3º TRIMESTRE
> Nicolau MAQUIAVEL (1469-1527)
Contratualista:
- Thomas HOBBES (1588-1679)
- John LOCKE
(1632-1704)
- Jean-Jacques ROUSSEAU (1712-1779)
MAQUIAVEL
(1469-1527)
FILOSOFIA POLÍTICA
• Política autônoma
• História (Fenômeno Cíclico)
• Verdade efetiva das coisas
• Virtù / Fortuna
• Desvinculada:
- da política baseada em princípios universais
- da fé e da moral convencional (ética cristã)
De Maquiavel à nova política
Influência sobre o mundo moderno e
contemporâneo.
A política: ser entendida e praticada de
forma objetiva e circunstancial.
A política moderna deveria estar
atenta
aos
acontecimentos
do
presente.
Rompeu com a visão e práticas
políticas tradicionais.
Maquiavel e o rompimento
com a tradição política
01) Virtù - Virtude – Fortuna
(ver p.03)
02) Os alicerces da política estão na própria sociedade.
Acreditava-se que a política:
- ou era uma obra de Deus para organizar os homens;
- ou era obra da própria razão para garantir a sobrevivência da
espécie humana de forma organizada.
O poder emanava das próprias contradições internas das sociedades.
- O conflito é um conflito de poder.
- Uns querem manter esse poder e outros não querem se submeter a
esse poder.
Maquiavel vê, nesse caos iminente:
- a necessidade de um poder central unificador e organizador.
- os diferentes interesses que se manifestam dentro de uma sociedade
criam a necessidade de um poder político forte e estabilizador.
• Mas, onde está a ruptura com a tradição?
Na origem do poder político.
ANTES { Manifestação da vontade divina.
{ Manifestação da própria razão humana.
com Maquiavel { O poder nascia da própria tensão interna da sociedade.
“Não o preocupa saber como “deveria ser”
o governo ou o governante ideal.
Interessa, isso sim, analisar como os
homens governam; qual o limite ao uso
da violência para conquistar ou conservar
o poder; ou quando o poder se torna
arbitrário.”
ARANHA, Maria Lucia de Arruda. Maquiavel: A lógica da força. SP. Moderna
Para refletirmos sobre a evolução do
pensamento político a partir de Maquiavel, é preciso
também ter em mente as grandes mudanças sociais
que se deram ao longo dos séculos 15, 16 e 17.
PESTE NEGRA
A peste negra causou um estrago danado
tanto no moral das pessoas como na
economia.
Acredita-se que mais de cinqüenta milhões
de pessoas devem ter morrido em função
da doença ─ algo perto de quase um terço
da população européia.
C
R
U
Z
A
D
A
S
ÊXODO RURAL
BURGUESIA
VS
“homens livres”
Todo esse panorama de mudanças sociais trouxe novos
questionamentos sobre a própria natureza humana e sua
relação com a sociedade.
a) O que era a sociedade, afinal?
b) O que fazia os homens estarem em constante conflito entre si?
c) O que era a individualidade?
d) Como era possível que indivíduos formassem uma sociedade?
e) Quais os princípios que sustentavam a sociedade e permitiam a
sua permanência?
f) O que acontecia para que indivíduos, aparentemente livres,
aceitassem as leis e as respeitassem?
se tanto o poder dos nobres, como a ordem social não
emanavam de Deus, conforme se acreditou durante muito
tempo, de onde provinham, então?
• Por que homens livres deveriam se submeter ao poder de
outros homens?
• O que conferia poder a quem tinha poder?
• O que era, afinal, o poder?
• Por que os homens se matavam na busca pelo poder e
prestígio?
Teorias que explicassem e justificassem o poder e o
fundamento das leis.
Liberalismo político.
As noções de subjetivismo e individualismo.
O que antes se manifestava como:
- conhecimento intelectual (racionalismo) e experiência
sensível (empirismo),
agora
se manifesta como livre iniciativa e liberdade individual, o
que vai caracterizar o que, mais tarde, passou a ser chamado de
liberalismo.
LIBERALISMO
está ligado a uma concepção de homem e
sociedade, na qual se visa estabelecer
definitivamente as liberdades e os direitos
individuais pertencentes à própria natureza
humana.
THOMAS HOBBES
“O homem é o lobo do homem”.
Seu pensamento é fundamentalmente
mecanicista e materialista.
