Noção de Comportamento Organizacional Prof. Ms. Hélder Lima Gusso 2009.02 Comportamento Organizacional: Para quê? Ênfase tradicional nos cursos de administração era em economia, contabilidade, finanças, etc. A partir dos estudos sobre desempenho e eficácia organizacional, passou a se destacar os comportamentos interpessoais como parte importante da formação do administrador. “As 100 melhores empresas para se trabalhar nos Estados Unidos (melhores ambientes de trabalho) foram as que também apresentaram melhor desempenho financeiro”. (Robbins, 2005) Qual o papel do executivo/administrador? Henri Fayol (início do séc XX): – Planejar, organizar, comandar, coordenar e controlar; – Planejar, organizar, liderar e controlar. Planejar: definir objetivos e meios para alcançá-los Organizar: estruturação e divisão de tarefas Liderar: dirigir e coordenar pessoas Controlar: monitorar desempenho (real x esperado) Qual o papel do executivo/administrador? Henry Mintzberg (final de 1960): – Papéis sociais do executivo Relacionamento interpessoal: – ”figura de proa”: Cerimonial e simbólico – “Lider”: motivação dos colaboradores – Ligação: elo com fontes internas e externo de informações Informação: – Monitor: processamento de informações – Disseminador: compartilha informações – Porta-voz: comunica para sociedade informações da empresa Decisões: – Empreendedor: identifica oportunidades e inicia projetos – Gerenciador de turbulências: ações corretivas – Alocador de recursos: toma decisões ou dá apoio – Negociador: representa a org. em negócios estratégicos Qual o papel do executivo/administrador? Robert Katz (déc. 1970): – Habilidades técnicas, humanas e conceituais. Técnicas: uso de instrumentos, ferramentas e conhecimentos básicos da profissão Humanas: habilidades para trabalhar com pessoas Conceituais: compreensão e abstração para analisar situações complexas, identificar problemas, desenvolver soluções, correções, tomar decisões, etc. Definir objetivos Montar equipes eficazes Motivar pessoas O que é Comportamento Organizacional (CO)? “Campo de estudos que investiga os impactos que os indivíduos, grupos e estrutura têm sobre o comportamento em organizações, com o objetivo de utilizar esse conhecimento para melhorar a eficácia organizacional”. (Robbins, 2005, p.6) Em resumo: o que as pessoas fazem e como isso afeta o desempenho das organizações. Conhecimento intuitivo (senso-comum) x estudo sistemático sobre o comportamento A experiência de vida de cada um já não nos ensinou o suficiente para compreender o comportamento humano? O estudo do CO Além da Psicologia, outras ciências contribuem para entender o comportamento organizacional: 1. Antropologia: estuda sociedades e culturas, considerando suas origens, rituais, simbolismos, comportamentos. Foco nas culturas. 2. Sociologia: estuda as sociedades, os grupos e instituições. Foco nos fenômenos e relações sociais mais amplos. O estudo do CO 3. Ciência política: estuda sistemas e processos políticos nas instituições, organizações e grupos humanos. Foco nas relações de poder. 4. Comunicação: estuda o sentido, a estrutura e a dinâmica da produção, armazenamento e circulação da informação na sociedade. Foco nos processos de troca. 5. Filosofia: estudo das idéias e sistemas de idéias. Foco na reflexão crítica, e na estrutura de argumentação. O que é Comportamento Organizacional (CO)? Modelo sistêmico de estudo do CO (Robbins, 2005): Cultura e clima organizacional Nível dos sistemas (MACRO) da organização Estrutura organizacional Políticas organizacionais Mudança organizacional Nível do grupo (MESO) Conflitos e negociação Tomada de decisão em grupo Comunicação Liderança e poder Grupos e Equipes Nível do indivíduo (MICRO) Valores e atitudes Personalidade e emoções Diferenças individuais Motivação Percepção Tomada de decisão individual Aprendizagem Variáveis envolvidas no C.O. Variável: Aspecto ou dimensão de um fenômeno Variáveis assumem diferentes papéis, de acordo com o contexto. – – – – – Variáveis independentes Variáveis dependentes Variáveis controladas Variáveis intervenientes ... Variáveis independentes e dependentes Variável independente (VI): – fatores que influenciam, afetam, causam mudanças nas variáveis dependentes Variável dependente (VD): – “fatores-chave” que se deseja explicar, prever ou controlar – revelam o foco das preocupações dos estudiosos Variáveis usuamente estudadas como dependentes no CO Robbins (2005) destaca as VDs mais estudadas: – Produtividade – Absenteísmo – Rotatividade – Cidadania organizacional – Satisfação no trabalho Outros exemplos de VDs: – Atratividade da organização – Capacidade de aprendizagem e de inovação – Flexibilidade organizacional – Saúde e qualidade de vida no trabalho – Ética e responsabilidade socioambiental Variáveis Dependentes e Independentes do CO A escolha das variáveis, sua organização em VIs e VDs e as formas de mensurá-las variam conforme a visão sobre o papel do CO, o contexto e o objetivo. Por exemplo: o grau de satisfação no trabalho pode ser visto como causa e/ou conseqüência do nível de produtividade. Daí serem interessantes as noções de: – Variáveis interdependentes (correlacionadas). – Intercausalidade ou causalidade circular. Críticas à abordagem ‘tradicional’ do CO Nas ciências administrativas e no campo do comportamento organizacional têm prevalecido uma visão demasiadamente simplista: – obsessão pela eficácia, desempenho, produtividade, rendimento no curto prazo; – caráter excessivamente quantitativo, economicista, formal e reducionista na compreensão dos grupos humanos e das organizações; – evitação de reflexões críticas sobre a ordem organizacional (por ex.: críticas à lógica capitalista); – supervalorização da racionalidade e objetividade em detrimento da subjetividade; – Desconsideração de variáveis importantes para a sociedade, organização, equipes e colaboradores. Críticas à abordagem ‘tradicional’ do CO É preciso considerar (Chanlat, Vergara e outros): – a ideologia gerencial, a lógica e a ética do lucro (acumulação), a responsabilidade social; – a interioridade, a subjetividade e a saúde psíquica; – as questões de gênero, afetivas e familiares; – as questões relativas às emoções, ao corpo e ao prazer – as relações entre poder, ideologia, linguagem e simbolismo; – as questões culturais, diversidade e alteridade; – as questões relativas ao trabalho e temporalidade; – as relações entre transgressão e inovação. O Estudo Crítico do Comportamento Organizacional É preciso estudar o CO dentro de uma visão crítica!! É preciso considerar outras visões teóricas para além da visão anglo-saxã predominante. Para cada tema, modelo ou teoria é preciso questionar: qual é o seu papel / ideologia subjacente? – Ajudar a compreender e prever, controlar e moldar os comportamentos das pessoas, adaptando-as à organização? – Ajudar a adaptar as organizações às pessoas, contribuindo para humanizar as relações e produtos do trabalho? – Contribuir para o desenvolvimento sustentável da sociedade? Bibliografia Básica: – Robbins, S. Comportamento organizacional. 11.ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005. Cap. 1