Atendimento a Pacientes com Doenças Genéticas no SUS. Normativas e Dados Epidemiológicos. Amira Figueiras Atendimento a Pacientes com Doenças Genéticas no SUS. Normativas e Dados Epidemiológicos Objetivos da aula: • Mostrar a importância epidemiológica das doenças genéticas. • Mostrar os serviços existentes e a necessidade da criação de novos serviços para diagnóstico, tratamento e aconselhamento das pessoas portadoras de doenças genéticas. Distúrbios genéticos • Distúrbios monogênicos – Ex. : distrofia muscular de Duchenne, as mucopolissacaridoses, acondroplasia. • Distúrbios cromossômicos – Ex. : síndrome de Down, síndrome de Patau. • Distúrbios multifatoriais – Ex. : fenda labial, fenda palatina. Mucopolissacaridoses MPS II. Menino de 4 anos de idade Fonte: The metabolic and molecular bases Of inherited disease 2004 Castro et al, 2007 MPS III. Menina de 4 anos de idade Fonte: The metabolic and molecular bases Of inherited disease 2004 Distúrbios genéticos Síndrome de Down Alteração do cromossoma 21 Distúrbios genéticos Síndrome de Patau Alteração do cromossoma 13 Distúrbios genéticos Síndrome de Patau Alteração do cromossoma 13 Anomalias Congênitas • Anomalias congênitas são alterações do desenvolvimento de um órgão ou sistema, presentes ao nascimento, decorrentes de fatores genéticos, ambientais ou desconhecidos. • Quando diminui a desnutrição e as infecções são controladas, as anomalias de causa genética tornam-se mais evidentes na população. Anomalias Congênitas Horovitz, D et al, 2005 Anomalias Congênitas • A maioria dos conceptos malformados são eliminados. • Cerca de 2 a 3% das crianças nascem com algum tipo de anomalia. • A avaliação da anomalia deve ser feita tão logo haja reconhecimento ou suspeita. Felix, T; Giugliani, R, 1997 Anomalias Congênitas • No IFF de janeiro de 1999 a julho de 2003, malformação congênita foi um dos três diagnósticos principais codificados na internação em 37,0% das admissões hospitalares pediátricas. Horovitz, D et al, 2005 Epidemiologia das Anomalias Congênitas Causa Genéticas Freqüência (%) 15 - 25 Cromossômica Gen único Multifatoriais Ambientais 10 - 15 2 - 10 20 - 25 8 - 12 Doença materna Uterina-placentária Drogas e químicos Gemelaridade Desconhecida 6-8 2-3 0,5 - 1 0,5 - 1 40 - 60 Felix, T; Giugliani, R, 1997 Epidemiologia das Doenças Genéticas Diagnóstico de casos novos atendidos no Ambulatório de Genética do HUBFS em 2005 Diagnóstico Nº de Atendimentos 12 13.6 12 13.6 Erro inato do metabolismo ADS 7 8.0 7 8.0 Distrofia muscular 5 5.7 Cromossomopatias 4 4.5 Aconselhamento Genético Síndrome de Turner 4 4.5 3 3.4 Anemia Falciforme 2 2.3 Outros 32 36.4 Total 88 100 Síndrome de Down Síndrome malformativa Souza, 2005 % Distúrbios cromossômicos Prevalência de aberrações cromossômicas no RN TIPO DE ABERRAÇÃO FREQÜÊNCIA AO NASCIMENTO Trissomia do 21 Trissomia do 18 Trissomia do 13 47,XYY 1 em 600 1 em 3.000 1 em 5.000 1 em 1.000 meninos 47,XXX 1 em 1.000 meninas Jacobs et al., 1992 EIM em Crianças com Atraso no Desenvolvimento Triagem para EIM em crianças com atraso no desenvolvimento atendidas na URE-MIA, 2000 à 2001 TEIM N % Positivo 104 52,79 Negativo 63 31,98 Duvidoso 30 15,23 197 100,00 Total Souza, 2002 EIM em Crianças com Atraso no Desenvolvimento Conclusões: - A positividade p/ a TEIM foi similar a resultados encontrados p/ Martins, 1999 e Oliveira, 2001. - Maior nº de positivos entre crianças procedentes de outros municípios. - A consangüinidade não foi um dado significante entre positivos. - A ocorrência de natimortos foi 3 vezes maior nos positivos. Souza, 2002 Mucopolissacaridoses (MPS) Doenças raras, transmitidas de uma maneira autossômica recessiva, exceto a MPS II que é ligada ao X Deficiência das enzimas que degradam os glicosaminoglicanos (GAG’s) Castro et al, 2007 Dermatan sulfato Heparan sulfato Queratan sulfato Condroitin sulfato Ácido hialurônico Mucopolissacaridoses Aspectos clínicos progresso crônico e progressivo; envolvimento multisistêmico; problemas ósseos e articulares; baixa estatura; mãos em garra; facies grotesco; hérnias audição, visão, respiração e funções cardiovasculares comprometidas; deficiência