O LIVRO DIDÁTICO E O ENSINO APRENDIZAGEM DE INGLÊS PARA CRIANÇAS Rosinda de Castro Guerra Ramos/PUC-SP Bernadette Rodrigues Rosilli/COGEAE In: ROCHA, C. H.; BASSO, E. A. (Org.) Ensinar e aprender língua estrangeira nas diferentes idades: reflexões para professores formadores. São Carlos: Claraluz, 2008. p. 63-84. Catichilene Gomes de Sousa, Dayana da Silva Rohden, Keila Rejane, Monnay A. T. Simon e Tatiane INTRODUÇÃO • O ensino de inglês para criança está em alta, e o crescente número de materiais didáticos publicados para essa faixa vem revelando isso. Visto que, o livro didático é uma das grandes influências na vida do professor, pois tratam desde a seleção, avaliação e modos de explorar o livro didático até a produção de materiais didáticos, como formas de auxiliar o professor nas suas tomadas de decisão e nas suas tarefas de sala de aula. Sendo assim, as autoras têm como objetivo apresentar os novos alicerces teóricos que embasam o ensino-aprendizagem de Língua Estrangeira, o livro didático e sua avaliação. PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS DE LÍNGUA ESTRANGEIRA • Conforme os PCN-LE (Brasil, 1998, p.19), seu objetivo é restaurar o papel da Língua Estrangeira na formação educacional e ser uma fonte de referência para discussões e tomadas de posição, sobre ensinar e aprender Língua Estrangeira. Para tanto, busca na visão sócio-interacional (vygostiskianas e bahktinianas), pois a interação social é a origem e mola propulsora da aprendizagem e do desenvolvimento intelectual. Visto que, estão envoltos de um contexto cultural, histórico e institucional. • Ao se envolverem em uma interação tanto escrita quanto oral, as pessoas o fazem para agirem no mundo social, isso porque, ‘os indivíduos passam de meros consumidores passivos de cultura e conhecimento a criadores ativos: o uso de uma língua estrangeira é uma forma de agir no mundo e transformá-lo. ’ (Brasil, 1998, p.40). Busca-se, portanto, o desenvolvimento das capacidades cognitivas éticas, estéticas, motoras e de inserção e atuações sociais, não podendo deixar de atentar para as questões de afetividade, uma vez que ‘o aluno é um ser cognitivo, afetivo, emotivo e criativo. ’(Brasil, 1998, p.66). • Além disso, o contexto da aprendizagem precisa representar o mundo real do aluno, bem como ser construído sobre o que os alunos já conhecem sobre sua própria língua e sobre suas próprias experiências de vida. Assim, faz se entender diferenças, reconhecer que vive num mundo pluricultural e plurilíngue. O Livro didático é sinônimo de Material Didático? •Tomlinson (2001) • conceitua Material Didático como ‘qualquer coisa que pode facilitar a aprendizagem da língua e o livro didático é uma entre as muitas formas de Material Didático que aparece em forma impressa e é criado exclusivamente para fins pedagógicos. (p.66) •Cunningsworth (1984) • ‘buscam abarcar todos os aspectos do inglês e são desenhados para serem usados tanto no Chile como na China. (p.66) • A forma como é feita essa avaliação pode impossibilitar a localização de omissões relevantes, pontos fracos do material e, principalmente, a impossibilidade de assegurar uma combinação entre o que o material contém e os requisitos da situação de ensino-aprendizagem, e, se suas unidades e atividades estão de fato cumprindo com os objetivos por ele propostos. (p.67) • Richards (2002) • os livros didáticos podem ser a única fonte de contato com a língua e para muitos professores a ferramenta de apoio para desenvolver seu trabalho, principalmente no caso dos iniciantes. Logo, aponta desvantagens como: linguagem não autentica; o conteúdo com distorções por questão de servir o mercado internacional; o não atendimento das necessidades dos alunos já que é feito para um mercado global, um dos motivos pelos quais decidimos selecionar somente livros didáticos publicados no Brasil. (p.66) • Graves (2002) • e acrescenta que é muito difícil encontrar livros que atendam todas as necessidades, devido cada situação de ensino-aprendizagem ser única. • Hutchison e Waters (1987) • acrescentam que podemos abordar o material na perspectiva de sua proposta, isto é, examinar, por exemplo, se suas unidades e atividades estão, de fato, cumprindo com os objetivos por ele proposto.(p.67) Critérios para análise de materiais didáticos 1. Público Alvo 2. Objetivos da unidade/do livro/do curso 3. Visões de Linguagem 4. Visões de Ensino Aprendizagem 5. O que os materiais contêm tem termos de: a. conteúdo: conhecimento sistêmico, textual, etc.; b. textos: gênero, autenticidade, assunto, informações não-verbais, etc.; c. atividades: objetivos, instruções, tipos, etc.; 6. Como o material é explorado? a. O que se quer que os alunos façam? b. O que se quer que o professor faça? 7. O material atinge os objetivos propostos? 