MECANICISMO
Concepção fundada na idéia de que todo e qualquer
fenômeno pode ser explicado em função da inter-relação
mecânica dos componentes físicos que o formam.
Assim, segundo o mecanicismo, todos os fenômenos se
resumem às forças e aos movimentos que o constituem.
MATERIALISMO
Concepção fundada na idéia de que a matéria é a
realidade primeira e fundamental de todas as coisas
que existem no universo.
Essa concepção nega completamente a existência de
criaturas imateriais
Foi um EMPIRISTA
que acreditava fortemente que toda a forma de conhecimento
somente era possível pela experiência dos sentidos.
Ele estendeu esse mecanicismo até os limites da moral.
Assim como as percepções de nossos sentidos se traduzem em
impulsos que são enviados pelos nervos ao cérebro,
a MORAL e todos os seus elementos se encontra organizada a
partir dos interesses e das paixões dos homens
as questões ligadas à MORAL,
como as noções de certo e errado, bem e mal e assim por
diante não têm nenhuma origem espiritual ou divina.
Para ele, lá na base de todos os valores, na raiz daquilo que
nos leva a julgar uma ação como boa ou má, está uma
motivação muito simples e básica:
O INSTINTO DE SOBREVIVÊNCIA, OU INSTINTO
DE CONSERVAÇÃO.
Estado Natural e o Estado Social
o Estado Natural é um estado de insegurança e de angústia.
É o medo que vai obrigar os homens a fundarem um Estado Social
e a autoridade política
Os homens, portanto, vão se encarregar de estabelecer a paz e a
segurança. Só haverá paz concretizável se cada um renunciar ao
direito absoluto que tem sobre todas as coisas.
Isto só será possível se cada um abdicar de seus direitos absolutos
em favor de um soberano que, ao herdar os direitos de todos, terá
um poder absoluto.
o DIREITO,
em todos os casos, reduz-se à força;
mas distingue dois momentos na história da
humanidade: o estado natural e o estado político.
No estado natural, o poder de cada um é medido por
seu poder real; cada um tem exatamente tanto de
direito quanto de força e todos só pensam na própria
conservação e nos interesses pessoais.
Do HOMEM
ARISTÓTELES
- ZOOPOLITIKON
- O homem é um animal político.
- Natureza política e social que faz o homem se organizar e zela
pelo bem comum.
HOBBES
- Visão negativa e pessimista em relação à natureza humana.
- O homem é vingativo, egoísta e belicoso (guerreiro).
Estado NATURAL:
- Não mostram caráter natural para política.
- O direito era proporcional à força de cada homem.
- Não possui nenhuma instinto social.
A sociedade humana é uma estrutura artificial.
Mas é o ESTADO que define a sociedade
ou é
a sociedade que define o ESTADO???
“O que me impede de matar esse
pastor e ficar com todas as ovelhas
para mim? Eu posso fazer isso e
nada vai acontecer.
Não existe polícia, nem juiz, nem
julgamento. Não existe nada que
me obrigue a cumprir o trato que
fiz com ele. Se eu não cumprir,
quem irá dizer ou fazer alguma
coisa?
Afinal, estamos em um mundo
selvagem e sem lei, estamos no
estado de natureza.”
“O homem é o lobo do homem”
é a guerra de todos contra todos.
Mas , e a JUSTIÇA???
Leitura 02 – p.15
Cap. XIV
... O direito natural que os escritores comumente chamam de
Jus naturale é a Liberdade que tem cada um de se servir da
própria força segundo sua vontade, para salvaguardar sua
própria natureza, isto é, sua própria vida. E porque a condição
humana é uma condição de guerra de cada um contra cada um...
daí resulta que, nessa situação, cada um tem direito sobre todas
as coisas, mesmo até o corpo dos outros... Enquanto dura esse
direito natural de cada um sobre tudo e todos, não pode existir
para nenhum homem (por mais forte ou astucioso que seja) a
menor segurança...
