A PEDAGOGIA DA VARIAÇÃO LINGUÍSTICA NA ESCOLA JOSELI REZENDE THOMAZ [email protected] Universidade Federal de Juiz de Fora O presente trabalho está centrado numa investigação a respeito da viabilidade de se trabalhar na escola com a pedagogia da variação linguística (FARACO, 2008), uma proposta que tem sido colocada para fazer face à equivocada tradição escolar que centra as atividades de estudo de língua materna na apresentação da gramática normativa e na memorização de regras e conceitos, pressupondo que o estudo da metalinguagem possa garantir o domínio da língua nas mais diversas situações em que é produzida. A partir da concepção dialógica da linguagem (BAKTIN, 2006), desenvolvemos uma pesquisa-ação com alunos do 7° ano de uma escola da rede particular de ensino da cidade brasileira de Juiz de Fora (MG), usuários de uma das variedades urbanas prestigiadas da língua portuguesa. Desse modo, os alunos são levados a perceberem a língua como entidade cultural e política e não somente linguística, estando as diferentes formas de falar, por isso mesmo, condicionadas aos valores de prestígio social da comunidade de fala. Para tanto, faz-se necessário compreender o conceito de norma, bem como a distinção entre norma padrão e norma culta (FARACO, 2008). Tendo em vista que a norma é um conjunto de fenômenos linguísticos que são comuns, corriqueiros numa dada comunidade, é possível concluir que não há uma única norma. Embora usuários de uma das variedades prestigiadas, muitos desses alunos ainda não desenvolveram recursos linguísticos-discursivos compatíveis com o nível de escolaridade em que se encontram, cabendo à escola levá-los a ampliar competências e torná-los usuários competentes tanto na modalidade oral quanto na escrita de gêneros que exigem maior monitoração. Os resultados têm demonstrado a adesão dos alunos à proposta, levando-os a se empenharem na pesquisa linguística na sua comunidade de fala e, como consequência, a compreenderem que a aprendizagem de sua língua exige reflexão sobre os diferentes usos, e não apenas, uma irracional submissão a regras e descrições penosas estéreis.