Refluxo Gastro-Esofágico Ulysses Fagundes Neto Professor Titular de Gastroenterologia Pediátrica da Escola Paulista de Medicina UNIFESP Refluxo Gastro-Esofágico “Transito retrógrado intermitente do conteúdo gástrico em direção ao esôfago” Refluxo Gastro-Esofágico Refluxo Gastro-Esofágico Regurgitação é um sintoma universalmente referido com elevada freqüência. Afeta cerca de metade dos lactentes aos 2 meses de idade O pico de intensidade da regurgitação ocorre aos 3 meses de idade e a resolução dos sintomas costuma ocorrer entre 6-12 meses de idade Refluxo Gastro-Esofágico Refluxo Gastro-Esofágico Regurgitação pode ocorrer em até 67% dos lactentes aos 4 meses de idade Não há diferenças significativas na incidência da regurgitação quanto ao tipo de aleitamento: NATURAL x ARTIFICIAL ≈ 70% dos pais dos lactentes de 0-6 meses que procuram atenção médica consideram regurgitação um problema grave Refluxo Gastro-Esofágico Refluxo Gastro-Esofágico ≈ 20% dos pais que não buscam atenção médica, apesar de seus filhos apresentarem regurgitação, consideram a ocorrência do sintoma um problema. Dentre os lactentes com diagnóstico de refluxo, 80% regurgitam mais de uma vez por dia, enquanto este sintoma ocorre em 40% dos lactentes “normais” Refluxo Gastro-Esofágico Evolução Natural do RGE Assintomático até 2 anos 60 – 90% Persistência dos sintomas até 4 anos 30% Complicações – estenose de esôfago 5% Óbitos 5% (Carré, 1959) Refluxo Gastro-Esofágico Refluxo Gastro-Esofágico Regurgitação pode ocorrer em lactentes “normais” que não apresentam complicações devido ao refluxo gastroesofágico, tais como: Déficit pondero-estrutural, esofagite, sangramento digestivo, apnéia, manifestações respiratórias e estenose esofágica Refluxo Gastro-Esofágico Refluxo Gastro-Esofágico Quando, porém, a regurgitação é acompanhada dos sinais e/ou sintomas já referidos fica caracterizada a Doença do refluxo gastro-esofágico. Estes pacientes devem ser encaminhados ao especialista para realizar avaliação diagnóstica apropriada. Refluxo Gastro-Esofágico Barreira Anti-Refluxo Depuração do material refluído • • • • Peristaltismo esofágico Gravidade Saliva Esvaziamento gástrico Fatores anatômicos • Roseta da mucosa gástrica • Ângulo de Hiss Refluxo Gastro-Esofágico Barreira Anti-Refluxo Esfíncter esofágico inferior • Zona de alta pressão: aumenta com a idade pós-natal e o comprimento do esôfago Comprimento do esfíncter Refluxo Gastro-Esofágico Refluxo Gastro-Esofágico Fatores contribuíntes para a elevada incidência de regurgitação em lactentes: Relaxamento transitórios do esfíncter esofágico inferior Depuração gravitacional e peristáltica diminuída no esôfago distal, do material refluído Esvaziamento gástrico lento Refluxo Gastro-Esofágico Refluxo Gastro-Esofágico Etiologia Fatores mecânicos Hipotensão do esfíncter esofágico inferior Fatores hormonais Esvaziamento gástrico Drogas / Alimentos Clareamento esofágico Refluxo Gastro-Esofágico Refluxo Gastro-Esofágico Fisiopatologia da Esofagite Refluxo Prostaglandina Sérica Diminuição da resistência da Mucosa Inflamação Pressão tônica do esfíncter esofágico inferior Peristaltismo depurador do esôfago refluxo Refluxo Refluxo Gastro-Esofágico Refluxo Gastro-Esofágico Fisiopatologia da Esofagite Resistência da mucosa à ação deletéria do material refluído Prostaglandina sérica (diminui resistência da mucosa) Pressão tônica do esfíncter esofágico inferior (inflamação) Peristaltismo depurador do esôfago Material refluído contendo secreção duodenal (pepsina, sais biliares, etc.) Refluxo Gastro-Esofágico Refluxo Gastro-Esofágico Demais sintomas além de vômitos e regurgitação Perda de peso Déficit Pondero-Estatural Anemia Ferropênica Irritabilidade Crises de Torcicolo Hematêmese e Melena Disfagia Epigastralgia Dor Retroesternal Cólica Alimentar Colite p/ Alergia Refluxo Gastro-Esofágico Refluxo Gastro-Esofágico Refluxo Gastro-Esofágico Refluxo e Doença Pulmonar Desordens respiratórias decorrentes do refluxo: • Macroaspiração Microaspiração • Sem aspiração 1. Broncoespasmo reflexo 2. Laringoespasmo reflexo 3. Reflexo central (apnéia central, bradicardia) Refluxo Gastro-Esofágico Mecanismos Fisiopatológicos Refluxo GE x