mental. Castro et al, 2007 MPS IH. Menino de 4 anos de idade Fonte: The metabolic and molecular bases Of inherited disease 2004 Classificação das MPS Tipo de MPS Locus cromossômico Enzima deficiente GAGS afetados MPS I 4p16.3 -L-Iduronidase Dermatan e Heparan Sulfato MPS II Xq28 Iduronato Sulfatase Dermatan e Heparan Sulfato MPS III A 17q25.3 Heparan N-sulfatase Heparan Sulfato MPS IV A 16q24.3 Galactose 6-sulfatase Keratan sulfato e condroitin 6 sulfato MPSVI 5q13-q14 arilsulfatase B Dermatan sulfato MPS VII 7q21.11 -glucuronidase dermatan sulfato, heparan sulfato, condroitin sulfato MPS IX 3p21.2 Hialuronidase Ácido hialurônico Castro et al, 2007 Epidemiologia das MPS No Brasil, apenas o Estado do Rio Grande do Sul possuía dados sobre a incidência de MPS e Castro et al, 2007 encontraram os seguintes resultados no Pará. Tipo de MPS MPS I Localidade Freqüência (nascidos vivos) Pará 1: 1.440.000 Cuba 1:478.000 Rio Grande do Sul 1: 330.000 Castro et al, 2007 Epidemiologia das MPS no Pará Diagnóstico de MPS no período de 1986-2005 no Laboratório de Erros Inatos do Metabolismo/CCB/UFPA Tipo Número de casos MPS I 03 MPS II 05 MPS VI 04 Não classificado 10 Todos os tipos 22 Castro et al, 2007 Epidemiologia das MPS Tipo de MPS Localidade Freqüência (meninos nascidos vivos) Pará 1: 483.565 Irlanda do Norte 1: 72.000 Columbia Britânica 1: 111.000 Rio Grande do Sul 1: 330.000 MPS II Castro et al, 2007 Epidemiologia das MPS Tipo de MPS MPS VI Localidade Freqüência (meninos nascidos vivos) Pará 1: 960.005 Columbia Britânica 1:1.300.000 Rio Grande do Sul 1: 550.000 Castro et al, 2007 Atendimento a Pacientes com Doenças Genéticas no SUS. • Programa nacional de Triagem Neonatal Fase I – fenilcetonúria e hipotiroidismo Fase II – fenilcetonúria, hipotiroidismo e anemia falciforme Fase III - fenilcetonúria, hipotiroidismo e anemia falciforme fibrose cística • Programa de osteogênese imperfeita • Programa de Doença de Gaucher • Outros serviços e programas Vigilância do Desenvolvimento Infantil na Atenção Primária à Saúde no Contexto da AIDPI Organización Panamericana de la Salud Organización Mundial de la Salud Quadro 1 VERIFICAR O DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA MENOR DE 2 MESES DE IDADE (sempre que não houver uma classificação grave que necessite referir ao hospital) PERGUNTAR: •Realizou pré-natal? •Houve algum problema durante a gestação, parto ou nascimento de seu filho? •Nasceu prematuro? •Quanto pesou ao nascer? •Seu filho já teve alguma doença grave como meningite, traumatismo craniano ou convulsões? •A senhora e o pai da criança são parentes? •Existe algum caso de deficiência na família? •O que a senhora acha do desenvolvimento de seu filho? FAÇA PERGUNTAS ADICIONAIS: Existem outros fatores de risco como violência doméstica, depressão materna, drogas, alcoolismo e etc. OBSERVE E DETRMINE •O Perímetro Cefálico •Presença de alterações fenotípicas LEMBRE-SE: Se a mãe disse que seu filho tem algum problema no desenvolvimento, fique mais atento na avaliação desta criança. •Ausência de um ou mais reflexos/ habilidades para sua faixa etária ou OBSERVAR: MENOR DE 1 MÊS Reflexo de Moro Reflexo cocleopalpebral Reflexo de sucção Braços e pernas flexionados Mãos fechadas 1 MÊS A < 2 MESES Vocaliza Esperneia alternadamente Abre as mãos Sorriso social •Perímetro cefálico <p10 ou >p 90 ou PROVÁVEL ATRASO NO DESENVOLVIMENTO Referir para avaliação neuropsicomotora •Presença de 3 ou mais alterações fenotípicas. Cassificar O Desenvolvimento •Reflexos/ habilidades presentes para sua faixa etária; •Perímetro cefálico entre p 10 e p 90; •Ausência ou presença de menos que 3 alterações fenotípicas; •Existe um ou mais fatores de risco •Reflexos/ habilidades presentes para sua faixa etária; •Perímetro cefálico entre p 10 e p 90; •Ausência ou presença de menos que 3 alterações fenotípicas; •Não existem fatores de risco DESENVOLVIMENTO NORMAL COM FATORES DE RISCO DESENVOLVIMENTO NORMAL •Orientar a mãe sobre a estimulação de seu filho. •Marcar consulta de retorno em 15 dias. •Informar a mãe sobre os sinais de alerta para voltar antes de 15 dias. •Elogiar a mãe. •Orientar a mãe para que