Prognóstico a longo prazo da epilepsia
sintomática do lobo occipital secundária a
hipoglicemia neonatal
Long term prognosis of symptomatic occipital lobe
epilepsy secondary to neonatal hypoglycemia
Hesham Montassira, Yoshihiro Maegaki,
Kousaku Ohnoa, Kaeko Ogura
Epilepsy Research (2010) 88, 93—99
Apresentação:Fernando Augusto Lopes Deckers
Coordenação: Fabiana Alcântara de Moraes Altivo
R3 UTI Pediátrica – HRAS/HMIB/SES/DF
www.paulomargotto.com.br
Brasília, 10 de agosto de 2013
INTRODUÇÃO
- A glicose é indispensável ao metabolismo
neuronal, e hoje é bem conhecido que a
hipoglicemia neonatal pode levar a lesão cerebral
posterior.
- As sequelas neurológicas da hipoglicemia
neonatal incluem atraso no desenvolvimento
neuropsicomotor
(DNPM),
dificuldade
de
aprendizado,
transtornos
comportamentais,
epilepsia e alterações visuais.
- A epilepsia de lobo occipital é uma das
consequências de quadros de hipoglicemia grave no
- A epilepsia de lobo occipital secundária a
hipoglicemia neonatal é de difícil tratamento,
frequentemente levando a status epilepticus;
entretanto, boa parte dos casos tem remissão no
longo prazo.
- Este estudo objetivou verificar o prognóstico a
longo prazo de pacientes com epilepsia do lobo
occipital secundária a hipoglicemia neonatal.
PACIENTES E MÉTODOS
- Estudo retrospectivo, descritivo
- Base de dados do Hospital Universitário de
Tottori (Japão), de 1980 a 2006: 12463 pacientes
- 81 pacientes com epilepsia do lobo occipital,
definida pela clínica (crises epilépticas com
alucinações visuais, desvios do olhar etc) e EEG
(achados
característicos
nas
derivações
posteriores).
- Foram excluídos pacientes com epilepsia do lobo
occipital com outras lesões nesta topografia que não
fossem devido a hipoglicemia neonatal.
- Pacientes com hipoglicemia no período neonatal que
nasceram prematuros ou que possuíam erros inatos do
metabolismo, malformações congênitas, malformações
cerebrais e alterações cromossômicas foram excluídos do
estudo (tabela 1)
- Hipoglicemia neonatal foi definida como:sangue total
Entre 0 e 3 h: < 35 mg/dL
Entre 3 e 24 h: < 40 mg/dL
Após 24 h: < 45 mg/dL
- Foram pesquisados dados de prontuário
referentes a características dos quadros de
epilepsia, ressonância magnética de crânio e
avaliação cognitiva.
- Status epilepticus: definido como uma crise
convulsiva com duração de mais de 30 minutos.
- O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética do
Hospital Universitário de Tottori.
RESULTADOS
- Pacientes 1 – 4 nasceram no Hospital Tottori;
pacientes 5 e 6 nasceram em outros serviços e
faziam seguimento neste hospital.
- Três pacientes tiveram hipoglicemia severa (<15
mg/dL).
-Cinco
pacientes tiveram comprometimento do
DNPM ou alterações na ressonância magnética
(RNM); um apresentou perda visual e paralisia
cerebral.
-Na tabela 2, histórias perinatais e sequela
neurológica
RESULTADOS
Características das convulsões epilépticas e curso
clínico da epilepsia (tabela 3)
 -o início da epilepsia variou entre 10 meses a 3 anos
 Todos os pacientes apresentaram status epilepticus
EEG e Ressonância magnética (tabela 4;
figuras 3 a 5)
 EEGs interictais mostraram picos occipitais ou
parieto-occipitais em todos os pacientes durante a
infância
DISCUSSÃO
- Sabe-se que a lesão cerebral induzida pela
hipoglicemia predomina no lobo occipital.
- Cinco dos pacientes do estudo tinham alterações
na RNM, sendo 4 na região do lobo occipital, além
de clínica de epilepsia do lobo occipital: isto sugere
que a hipoglicemia neonatal possa ser a causa da
epilepsia.
- A encefalopatia hipóxico-isquêmica também
predomina no lobo occipital; por vezes é difícil
distinguir se a lesão cerebral decorreu da
hipoglicemia ou da lesão hipóxico-isquêmica.
- As duas condições (encefalopatia hipóxico-isquêmica e
hipoglicemia neonatal) frequentemente coexistem no
mesmo paciente, e uma leva à piora/persistência da
outra.
- Outras condições contribuem para a piora da
hipoglicemia e lesão cerebral: baixo peso ao nascer,
restrição de crescimento intrauterino, asfixia perinatal,
convulsões no período neonatal.
- A lesão cerebral vista na hipoglicemia neonatal parece
ter curso mais benigno, muitas vezes com remissão da
atividade epileptogênica na vida adulta.
- Este estudo mostrou um grupo de pacientes que
tiveram hipoglicemia no período neonatal,
evoluíram com
epilepsia do lobo occipital
(apresentando cada um pelo menos um episódio de
status epilepticus).
- Este grupo de pacientes apresentou quadros de
epilepsia que inicialmente foram de difícil controle,
alguns evoluindo com vários episódios de status
epilepticus.
- A maioria evoluiu com controle das crises
epilépticas, apenas um se mantinha sintomático.
- Faltam estudos para avaliar a suscetibilidade aos
fármacos anticonvulsivantes nos pacientes com
epilepsia de lobo occipital secundária a
hipoglicemia neonatal.
- O elevado metabolismo neuronal nesta região do
cérebro pode explicar a maior suscetibilidade a
injúria por hipoglicemia ou asfixia no período
neonatal.
- Estudos com um número maior de pacientes são
necessários para compreender melhor a relação
entre hipoglicemia neonatal e lesão cerebral.
Possíveis razões da predileção cerebral para
a encefalopatia hipoglicêmica:
 alto grau de migração axonal e sinaptogênese
ocorrem no lobo occipital, durante o período
neonatal e o desenvolvimento de receptores para
aminoácidos excitatórios, os quais podem ser
estimulada por níveis elevados de aspartato.Este
último mecanismo pode resultar na morte
selectiva de os neurônios pós-sinápticos
 Também foi levantada a hipótese de que a alta
atividade metabólica durante o início da vida
predispõe esta área para lesão, como ocorre em
doenças mitocondriais
Na epilepsia do lobo occipital na infância, a
hipoglicemia neonatal deve ser considerada como
um importante possível etiologia.
 As convulsões são susceptíveis de ser fármacoresistente e desenvolve status epilepticus na
infância, enquanto que na maior parte diminuir e
são encurtados na infância tardia.
 Estudos com um número maior de pacientes são
necessários para compreender melhor a relação
entre hipoglicemia neonatal e lesão cerebral.