O Estado Natural e o Pacto Social
... O Estado de natureza, essa guerra de todos contra todos tem por
conseqüência o fato de nada ser injusto. As noções de certo e errado, de justiça e
de injustiça não têm lugar nessa situação. Onde não há Poder comum, não há
lei; onde não há lei, não há injustiça: força e astúcia são virtudes cardeais na
guerra. Justiça e injustiça não pertencem à lista das faculdades naturais do
Espírito ou do Corpo; pois, nesse caso, elas poderiam ser encontradas num
homem que estivesse sozinho no mundo (como acontece com seus sentidos ou
suas paixões). Na realidade, justiça e injustiça são qualidades relativas aos
homens em sociedade, não ao homem solitário. A mesma situação de guerra não
implica na existência da propriedade... nem na distinção entre o Meu e o Teu,
mas apenas no fato de que a cada um pertence aquilo que for capaz de o
guardar. Eis então, e por muito tempo, a triste condição em que o homem é
colocado pela natureza com a possibilidade, é bem verdade, de sair dela,
possibilidade que, por um lado, se apóia na Paixões e, por outro, em sua Razão.
As paixões que inclinam o homem para a paz são o temor à morte violenta e o
desejo de tudo o que é necessário a uma vida confortável... E a Razão sugere
artigos de paz convenientes sobre os quais os homens podem ser levados a
concordar.
Leviatã, 1.ª parte: Do Homem – Cap. XIII
Cap. XV
... Antes que se possa utilizar das palavras justo e injusto, é
preciso que haja um Poder constrangedor; inicialmente, para
forçar os homens a executar seus pactos pelo temor de uma
punição maior do que o benefício que poderiam esperar se os
violassem, em seguida, para garantir-lhes a propriedade do que
adquirem por Contrato mútuo em substituição e no lugar do
Direito universal que perdem. E não existe tal poder
constrangedor antes da instituição de um Estado. É o que
também resulta da definição que as Escolas dão geralmente da
justiça, a saber, que a justiça é a vontade de atribuir a cada um o
que lhe cabe pertencer; pois, quando nada é próprio, ou seja,
quando não há propriedade, não há injustiça; e onde não há
Poder Constrangedor estabelecido, em outras palavras, onde
não há Estado, não há Propriedade e cada homem tem direito a
todas as coisas. Por conseguinte, enquanto não há Estado, nada
há que seja Injusto.
1ª ETAPA DA TEORIA HIPOTÉTICA: A NATUREZA HUMANA
- O homem no seu estado natural, sem interferência de nenhuma autoridade.
- A convivência dos homens sem um Estado que os tutele, acarreta uma igualdade
aproximada que leva à "guerra de todos contra todos" (Bellum omnia omnes)
- Todos os homens têm direito a todas as coisas.
- Os bens são escassos. Quando duas pessoas desejarem um só objeto indivisível, estas são
livres para lutar com todas as armas para satisfazer seu desejo.
JUSTIÇA = a igualdade dos homens no estado de natureza é a igualdade no medo, pois a
vida de todos fica ameaçada. Esta igualdade é na capacidade de um destruir o outro. Nem o
mais forte está seguro, pois o mais fraco é livre para usar de todos os artifícios para garantir
seus desejos e sua vida.
CONTRATO SOCIAL = a humanidade, para evitar tal condição, opta por um contrato
social, abdicando de certas liberdades em troca de uma convivência pacífica em sociedade.
MORAL = no estado natural onde os homens encontravam-se numa total insegurança era
impossível haver moralidade, os homens teriam que estar sempre preparados para a guerra,
sob pena de comprometer seu bem mais precioso, a vida.
Quando o homem passa a viver numa sociedade,
com uma autoridade para lhe reger, as tensões se acabam.
2ª ETAPA DA TEORIA: O PACTO SOCIAL
- O maior desejo do homem é manter sua vida.
- O desejo é o instinto de conservação. No estado natural a vida está em constante
ameaça.
Os homens, em decorrência do instinto de conservação, guiados pela razão, são
levados a pactuarem entre si:
“a condição preliminar para obter a paz é o acordo de todos para sair do estado de
natureza e para instituir uma situação tal que permita a cada um seguir os ditames da
razão, com a segurança de que outros farão o mesmo.“
Logo, o primeiro passo para a transformação do Estado de Natureza em Estado
Civil, que é a criação da lei natural pela razão:
"O estado de natureza é a longo prazo intolerável, já que não assegura ao homem a
obtenção do que é a vida. Sob forma de leis naturais, a reta razão sugere ao homem uma
série de regras, que têm por finalidade tornar possível uma coexistência pacífica."