continue estimulando seu filho. •Retornar para acompanhamento conforme a rotina do serviço. •Informar a mãe sobre os sinais de alerta para retornar antes. Quadro 2 VERIFICAR O DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA DE 2 MESES A 2 ANOS DE IDADE (sempre que não houver uma clasificação grave que necessite referir ao hospital) PERGUNTAR: OBSERVAR: •Realizou pré-natal? •Houve algum problema durante a gestação, parto ou nascimento de seu filho? •Nasceu prematuro? •Quanto pesou ao nascer? •Seu filho já teve alguma doença grave como meningite, traumatismo craniano ou convulsões? •A senhora e o pai da criança são parentes? •Existe algum caso de deficiência na família? 2 meses •Ficha o olhar no rosto do examinador ou da da mãe •Segue objeto na linha média •Reage ao som •Eleva a cabeça 4 meses •Responde ao examinador •Segura objetos •Emite sons •Sustenta a cabeça 6 meses •Alcança um brinquedo •Leva objetos a boca •Localiza o som •Rola 9 meses •Brinca de esconde achou •Transfere objetos de uma mão para outra •Duplica sílabas •Senta sem apoio 12 meses •Imita gestos (ex: bater palmas) •Segura pequenos objetos com a ponta dos dedos em forma de pinça •Produz Jargão •Anda com apoio 15 meses •Executa gestos a pedido •Coloca cubos na caneca •Produz uma palavra •Anda sem apoio 18 meses •Identifica 2 objetos. •Rabisca espontaneamente •Produz três palavras •Anda para trás 24 meses •Tira roupa •Constrói torre com 3 cubos •Aponta duas figuras •Chuta a bola O que a senhora acha do desenvolvimento de seu filho? FAÇA PERGUNTAS ADICIONAIS: Existem outros fatores de risco como violência doméstica, depressão materna, drogas, alcoolismo e etc. OBSERVE E DETERMINE: •Perímetro Cefálico •Presença de alterações fenotípicas LEMBRE-SE: Se a mãe disse que seu filho tem algum problema no desenvolvimento, fique mais atento na avaliação desta criança. •Perímetro cefálico <10 ou >90 ou •Presença de 3 ou mais alterações fenotípicas ou •Ausência de um ou mais marcos para a faixa etária anterior. Ausência de um ou mais marcos para a sua faixa etária Classificar o Desenvolvimento Todos os marcos para a sua faixa etária estão presentes mas existem um ou mais fatores de risco PROVÁVEL ATRASO NO DESENVOLVIMENTO POSSÍVEL ATRASO NO DESENVOLVIMENTO Referir para avaliação neuropsicomotora •Orientar a mãe sobre a estimulação de seu filho. •Marcar consulta de retorno em 30 dias. DESENVOLVIMENTO NORMAL COM FATORES DE RISCO •Informar a mãe sobre os sinais de alerta para retornar antes de 30 dias. •Elogiar a mãe Todos os marcos para a sua faixa etária estão presentes DESENVOLVIMENTO NORMAL •Orientar a mãe para que continue estimulando seu filho. •Retornar para acompanhamento conforme a rotina do serviço de saúde. •Informar a mãe sobre os sinais de alerta para retornar antes. SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ HOSPITAL UNIVERSITÁRIO BETTINA FERRO DE SOUZA SERVIÇO DE CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO INFANTIL “CAMINHAR” RN de Risco Atraso no Desenvolvimento Distúrbios Globais do Desenvolvimento (autismo) Epilepsias Endocrinologia Alterações Genéticas Transtornos Hipercinéticos Transtornos Motores/ Paralisia Cerebral Botox Distúrbios do Crescimento Síndrome de Down Doenças neuroGenéticas e neurometabólicas Reposição enzimática Dismorfologia Transtornos da Diferenciação Sexual SERVIÇO DE CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO INFANTIL – CAMINHAR Sala de Acolhimento SERVIÇO DE CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO INFANTIL – CAMINHAR Corredor para salas de atendimento SERVIÇO DE CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO INFANTIL – CAMINHAR Sala de Acolhimento SERVIÇO DE CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO INFANTIL – CAMINHAR Atendimento de Terapia Ocupacional SERVIÇO DE DESENVOLVIMENTO INFANTIL – PROGRAMA CAMINHAR Atendimento de Fisioterapia Um menor abandonado que anda neste Brasil afora, Bate na porta de um carro para pedir dinheiro e esmola. Saber que o Brasil – para mim – é um país pobre, Não entendo. Fome e flora. Flora e fome. (Romeu Ferreira dos Santos Neto, 2001 16 anos, portador de Sindrome de Down)