
do conhecimento, e conseqüentemente, da aprendizagem.
Referências Bibliográficas
BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Lei de Diretrizes e Bases da Educação. Brasília, DF: MEC/SEF, 1996.
BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacional/Educação Física. Brasília, DF:
MEC/SEF, 1997.
HOFFMANN, Jussara. Avaliação mito & desafio uma perspectiva construtivista. Porto Alegre: Mediação, 2003. 32ª
Edição.
LIBÂNEO, José Carlos. Didática. São Paulo: Cortez, 1994.
LUCKESI, C. C. Avaliação da Aprendizagem Escolar. São Paulo: Cortez, 2000.
SANT’ANNA, Ilza Martins. Por que Avaliar: Como Avaliar? : critérios e instrumentos. Rio de Janeiro: Vozes, 1995.
PERRENOUD, P. Avaliação: da excelência à regulação das aprendizagens. Porto Alegre: Artmed, 1999.
PILETTI, Claudino. Didática Geral. São Paulo: Ática, 1999. 22ª Edição.
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