A Lei Natural é formada por diversas regras:
1ª) "procurar a paz e segui-la";
2ª) "por todos os meios que pudermos, defendermo-nos a nós mesmos";
3ª) "Que os homens cumpram os pactos que celebrarem";
4ª) "gratidão";
5ª) "complacência", "que cada um se esforce por acomodar-se com os outros";
6ª) "perdão", "Que como garantia do tempo futuro se perdoem as ofensas
passadas, àqueles que se arrependam e o desejem";
7ª) "Que na vingança (isto é, a retribuição do mal com o mal) os homens não
olhem à importância do mal passado, mas só à importância do bem futuro";
8ª) "Que ninguém por atos, palavras, atitude ou gesto declare ódio ou desprezo
pelo outro";
9ª) "Que cada homem reconheça os outros como seus iguais por natureza"
As Regras da Lei de Natureza
= são ditames morais elaboradas pela reta razão, que quer dizer a possibilidade
do homem de agir da melhor forma para atingir os fins desejados.
Ocorre que, para estas regras terem efetividade têm que ser cumpridas por todos.
As leis naturais em si são válidas, mas não tem eficácia garantida, pois elas
obrigam in foro interno, não têm alguém que obrigue a cumpri-las. Os princípios
naturais só têm eficácia ou se forem positivadas ou se existir uma autoridade
que obrigue o seu cumprimento.
**** Para acabar com a insegurança entre os homens e fazer cumprir a Lei
Natural é fundamental e indispensável a presença de um Estado (poder
soberano) que esteja acima do interesse dos cidadãos para garantir a paz civil.
A função do Estado é de garantidor da paz civil. Ele está acima dos homens,
como beneficiário dos direitos dos cidadãos. Os cidadãos são para o Estado
súditos. O Estado tem o poder soberano.
O PODER SOBERANO
Soberania para Hobbes é o poder que está acima de tudo e de todos. Assim o
Estado Soberano está acima das leis e acima da Constituição, sendo um poder
absoluto e indivisível.
Características do Estado Soberano:
"O poder estatal não é verdadeiramente soberano e, portanto, não serve à
finalidade para a qual foi instituído se não for irrevogável, absoluto e indivisível.
Recapitulando, pacto de união é:
a) um pacto de submissão estipulado entre os indivíduos, e não entre o povo e o
soberano;
b) consiste em atribuir a um terceiro, situado acima das partes, o poder que cada
um tem em estado de natureza;
c) o terceiro ao qual esse poder é atribuído, com todas as três definições acima o
sublinham, é uma única pessoa.
AS FORMAS DE GOVERNO
O poder soberano pode ser adquirido de duas formas:
- pela livre vontade dos cidadãos, que é chamado de Estado Político/Estado por
Instituição;
- pela imposição aos cidadãos, que são obrigados a acatar sob pena morte, é o
Estado por Aquisição.
O Estado por instituição, na política de Hobbes, pode ser governado por três
espécies:
- pela Monarquia, governo de uma pessoa (Autoridade absoluta do rei);
- por uma Democracia, governo popular, de todos (inviável, dissolução do poder
soberano);
- pela Oligarquia, governo de poucos (possível, pode acarretar a descontinuidade
do exercício do poder soberano).
Cite algumas características de um Estado Soberano.
R: a) Um pacto de submissão estipulado entre os indivíduos, e não
entre o povo e o soberano; b) consiste em atribuir a um terceiro o poder
que cada um tem em estado de natureza; c) o poder é atribuído é uma
única pessoa.
Qual a melhor forma de governo para Hobbes?
R: Monarquia, governo de uma pessoa (Autoridade absoluta do rei);
O Estado por instituição, na política de Hobbes, pode ser governado por
três espécies: pela Monarquia, governo de uma pessoa (Autoridade
absoluta do rei); por uma Democracia, governo popular, de todos
(inviável, dissolução do poder soberano); pela Oligarquia, governo de
poucos (possível, pode acarretar a descontinuidade do exercício do
poder soberano).
Qual o entendimento de Hobbes para a idéia de Soberania?
R: Soberania para Hobbes é o poder que está acima de tudo e de todos.
Assim o Estado Soberano está acima das leis e acima da Constituição,
sendo um poder absoluto e indivisível.
Qual é a função de um Estado soberano?