8. Diagnóstico final (sua interpretação do material). •Unidades (Temas): •8 •Material e Atividade Complementar: • Pôster, Adesivos, Jogos, Música, Glossário, Livro de leitura e Indicação de atividades on-line. •Manual/Livro do Professor: • Respostas, Plano do Curso com objetivos, estratégias, justificativas, sugestões, competências comunicativas, conteúdo temático, avaliação, cronograma e 1 CD. •Unidades (Temas) •10 (sendo 2 revisões) •Material e Atividade Complementar •Glossário. •Manual/Livro do Professor •Respostas, CD, Flashcards orientação específica. e •Unidades (Temas) •8 •Material e Atividade Complementar: • Glossário Ilustrado, Histórias, Figurinhas, Álbum de Figuras. •Manual/Livro do Professor: • Respostas, Sugestões, Metodologias, Dicas, Planejamento Anual, Avaliações Bimestrais e 1 CD. •Unidades (Temas) • 8 (sendo 2 revisões) •Material e Atividade Complementar • Música, Glossário, História, Fantoche, Colagem, Livro de Leitura e Jogos. •Manual/Livro do Professor • Planejamento Anual, Sugestões, Lembretes Gramaticais, Objetivos, Estratégias, Lista de Comandos Usuais. •Unidades (Temas) •10 (sendo 2 revisões) •Material e Atividade Complementar •Jogos, Glossários, Adesivos, Colagem e Encarte sobre datas comemorativas. •Manual/Livro do Professor •Respostas, orientações, encarte, 12 pôsteres, 2 CDs e 1 Vídeo, Sugestões, Atividades Extras e Temas Transversais. Avaliação dos Livros • As autoras revelaram que todos apresentam uma similaridade em relação ao número de unidades, no caso, organização por “temas”. Esses materiais trazem músicas, jogos, atividades complementares e uma grande diversidade de materiais complementares, coloridos e bem elaborados para uso exclusivo de cada aluno, bem diferente de livros produzidos para outras faixas etárias, indicando, portanto, que a produção do material leva em conta esta faixa etária. • Os livros estudados são direcionados aos alunos da 1° série, de 6 a 8 anos de idade, que já tenham sido alfabetizados em língua materna, e, pressupõe que estejam tendo o primeiro contato com língua estrangeira. Além disso, as autoras constataram que os objetivos não aparecem explicitamente em nenhum dos livros dos alunos analisados, somente são apresentados no livro/manual do professor. • Os livros mostram uma grande preocupação com a parte afetiva (perder o medo, estar motivado, etc), desta forma as autoras acreditam que no que tange a uma ‘aprendizagem prazerosa’ é possível que as atividades de músicas, jogos, colagens e outras possam auxiliar na consecução desses objetivos. Entretanto, a interação é interpretada como trabalho em dupla ou grupo. De ‘forma significativa’ parece difícil de ser operacionalizado, devido aos procedimentos e tipos de atividades adotados. • Numa visão geral, a linguagem e o ensino-aprendizagem são abordados de forma que privilegiam muito o aspecto lexical da língua em detrimento de expressões que poderiam ser mais úteis para nossos alunos, ou seja, as palavras são apresentadas isoladamente, sem nenhum contexto discursivo. Além do mais, há uma maior presença de exercícios de repetição, memorização e fixação que visam à aquisição principalmente de vocabulário, enfatizando a visão mais tradicional da aprendizagem. • Nos livros dos alunos, os conteúdos são apresentados como títulos/temas. Em nenhum livro as autoras encontraram referências aos conhecimentos de mundo, textual ou sistêmico sugeridos pelos PCN-LE (Brasil, 1998). E não há uma variação de tipos textuais, uma vez que o texto é a unidade em foco para o ensino-aprendizagem. • Os objetivos das atividades não são descritos em nenhum dos livros. Mas, entre todos os livros analisados, somente o Playing in English 1 contem prática de compreensão oral através de exercícios de fixação. O material é explorado por atividades de fixação, memorização de vocabulários, músicas, jogos e atividades para o desenvolvimento das habilidades motoras. Em relação a compreensão oral, os alunos são exposto à pronuncia das palavras (CD do professor). REFLEXÃO • As autoras observaram que os objetivos referentes a uma aprendizagem significativa dificilmente será alcançado, pois não há situações sociais suficientes que proporcionem a esses alunos a construção de um processo de aprendizagem de língua estrangeira significativo, a não ser que o professor deseja criá-la. Diante dos resultados obtidos, as autoras constataram que há algumas falhas nessas edições, pois em suma, esses materiais privilegiam práticas mecânicas e descontextualizadas de vocabulários e estruturas da língua; trazem mais propostas de atividades de compreensão e prática escritas do que de compreensão e, principalmente, de produção orais. Assim como, a falta de clareza dos objetivos para alunos.