PREVENÇÃO E TRATAMENTO DE LESÕES CUTÂNEAS- Deliberação 65/00 Daniela de Souza CONCEITO É um meio que consiste na limpeza e aplicação de uma cobertura estéril em uma ferida. OBJETIVOS Tratar e prevenir infecções; eliminar os fatores desfavoráveis que retardam a cicatrização e prolongam a convalescência, aumentando os custos do tratamento. Diminuir infecções cruzadas, através de técnicas e procedimentos corretos. FINALIDADES • • • • • • • • • • reduzir a infecção das lesões contaminadas; evitar a contaminação das feridas limpas; facilitar a cicatrização; remover as secreções; promover a hemostasia; proteger a ferida; aliviar a dor; manter medicamentos no local; manter um ambiente umedecido; remover corpos estranhos; Cont. • Reaproximar bordas separadas; • Preencher espaço morto e evitar a formação de sero-hematomas; • Fazer desbridamento mecânico e remover tecido necrótico; • Reduzir o edema; • Fornecer isolamento térmico; • Limitar a movimentação dos tecidos em torno da ferida; • Dar conforto psicológico. Classificação da ferida • Extensão: pequena, média e grande. • Mensuração preconizada: utilizar a medida das maiores extensões na vertical e horizontal da ferida a ser classificada. Classificação da ferida Profundidade: • Superficial: abrange epiderme e derme • Profunda superficial: abrange epiderme, derme e subcutâneo • Profunda: abrange epiderme, derme, subcutâneo, músculo e estruturas adjacentes. Classificação da ferida Comprometimento tecidual: • Estágio 1: comprometimento da epiderme • Estágio 2: comprometimento da epiderme e derme • Estágio 3: comprometimento da epiderme, derme e subcutâneo. • Estágio 4: comprometimento da epiderme, derme, subcutâneo e tecidos adjacentes. Tratamento Ferida aguda: • Limpeza exaustiva com SF 0,9%, que visa a retirada de sujidades e microorganismos existentes no leito da ferida. É permitido neste caso o uso de soluções antissépticas. Tratamento Ferida crônica • Limpeza que visa a retirada do excesso de exsudato, resíduos de agentes tópicos e microorganismos existentes no leito da ferida, além de preservar o tecido de granulação. Utiliza-se para tal, somente o SF0,9% morno, em jato (força hidraúlica), independente de apresentar infecção ou não. CONCEITO DE CICATRIZAÇÃO Cicatrização conjunto de processos complexos, interdependentes, cuja finalidade é restaurar os tecidos lesados. FASE INFLAMATÓRIA Reação local não específica a danos teciduais ou invasões por microrganismos. Seu início é imediato e a duração é 3 a 5 dias. É o processo que ocorre no organismo como defesa à lesão tecidual que envolve reações neurológicas, vasculares e celulares que destroem ou barram o agente lesivo e substituem as células mortas ou danificadas, por células sadias. Tem a função de ativar o sistema de coagulação, promover o debridamento da ferida e a defesa contra microrganismos. São sinais de inflamação: rubor, calor, edema e dor. Quanto maior a área da ferida, maior será a duração desta fase. FASE DE REVASCULARIZAÇÃO (GRANULAÇÃO OU PROLIFERAÇÃO) São geradas novas células e forma-se o tecido de granulação (uma espécie de tecido temporário para o preenchimento da ferida). Fibrosblastos penetram na ferida em grandes quantidades, inicia-se a síntese do colágeno e os capilares movem-se para o centro da ferida. E quando estas transformações ocorrem, reduz-se a quantidade de exsudato tornando o tecido vermelho com um bom fluxo sanguíneo. FASE DE REPARAÇÃO - EPITELIZAÇÃO Fase de cobertura da ferida pelas células epiteliais. A diferença entre os tecidos torna-se cada vez mais evidente. As bordas da ferida deslocam-se para o centro e a ferida fica gradualmente coberta de tecido epitelial. À medida que a ferida se contrai o tecido vai se formando, o processo de cicatrização fica concluído. MATURAÇÃO Leva um ano nas feridas fechadas e mais nas feridas abertas. Nessa fase diminui a vascularização, o colágeno se reorganiza, o tecido de cicatrização se remodela e fica igual ao normal. A cicatriz assume a forma de uma linha fina e branca. Aumenta a força de distensão local. CLASSIFICAÇÃO QUANTO AO TIPO DE CICATRIZAÇÃO Feridas de cicatrização de primeira intenção: não há perda