R: Para Hobbes, o Estado, que se encontra personificado na figura do
soberano. Para que se garanta o perfeito funcionamento da sociedade e
se evite a todo custo uma guerra de todos contra todos, cada indivíduo
deve desistir de seu poder individual de violência e cedê-lo para um
único homem. Esse homem, de posse do poder de todos os demais,
funcionaria como agente de manutenção de ordem da sociedade.
Segundo Hobbes, a sociedade humana é uma estrutura artificial?
Explique.
R: Sim. O homem natural é egoísta e belicoso (guerreiro). No estado
NATURAL, esse homem não mostra caráter natural para política. O
direito era proporcional à força de cada homem. Não possui nenhum
instinto social.
O que é o Absolutismo?
R: Concepção política que sustenta a idéia de que uma única pessoa,
normalmente o monarca, deve ser aquele que seja dotado de um poder
total, absoluto, sobre seus comandados e sobre seus territórios. Seus
poderes estão, assim, acima da justiça, das leis e do poder religioso.
Conforme Hobbes, o que aconteceria se não houvesse poderes
particulares?
R: Sem poderes particulares, cessariam as lutas e todos poderiam viver
suas vidas de forma mais tranqüila e sossegada. O poder de todos
deveria ser transferido para apenas um homem, o soberano, que se
encarregaria de organizar as coisas e manter a sociedade funcionando.
Por que o medo faz o homem buscar a paz?
R: O medo é uma constante na vida de todos. Segundo Hobbes, o
medo de morrer ou ser escravizado é a força que motiva os homens a
criarem um poder muito mais forte do que cada um individualmente.
Esse novo poder, mais forte do que todos individualmente, é o que veio
a se chamar de poder político. O estado natural vai ser substituído pelo
estado político.
Qual é a necessidade de um contrato social?
R: O maior desejo do homem é manter sua vida. O desejo é o instinto
de conservação. No estado natural a vida está em constante ameaça.
Os homens, em decorrência do instinto de conservação, guiados pela
razão, são levados a pactuarem entre si.
Logo, o primeiro passo para a transformação do Estado de Natureza
em Estado Civil, que é a criação da lei natural pela razão: "O estado
de natureza é a longo prazo intolerável, já que não assegura ao
homem a obtenção do que é a vida. Sob forma de leis naturais, a reta
razão sugere ao homem uma série de regras, que têm por finalidade
tornar possível uma coexistência pacífica."
Qual é a posição de Hobbes em relação às Vaidades dos homens?
R: O homem em seu estado de natureza não visa apenas prover seu
corpo com os mantimentos necessários à sobrevivência. Se fosse assim,
as coisas seriam muito simples e não gerariam tantos problemas. A
questão que Hobbes põe em evidência é a necessidade que a maioria
dos homens tem de satisfazer suas vaidades.
Uma das coisas que mais frustra o homem é a dor do desprezo.
Dificilmente alguém não se ressente quando fica claro e evidente diante
de todos os outros que ele foi desprezado. Esse sofrimento é difícil de
ser administrado pelas pessoas comuns. Invariavelmente brota o desejo
de vingança. Trata-se de uma força poderosa e devastadora que brota
no peito e contamina a mente.
Segundo Hobbes, qual é a relação entre o Estado e o Medo?
R: O equilíbrio de força e astúcia que estão por trás do estado de
natureza faz com que todos os homens estejam constantemente
tomados pelo medo constante. Não há garantia nenhuma de nada. A
qualquer instante as defesas podem ser vencidas por algum
estratagema. Na escuridão da noite qualquer coisa pode acontecer e
não há quase nada que possa ser feito para se proteger.
O medo é uma constante na vida de todos. Segundo Hobbes, o medo
de morrer ou ser escravizado é a força que motiva os homens a
criarem um poder muito mais forte do que cada um individualmente.
Esse novo poder, mais forte do que todos individualmente, é o que
veio a se chamar de poder político. O estado natural vai ser substituído
pelo estado político.
1) Cite o nome de 02 principais obras de Hobbes.
R: Objeções às Meditações Cartesianas (1641); Sobre o Cidadão (1642);
Leviatã (1651)
2) Quais são as 02 idéias que fundamentam o pensamento de
Hobbes?
R: Mecanicismo e Materialismo.
3) O que significa afirmar que Hobbes foi um empirista?
