IE733 – Prof. Jacobus 12a Aula Cap. 4 A Estrutura MOS de Quatro Terminais (parte 2) 4.4 Regiões de Inversão em Termos de Tensões nos Terminais. O nível de inversão refere-se à região do canal próximo à fonte, sendo: • inv. próx. fonte > inv. próx. Dreno • VDS  0 ou VDB  VSB Nível de inversão do transistor depende somente de VGB e VSB Fig. 4.12 onde: VM  VFB  2 F   2 F  VSB VH  VM  VZ onde: VZ  0.5  0.6V VL não tem muita importância prática, pois: • as correntes reversas já são da ordem ou maiores que IDS neste ponto de VGS = VL. Interessa apenas um VGS < VM – VL na região de inversão fraca. Os limites de inversão em termos de VSB ou VDB, para VGB fixo, são obtidos por: 2     VQ     VGB  VFB  VZ   2 F 4  2  2 2    2 VW     VGB  VFB   2 F 4  2  Fig. 4.13 Vamos analisar as 3 regiões separadamente, visando expressões simplificadas para IDS: • reduzir tempo de computação pois, devemos calcular s0 e sL numericamente p/ obter IDS. Isto é muito demorado. • permite enfocar o fenômeno predominante na região desejada, com aproximações apropriadas e usar parâmetros explícitos. • permite o projetista visualizar a dependência funcional de IDS e fazer uso desta para criar novos circuitos. 4.5 Inversão Forte 4.5.1 Modelo de Inversão Forte Simétrico Completo a) Não saturação (triodo): VDB < VQ e VSB < VQ s0  0 + VSB sL  0 + VDB onde: 0 = 2F +    6t é um bom compromisso. Assim, temos canal com Inv. Completa  Ider >> Idif  I DS  I DSN  I DS 1 onde (modelo completo):     W 1 2 3 32 '  2 32  I DS 1  Cox VGB  VFB  sL  s 0    sL  s 0   sL  s 0  L 2 2   Substituindo s0 e sL  I DSN      W 1 2   Cox' VGB  VFB VDB  VSB   VDB  0 2  VSB  0 2   VDB  0 3 2  VSB  0 3 2  L 2 3   Após mais algumas manipulações: I DSN      W 1 2   Cox' VGB  VFB  0 VDB  VSB   VDB 2  VSB 2   VDB  0 3 2  VSB  0 3 2  L 2 3    IDSN é da forma: I DSN W  g VGB , VDB   g VGB , VSB  L = função simétrica de VDB e VSB. Esta expressão de IDSN é a base do modelo SPICE nível 2. b) Derivação Direta de IDSN em Inv. Forte: Classicamente, IDSN é derivada diretamente e não a partir do caso geral, da sec. 4.3.1. G S n+ D n+ x 0 + VSB 0 + VCB L 0 + VDB 0 No ponto x: s0 < s(x) < sL Define-se: VCB(x) tal que: s(x) = 0 + VCB(x) VCB(x=0) = VSB VCB(x=L) = VDB VCB é a polarização efetiva da junção n+p induzida, no ponto x, variando de VSB a VDB. d s dVCB • Como 0 = cte   dx dx • Tínhamos: I der ( x)  W (QI' ) d s dx ' dVCB  I DSN  W (QI ) dx Integrando de W V I DSN    (QI' )dVCB x=0 ax=L L V DB SB Tínhamos: '   Q ' ' B QI  Cox VGB  VFB  s  '  Cox   '   Q ' ' ' ' B   QI  Cox VGB  VFB  0  VCB  ' ; onde: QB  Cox 0  VCB Cox     Q ( x)  C VGB  VFB  0  VCB ( x)   0  VCB ( x) ' I ' ox   Cox' VGB  VTB ( x) Substituindo QI’ na integral de IDSN e assumindo  = cte, obtém-se a mesma expressão completa de IDSN: I DSN      W 1 2   Cox' VGB  VFB  0 VDB  VSB   VDB 2  VSB 2   VDB  0 3 2  VSB  0 3 2  L 2 3   Fig. 4.14 Compare com Fig. 4.6a: c) Saturação (Direta): A relação de IDSN é válida para VDB < VQ. Em algumas aplicações podemos tolerar um erro e adotar IDSN válido até o ponto VP, onde: dIDSN 0 dVDB 2 VDB 2      VP      VGB  VFB   0  2  4   neste ponto: I DS  I ' DS  I DSN VDB VP  VP = VDB tal que VTB(VDB) = VGB VP = f(VGB)  f(VSB) O valor de VP é próximo a VW VP – VW = 0 - 2F  6t  150 mV. Para VDB = VP  QIL’ = 0 = pinch-off junto ao dreno, de acordo com a linha tracejada da Fig. 3.12, que é uma aproximação e corresponde a:. Q  C VGB VTB VDB  ' I ' ox Na verdade, QI’(VDB=VP)  0 Como IDS(x) = cte  v próx. a L, mas não necessita ser , já que QI’(L)  0. G Para VDB > VP: S D n+ n+ o pto pinch-off < L x>0, onde QI’  e v  pto pinch-off x é parecido a uma região de depleção, com V = VDB – VP aplicado A tensão VP continua sendo a tensão VCB no ponto x = pinch-off do canal. Se VDB   V   x  porém x << L é assumido. IDS  cte, pois VP = cte sobre (L - x) IDS =  IDSN p/ VDB  VP  IDS’  cte p/ VDB  VP O procedimento acima é muito aproximado: • x/L pode ser significativo • o campo elétrico próximo ao dreno é 2D  aproximação de canal gradual fica pobre • temos um erro considerável em VQ < VDB < VP. Resulta IDS’ (VDB>VP) não constante. 4.5.2 Modelo de Inversão Forte Simétrico Simplificado O modelo anterior partiu do modelo de folha de cargas completo. Agora, partiremos do modelo de folha de cargas simplificado da secção 4.3.2: • tomando os termos restritos à deriva, da expressão: W  1 '2 '2 ' '  I DS    QI 0  QIL  t QIL  QI 0  ' L  2nCox  ou seja, desprezando o último termo referente a difusão, resulta: W  '2 '2 I DS  QI 0  QIL ' L 2nCox     • substituindo (eq.3.5.14b): QI'  nCox' VP  VCB  (esta equação envolve aproximação de Taylor), I DSN  resulta: W 2 2 ' n  Cox VP  VSB   VP  VDB  L 2 onde VP e n dependem de VGB: 2    2 VP     VGB  VFB   0 4  2  n  1  2 0  VP (VGB )  Similarmente, início da saturação é o pto onde: dI DSN dV DB 0 W 2 ' ' n e/ou VDB  VP  I DS  Cox VP  VSB  L 2 Na sec. 3.5 tínhamos: VGB  VT 0 VP  n VT 0  VFB  0   0 Substituindo VP em IDSN resulta: I DSN   W n 2 2  '   Cox VGB  VT 0 VDB  VSB   VDB  VSB  L 2   Impondo agora: dI DSN dV DB 0  I ' DS W C 2 VGB  VT 0  nVSB   L 2n ' ox Pergunta: Com tanta aproximação, qual a precisão do modelo? Depende do método de obtenção dos parâmetros: • usando as equações físicas, ex. F e outros  erro • usando métodos de ajuste com minimização de erro, obtém-se boa concordância em algumas regiões e para algumas características. 4.5.3 Modelo Simples de Inversão Forte com Referência ao Terminal de Fonte. Tínhamos: s0 = 0 + VSB sL = 0 + VDB (transp. 