Nota do Editor do site, Dr. Paulo
R. Margotto. Consultem também!
Estudando juntos!
Hipoglicemia e lesão cerebral neonatal - 2013
Autor(es): James P Boardman, Courtney J Wusthoff, Frances M Cowan.
Apresentação: Guilherme Prata, Daniel Pinheiro Lima; Guilherme
Ferreira Almeida; Paulo Ferraresi, Paulo R. Margotto
Em uma grande série de crianças com
hipoglicemia neonatal isolada e disfunção
neurológica aguda, houve relação com um padrão
predominantemente posterior de lesão em um
terço delas, e foi mais comum uma distribuição
mais ampla das lesões.
 Exitem fortes evidências que o resultado é pior
quando a hipoglicemia ocorre associada à
encefalopatia hipóxica-isquêmica e essas crianças
devem ser acompanhadas com cuidado extra,
especialmente quando o crescimento da cabeça
está abaixo do ideal..

Hipoglicemia Neonatal
Autor(es): William Ray (EUA)


LESÃO CEREBRAL (IMAGEM) E HIPOGLICEMIA
NEONATAL (Traill Z, et al. Brain imaging in neonatal
hypoglycemia. Arch Dis Child Fetal Neonatal Ed
1998;79:F145-F147). Segundo Traill e cl é possível diferenciar a
lesão cerebral associada com hipoglicemia neonatal da lesão
cerebral associada com a isquemia hipóxica cerebral por meio de
estudo de imagens. Na hipoglicemia ocorre um predomínio do
envolvimento occipital sugerindo que a lesão cerebral
hipoglicêmica não é o resultado de isquemia cerebral causada
pelas convulsões secundárias. Na lesão por isquemia hipóxica, o
envolvimento predominante são as áreas “watershed” (divisor das
águas) parassagitais, envolvendo as regiões frontal e parietooccipital. Consulte os 2 casos relatados pelos autores de lesão
cerebral por hipoglicemia neonatal severa e prolongada com
convulsões.
Traill Z, Squier M, Anslow P.Related Articles,
Links Brain imaging in neonatal hypoglycaemia.
Arch Dis Child Fetal Neonatal Ed. 1998 Sep;79(2):F145-7.
PMID: 9828743 [PubMed - indexed for MEDLINE]. Artigo
Integral!
Hipoglicemia neonatal e lesão
cerebral occipital

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Peter M. Filan;Terrie E.
Inder;Tergus J.
Cameron;Michael J.
Apresentação: Fabiana Márcia
de Alcântara Morais
Descrição de 4 casos de hipoglicemia,que levaram a lesão
cerebral principalmente em região occipital
A lesão em região occipital associado a hipoglicemia tem
como consequências a longo prazo a instabilidade,epilepsia
e diminuição da visão. A ressonância magnética (RM) de
crânio pode delimitar a extensão da lesão cerebral e ser
uma referência para seguimento.
Evidências indiretas vieram através de um estudo
realizado com filhotes de cachorro,em que foi demonstrado
aumento do fluxo sanguíneo cerebral durante os episódios
de hipoglicemia.
No entanto,em contraste com as outras regiões
cerebrais,ocorreu uma redução do fluxo em região
occipital e do cerebelo.
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Tosse Crônica em Pediatria