R: Foi um empirista que acreditava fortemente que toda a forma de
conhecimento somente era possível pela experiência dos sentidos. Ele
estendeu esse mecanicismo até os limites da moral. Dessa forma, assim
como as percepções de nossos sentidos se traduzem em impulsos que
são enviados pelos nervos ao cérebro, a moral e todos os seus elementos
se encontra organizada a partir dos interesses e das paixões dos homens.
4) Para Hobbes, qual é a base de todos os valores ou moral?
R: Para ele, lá na base de todos os valores, na raiz daquilo que nos leva a
julgar uma ação como boa ou má, está uma motivação muito simples e
básica: o instinto de sobrevivência, ou instinto de conservação.
5) Qual o entendimento hobbesiano para o instinto de conservação?
R: O instinto de conservação, segundo Hobbes, era mais abrangente que a
simples sobrevivência. Estava ligado à sobrevivência e ao prazer. Na prática
pode ser traduzido pela observação direta da vida ao longo do dia-a-dia das
pessoas comuns. Nós nos afastamos de tudo aquilo que nos causa desprazer e
procuramos ao máximo nos associar as coisas que nos trazem prazer.
O instinto de conservação hobbesiano, assim, diz respeito a cada um procurar
manter a sua vida e mantê-la abastecida de prazer e afastada de problemas.
Para tanto, cada um tem de lançar mão do poder que naturalmente possui.
Dessa forma nos encontramos numa arena gigante onde cada um busca fazer o
que pode para se afastar dos desprazeres. Inevitavelmente os interesses
comuns entre pessoas diferentes acabam por entrar em colisão.
O instinto de conservação, que é a mola mestra que impulsiona os homens em
seus interesses pessoais, acaba por jogar o homem numa batalha onde todos
lutam contra todos. Daí a necessidade de um poder maior do que todos para
evitar a guerra entre os homens.
6) O que era o Estado de Natureza para Hobbes?
R: Hobbes concebia uma abstração teórica onde imaginava o mundo e o
homem antes de as sociedades terem se desenvolvido. Nesse estado
primitivo, mergulhado num tempo perdido no esquecimento, os homens
viveriam de forma semelhante aos animais ─ cada um por si e ninguém
por todos. Somente o homem solto e jogado a sua própria sorte. Esse
estado primordial ele chamava de estado de natureza.
7) Cite 03 características do estado de natureza.
R: A desigualdade é natural, o homem tem medo da morte violenta e o
direito é determinado pela força.
8) Como Hobbes entendia o homem no estado natural?
R: No estado natural ou primitivo podemos deduzir facilmente que o poder de
cada pessoa é diretamente proporcional a sua força e a sua capacidade de
fazer artimanhas e peripécias para poder se dar bem.
Algo comparável ao que ocorre com animais nos seus ambientes: cada um se
vira como pode para tentar manter-se vivo. Na sua abstração do estado natural,
os homens não mostravam nenhum caráter naturalmente político. O direito de
cada um era proporcional à força que cada um era capaz de produzir.
Hobbes entendia o homem como sendo radicalmente distinto dos insetos
sociais. As crianças não nascem com esse espírito de subserviência e
obediência a uma estrutura social pré-definida e genética, como se verifica no
comportamento dos insetos sociais. Tais insetos quando nascem já passam a
obedecer cegamente seus instintos sociais. Hobbes observava que os homens,
no entanto, em seu estado natural, não possuem nenhum instinto social. A
sociabilidade não ocorre por natureza, não é um comportamento inato; ao
contrário, é uma coisa que se aprende gradativamente ao longo da vida.
9) Como Hobbes entendia a justiça?
R: As noções de bem e de mal, de justiça e injustiça, não podem aí ter
lugar. Onde não há poder comum não há lei, e onde não há lei não há
injustiça.
Na guerra, a força e a fraude são as duas virtudes cardeais. A justiça e a
injustiça não fazem parte das faculdades do corpo ou do espírito. Se
assim fosse, poderiam existir num homem que estivesse sozinho no
mundo, do mesmo modo que seus sentidos e paixões. São qualidades
que pertencem aos homens em sociedade, não na solidão.
Outra conseqüência da mesma condição é que não há propriedade, nem
domínio, nem distinção entre o meu e o teu; só pertence a cada homem
aquilo que ele é capaz de conseguir, e apenas enquanto for capaz de
conservá-lo. É, pois, esta a miserável condição em que o homem
realmente se encontra, por obra da simples natureza.