de tecidos, as bordas da pele ficam justapostas. Este é o objetivo das feridas fechadas cirurgicamente com requisitos de assepsia e sutura das bordas. Feridas de cicatrização por segunda intenção: houve perda de tecidos e as bordas da pele ficam distantes. A cicatrização é mais lenta do que primeira intenção. Feridas de cicatrização por terceira intenção: é corrigida cirurgicamente após a formação de tecido de granulação, a fim de que apresente melhores resultados funcionais e estéticos. FATORES QUE RETARDAM O PROCESSO DE CICATRIZAÇÃO • Gerais: idade, nutrição mobilidade, estado mental, incontinência, saúde e higiene; • Uso de substâncias impróprias para limpeza da feridaalgumas soluções são irritantes e citotóxicas; • Uso de substâncias impróprias para anti-sepsiaalgumas substâncias são lesivas aos fibroblastos; • Compressão exagerada na oclusão ou na limpeza mecânica da lesão: pode promover necrose dos tecidos; Cont. • Constituição/ peso em relação à altura: na obesidade temos o aumento da espessura do tecido subcutâneo (adiposo), o qual é pobremente vascularizado; • Estado de nutrição (alimentação e hidratação) para reconstrução tecidual é necessário aporte de nutrientes, especialmente as proteínas; • Diabete: além da diminuição da resposta imunológica, os novos capilares podem ser lesados devido a hiperglicemia; • Uso de drogas: esteróides, imunossupressores, citotóxicos; Cont. • Tabagismo : a nicotina altera o funcionamento do sistema imunológico, as substâncias liberadas pelo cigarro são citotóxicas, além disso, causam vasoconstrição, favorecem aterosclerose e hipóxia tecidual, haja vista a diminuição da capacidade de perfusão alveolar; • Infecção : a presença de microrganismos prolonga a fase inflamatória e a lesão tecidual. ANTES DE INICIAR O CURATIVO, DEVE-SE REALIZAR: • Avaliação do estado do paciente, principalmente os fatores que interferem na cicatrização, fatores causais e risco de infecção; • Avaliação do curativo a ser realizado, considerando-o em função do tipo de ferida; • Orientação do paciente sobre o procedimento; Competências do profissional enfermeiro: • Realizar a consulta de enfermagem (exame clínico: entrevista e exame físico); • Prescrever e orientar o tratamento; • Solicitar exames laboratoriais e de Rx, quando necessários; • Realizar o procedimento de curativo (limpeza e cobertura) • Realizar o desbridamento quando necessário Competências do profissional enfermeiro: • OBS: o tratamento das lesões deve ser prescrito pelo profissional enfermeiro, preferencialmente pelo especialista na área. Competências do técnico e auxiliar de enfermagem • Realizar o procedimento de curativo (limpeza e cobertura) prescrito pelo enfermeiro. • Realizar o desbridamento autolítico e químico prescrito pelo enfermeiro. Desbridamento • Consiste na remoção de material estranho ou desvitalizado de tecido de ferida traumática , infectada ou não, ou adjacente a esta, até expor-se tecido saudável O desbridamento pode ser: • Mecânico- por ação física Pode ser realizado através de: fricção- indicação: ferida aguda contra indicação: ferida crônica Com instrumental cortante: Indicações: feridas que comprometem até o tecido subcutâneo ou úlceras de pressão em estágio 3. Contra indicações: úlceras isquêmicas e aquelas sem possibilidade de cicatrização. O desbridamento pode ser: • Autolítico: por autólise, ou seja, auto degradação do tecido necrótico sob ação das enzimas lisossomiais, liberadas pelos macrófagos. Para isto, deve-se criar uma ambiente, no leito da ferida, úmido, com temperatura em torno de 37o C. O desbridamento pode ser: • Químico- por ação de enzimas proteolíticas, que removem o tecido desvitalizado através da degradação do colágeno. As coberturas devem apresentar as seguintes características: • Preencher o espaço morto; • Ser impermeável a microorganismos e outros fluidos; • Propiciar hemostasia; • Ser de fácil aplicação e remoção, evitando trauma no leito da lesão; • Ser confortável e esteticamente aceito; • Absorver excesso de exsudato; • Reduzir a dor e o odor. Embora o tempo cure todas as FERIDAS, é a rotina diária que fornece os curativos. True Story Magazine