28 – parte 1, cap.4) Do modelo de folha de carga simplificado – sec. 4.3.2 – expressão 4.3.33: W  '  2 I DS 1  Cox (VGB  VFB  s 0    s 0 )( sL  s 0 )  ( sL  s 0 )  L 2    Substituindo s0 e sL  I DSN  I DS 1   W    Cox' (VGB  VFB  VSB  0   0  VSB )(VDB  VSB )  (VDB  VSB ) 2  L 2   Onde  é nominalmente     1  1   1 assumido como: 2  s0 2 0  VSB Substituindo VDB  VSB  VDS agora: VGB  VSB  VGS VFB  0   0  VSB  VT  VT  I DSN VSB W  2 '   Cox VGS  VT VDS  VDS  L 2   Derivação Direta em Inv. Forte: A expressão completa de IDSN (sec.4.5.1) inclui termos com expoente 3/2, cuja origem está no termo: ' QB   0  VCB Fig. 4.16 Por aproximação de Taylor, pto VCB = VSB = linha “a” ' B ' ox Q    0  VSB  1  1VCB  VSB  C Onde: (1-1) é a inclinação da curva “a”. Obtém-se bom ajuste próximo a VCB = VSB É superestimado em VCB próximo a VDB Obtém-se melhor ajuste global para  < 1 (linha b) '  QB  ' ' Tínhamos: QI  Cox VGB  VFB   0  VCB  '  Cox   ' '  QI (VCB )  Cox VGB  VT   VCB  VSB  Como (com  cte): I DSN  I DSN W VDB    (QI' )dVCB L VSB VDB W '  Cox  VGS  VT   VCB  VSB dVCB VSB L  I DSN W  2 '   Cox VGS  VT VDS  VDS  L 2   onde: VT  VFB   0    0  VSB  VT 0    0  VSB   0  VT 0  VFB   0    0 Pto de saturação: 0 VGS  VT V  ' I DS W Cox' 2 VGS  VT    L 2 ' DS Fig. 4.17 dI DSN dV DS   I DSN I ' DS W  2  p/ V <V ’ '   Cox VGS  VT VDS  VDS  DS DS L 2   ' ox W C 2     VGS  VT L 2 p/ VDS>VDS’ Fig.4.18 VSB entra no modelo através de VT, como ilustra Fig. 4.19: As 2 equações de IDS podem ainda ser agrupados como: VDS p/ V <V ’ ' 2 DS DS I DS  I DS 1  onde:   1  ' VDS p/ VDS>VDS’ 0 Vale em sat. e não sat.   ' DS Pelas equações: V  VGS  VT  QI' (VCB )  Cox' VGB  VT   VCB  VSB  VGS  VT   0 obtém-se: Q (VCB )  C VGB  VT       ' I ' ox Isto realmente corresponde ao “pinch-off” do canal em x = L. Este fato, não realista, e as aproximações usadas em torno de VDS’ são normalmente tratadas por funções de suavização para melhorar a transição de não saturação para saturação. Voltamos à Escolha de  Apropriado: a) No início, SPICE nível 1,  = 0 = 1 (linha c na Fig.4.16), resulta em aproximação grosseira. QB’(x) = cte = QB’(VSB)  QB’ é subestimado em x > 0  QI’ superestimado em x > 0  IDS superestimado ! VDS’=(VGS-VT)/ = VGS-VT para  =1, é também superestimado ! (se QI’ for superestimado  necessitamos VDB para ocorrer “pinch-off” ou QIL’ = 0) b)   1  1    2 0  VSB (linha a, na Fig. 4.16) QB’ superestimado QI’ subestimado IDS subestimado VDS’ subestimado c) 0 < 2 < 1, para minimizar erro (linha b na Fig. 4.16): 2  1  d2 d2  1   2 0  VSB onde d2 = 0.5 a 0.8 = fator de correção, ou ainda: 1 k1  k2 ( B  VSB ) onde k1 e k2 são ctes para mínimo erro.  d) 3  1  2 3  0  VSB  e)  4  1  4 0 = função empírica, onde 3 = 1V  boa precisão e simplicidade. = função independente de VSB. A escolha de  depende de: • precisão desejada • velocidade de cálculo desejada • faixas de tensões de polarização usadas (Veja problemas 4.12 e 4.14). No caso de  , ou seja, tox  e/ou NA     1  I DS W 1 2 '   Cox VGS  VT VDS  VDS  L 2   p/ VDS<VDS’ I DS 1W 2 '  Cox VGS  VT  2 L p/ VDS>VDS’ ' DS V  VGS  VT No caso de   a escolha de  torna-se muito importante. Curvas: 1  experimental 2   = 0 = 1 com parâmetros ajustados p/ IDS’ 3   = 0 = 1 com parâmetros ajustados p/ IDSN 4   = 1.7 O modelo não é válido p/ VGS próximo a VT com inversão moderada. Potencial VCB versus Posição: Pode ser determinada de