VARIEDADES LINGUÍSTICAS NO ENEM Competência de área 8 - Compreender e usar a língua portuguesa como língua materna, geradora de significação e integradora da organização do mundo e da própria identidade. H25 - Identificar, em textos de diferentes gêneros, as marcas linguísticas que singularizam as variedades linguísticas sociais, regionais e de registro. H26 - Relacionar as variedades linguísticas a situações específicas de uso social. H27 - Reconhecer os usos da norma padrão da língua portuguesa nas diferentes situações de comunicação. (MATRIZES DE REFERÊNCIA ENEM, 2014, p.04) Além de identificar as variedades linguísticas nos gêneros textuais, o candidato deve compreender que a língua portuguesa é um poderoso elemento para a construção de nossa identidade cultural, pois as marcas linguísticas singularizam as variedades linguísticas sociais, regionais e de registro. VARIAÇÃO LINGUÍSTICA Toda língua possui variações que podem ser divididas em: a) Variação histórica (ou diacrônica) - no som/pronúncia ou na flexão e na derivação; Vossa Mercê – Vosmecê – Você – Cê - Vc Em boa hora - embora Arbores – árvores Fidele - fiel Debere – dever Super - sobre conceptu - conceito (Gramática Histórica - Ismael de Lima Coutinho) — nos padrões de estruturação da frase e/ou no nível dos significados; — pela introdução de novas palavras (neologismos e estrangeirismos). Deletar – mensalão – blogueiro. b) Variação regional (espacial ou diatópica) FONÉTICA : Porta – para cariocas – piracicabanospaulistanos. LEXICAL :mandioca – aipim – macaxeira / cheiro – beijo. SINTÁTICA Tu já estudaste? Você já estudou? Assaltante Mineiro Ô sô, prestenção... Isso é um assalto, uai... Levanta os braços e fica quetin que esse trem na minha mão tá cheio de bala... Mió passá logo os troado que eu num tô bão hoje. Vai andando, uai! Tá esperando o que uai!! Assaltante Gaúcho Ô guri, ficas atento... Báh, isso é um assalto. Levantas os braços e te quieta, tchê. Não tentes nada e cuidado que esse facão corta uma barbaridade, tchê. Passa as pilas prá cá! E te manda a la cria, senão o quarenta e quatro fala. c) Variação social (ou diastrática) Em sociedades complexas convivem variedades linguísticas diferentes, usadas por diferentes grupos sociais, com diferentes acessos à educação formal; note que as diferenças tendem a ser maiores na língua falada que na língua escrita. FONÉTICA : peneu em vez de pneu / adevogado em vez de advogado LEXICAL: presunto em vez de cadáver / rolê em vez de passeio SINTÁTICA : Houveram muitos acidentes. / Naonde posso ponhar isso? Fiço a tarefa. d) Variação situacional (ou diafásica) - Pessoas de mesmo grupo social expressam-se com falas diferentes de acordo com as diferentes situações de uso, sejam situações formais, informais ou de outro tipo. Assim, fatores tais como sexo, faixa etária, condição socioeconômica, profissão, religião e até mesmo convicções político-partidárias e esportivas, entre outros, condicionam mudanças no uso efetivo da língua. Em português, “homem” pode ter um sentido amplo, geral, de “ser humano” ou mais específico, isto é “ser humano do sexo masculino”. No entanto, em certas situações de uso, a mesma palavra pode significar “polícia”, como em “-Corre, que lá vem os home!”, ou “patrão”, como em “O homem te mandou embora?” Níveis de linguagem - Formal, Culto ou Padrão = linguagem gramaticalmente correta, objetiva e clara. Usada em textos técnicos, científicos, jornalísticos, em situações que exigem formalidade. - Informal ou Coloquial = admite alguns deslizes na norma culta, como abreviaturas, expressões como a gente (em lugar de nós), pra (em lugar de para), entre outras. É usada em contexto de informalidade, como bate-papo pela internet e diálogos. Questão 106 – Enem 2013 Até quando? Não adianta olhar pro céu Com muita fé e pouca luta Levanta aí que você tem muito protesto pra fazer E muita greve, você pode, você deve, pode crer Não adianta olhar pro chão Virar a cara pra não ver Se liga aí que te botaram numa cruz e só porque Jesus Sofreu não quer dizer que você tenha que sofrer! GABRIEL, O PENSADOR. Seja você mesmo (mas não seja sempre o mesmo). Rio de Janeiro: Sony Music, 2001 (fragmento). As escolhas linguísticas feitas pelo autor conferem ao texto (A)caráter atual, pelo uso de linguagem própria da internet. (B) cunho apelativo, pela predominância de imagens metafóricas. (C) tom de diálogo, pela recorrência de gírias. (D) espontaneidade, pelo uso da linguagem coloquial. (E) originalidade, pela concisão da linguagem. GABARITO: D COMENTÁRIO: Típica do rap, a linguagem coloquial é responsável por conferir o efeito de espontaneidade à letra da música. A linguagem coloquial está associada a um contexto informal de comunicação, portanto, a intenção da música foi reproduzir essa comunicação. (ENEM 2006) Aula de português A linguagem na ponta da língua tão fácil de falar e de entender. A linguagem na superfície estrelada de letras, sabe lá o que quer dizer? Professor Carlos Gois, ele é quem sabe, e vai desmatando o amazonas de minha ignorância. Figuras de gramática, esquipáticas, atropelam-me, aturdem-me, sequestram-me. Já esqueci a língua em que comia, em que pedia para ir lá fora, em que levava e dava pontapé, a língua, breve língua entrecortada do namoro com a priminha. O português são dois; o outro, mistério. Carlos Drummond de Andrade. Esquecer para lembrar. Rio de Janeiro: José Olympio, 1979. Explorando a função emotiva da linguagem, o poeta expressa o contraste entre marcas de variação de usos da linguagem em A) situações formais e informais. B) diferentes regiões do país. C) escolas literárias distintas. D) textos técnicos e poéticos. E) diferentes épocas. GABARITO: A COMENTÁRIO: O contraste que o poema explora é o do uso da língua em situações formais e informais. A formalidade é expressa pelo figura do Professor Carlos Gois, com suas “figuras de gramática, esquipáticas” em oposição à informalidade do cotidiano do eu-lírico, “a língua em que comia, em que pedia para ir lá fora, em que levava e dava pontapé”. A alternativa B também traz um outro tipo de variedade, mas que não é foco do poema (variedade regional). As demais alternativas não se sustentam.