Asma Macro ou microaspiração do conteúdo Tuchman (1984): Broncoconstrição após instilação de ácido Bruxellas (1988): 4.000 cintilografias baixa incidência de aspiração (<2%) Refluxo Gastro-Esofágico Refluxo Gastro-Esofágico Diagnósticos Métodos diretos: • • • • Radiologia contrastada com bário Cintilografia Gastroesofágica Teste de Refluxo Ácido Monitorização prolongada do pH intraesofágico • Ultrassonografia esofago-gástrica Método indireto: • Manometria esofágica Refluxo Gastro-Esofágico Refluxo Gastro-Esofágico Radiologia Eficácia do méodo: 26 – 96% Quais as vantagens? Maior disponibilidade nos centros médicos Afasta causas orgânicas associadas ao RGE provenientes do esôfago, estômago e duodeno Analisa a deglutição Quais as desvantagens ? Resultados falso + e falso – Radiação pouco tempo de exame Refluxo Gastro-Esofágico Refluxo Gastro-Esofágico Refluxo Gastro-Esofágico Cintilografia Gastro-esofágica Sensibilidade: 86% (Kaul et al) Vantagens: Refluxo Alcalino Motilidade Esofágica Aspiração Pulmonar - Rara Refluxo Gastro-Esofágico RGE - Cintilografia Refluxo Gastro-Esofágico Indicação de pHmetria RGE oculto sem esofagite endoscópica Sintomas atípicos Controle de tratamento Refluxo Gastro-Esofágico pHmetria Indicação: Refluxo sem esofagite macro e microscópica Ausência de “Padrão ouro” Intensidade dos sintomas e “score” pH Correlação entre evento/sintoma Índice sintoma: sintoma relacionado a refluxo Nº Total sintoma Índice sensibilidade sintoma: % de sintomas associados aos episódios de refluxo Refluxo Gastro-Esofágico pHmetria Refluxo Gastro-Esofágico Refluxo Gastro-Esofágico Monitorização prolongada do pH esofágico (18 – 24h) • • • • Número de episódios de refluxo Número de episódios >5 minutos Episódio mais longo de refluxo Porcentagem de tempo com refluxo Permite estabelecer correlação entre o aparecimento de refluxo e o início dos sintomas. Refluxo Gastro-Esofágico Refluxo Gastro-Esofágico Refluxo Gastro-Esofágico Endoscopia Esofagite / Estenose / Epitélio Barrett Escolha do tratamento Avaliação do tratamento Seleção dos pacientes para cirurgia Refluxo Gastro-Esofágico Esofagite Endoscópica Grau 0: Mucosa normal Grau I: A – Enantema com inflamação histológica B – Erosão única ou múltipla não confluente Grau II: Erosões confluentes não envolvendo toda a circunferência Grau III: Lesões envolvendo toda a circunferência sem estenose Grau IV: Esôfago de Barrett ou estenose Refluxo Gastro-Esofágico Esofagite Endoscópica Refluxo Gastro-Esofágico Esofagite Endoscópica Refluxo Gastro-Esofágico Esofagite Endoscópica Refluxo Gastro-Esofágico Esofagite Endoscópica Refluxo Gastro-Esofágico Esofagite Endoscópica Refluxo Gastro-Esofágico Esofagite Endoscópica Refluxo Gastro-Esofágico Esofagite Endoscópica Refluxo Gastro-Esofágico Esofagite Endoscópica Refluxo Gastro-Esofágico Esofagite Endoscópica Refluxo Gastro-Esofágico Refluxo Gastro-Esofágico Tratamento Regurgitação pode ser controlada utilizando-se medidas simples e eficazes que proporcionam nutrientes apropriados para garantir ganho pondero-estatural adequado. Refluxo Gastro-Esofágico Tratamento do RGE Sintomático: • Postural • Dietético Refluxo Gastro-Esofágico Tratamento do RGE Refluxo Gastro-Esofágico Tratamento do RGE Refluxo Gastro-Esofágico Refluxo Gastro-Esofágico Tratamento da Regurgitação A – Conservador 1. Intervenção precoce (<3 meses de idade) 2. Aconselhamento dos pais 3. Posicionamento 4. Fórmulas espessadas B – Medicamentoso Farmacoterapia deve ser reservada para situações de problemas comprovados (esofagite, pneumonia de repetição, asma, apnéia, desnutrição) Refluxo Gastro-Esofágico Refluxo Gastro-Esofágico Esquema Terapêutico para refluxo GastroEsofágico recomendado pela ESPGAN em 1993 (cont.) Fase 3 3A - Bloqueadores H2: Cimetidina, Ranitidina 3B – Inibidores da Bomba de Proton: Omeprazol Fase 4 Cirurgia: Fundoplicatura de Nissen Refluxo Gastro-Esofágico Refluxo Gastro-Esofágico Esquema terapêutico recomendado a partir de 1977 Yvan Vandenplas e cols (Eur.J.Ped. 156:104-6, 1977) Fase 1 1A - Aconselhamento dos pais 1B - Agentes Espessantes Fase 2 Pro-cinéticos: Cisaprida Fase 3 Posição: Prona, Trendelenburo reverso (30º) Refluxo Gastro-Esofágico