forma simples em Inv. Forte. Temos IDSN = W/L.f(VGB,VSB,VDB), onde a função depende do modelo adotado. Considerando um pto x como “dreno”, teremos a mesma corrente IDSN, sendo “VDB” = VCB(x). IDSN = W/x.f(VGB,VSB,VCB(x)) Pela divisão das 2 expressões: x f (VGB ,VSB ,VCB ( x))  L f (VGB ,VSB ,VDB )  obtém-se a relação x  VCB(x) Usemos como exemplo o modelo aproximado acima: VGS  VT VCS ( x)   VCS2 x 2  a) onde: V =V -V CS CB BS L V  V V ( x)   V 2 GS T DS DS 2 ou x 1   VCB ( x) b)  2 L 1   VDS  2 VCB ( x) p/ V <V ’ onde:   1  DS DS ' VDS p/ VDS>VDS’ 0 Das relações acima, obtém-se (Probl. 4.17):  VGS  VT  x 2 VCB ( x)  VSB  1  1  1     L     • p/ VDS   VCB(x) varia linearmente, pois QI’cte  similar a resistor. • p/ VDS   QI’(x) varia muito  V(x)/x  e QI’   resistor distribuído com R variável. Fig. 4.22 •  QI’(x0) ; vn,der(x0) ; QI’(xL) ; vn,der(xL)  IDS = cte vn,der (xL) pode ser vs Vs  107 cm/s Nova origem de saturação de IDS  ocorre p/ L curto,  reduz valor de VDS’  Ver Cap.6 ! Curva VCB(x) p/ VDS=VDS’ resulta com slope infinito  e lat   Isto é fisicamente impossível  limitação do modelo: • QI’(xL) =0 não é razoável • não se considerou IDS,dif no modelo; este é desprezível em não sat., mas considerável na sat., na região de QI’ Comparação com o Modelo Completo de Inv. Forte: Modelo completo Inv. Forte (sec.4.5.1)  Modelo completo de folha de carga (sec.4.3.1) Modelo simples de Inv. Forte (sec.4.5.3)  erro (até 5% em IDS) Mesmo assim, adota-se o modelo simples de Inv. Forte pelos seguintes motivos: 1. Modelo Simples!  importante p/ simulação de CI’s grandes e importante p/ cálculo manual. 2. Dispositivos reais apresentam efeitos de 2a ordem que não são considerados nos modelos. Ex. NA(y)  cte (Cap.5)   precisão dos modelos tem importância reduzida. 3. As expressões dos modelos são usados para derivar: a) Expressões de cargas (Cap. 7) b) Expressões de capacitâncias (Cap.8)  Modelo simples de Inv. Forte  expressões simples  Modelo completo de Inv. Forte  expressões muito complexas e não práticas, ou mesmo impossíveis para alta freqüência (Cap.9). 4. O modelo simples de Inv. Forte contém explicitamente VT, porém VT pode variar com W e L  é introduzido um VT efetivo (Cap.6) O modelo completo não contém VT explicitamente,  impede adotar o mesmo procedimento. O modelo simples é mais versátil p/ uso geral em Inv. Forte. Apenas p/ estudar nuances na Inv. Forte, prefere-se usar o modelo completo. Também p/ eventualmente derivar novos modelo simples a partir dela. 4.5.4 Resumo da Seqüência dos Modelos Todos estes modelos são usados. A escolha depende do interesse e da aplicação. Resumo das relações básicas para os modelos: W 1 2 a) SPICE nível 1: I '  Cox VGS  VT VDS  VDS  DSN  L 2   ' I DS W Cox' 2 VGS  VT    L 2 b) SPICE nível 2: I DSN      W 1 2   Cox' VGB  VFB  0 VDB  VSB   VDB 2  VSB 2   VDB  0 3 2  VSB  0 3 2  L 2 3   c) SPICE nível 3: I DSN ' I DS W  2 '   Cox VGS  VT VDS  VDS  L 2   W Cox' 2 VGS  VT    L 2