APENDICITE NEONATAL RELATO DE CASO Vinícius Santana Pereira Unidade de Pediatria HRAS/SES/DF Orientadores: Carlos Zaconeta, Andersen O Rocha Fernandes, Karinne Cardoso Muniz, Cleber Marinho, Paulo R. Margotto VIII Congresso Médico de Brasília/abril de 2008 Parto normal, IG= 39 semanas, 2460 gramas de peso, 48,5 cm de altura, 31 cm de perímetro cefálico, classificado como pequeno para idade gestacional (PIG) assimétrico. Líquido amniótico meconial (++/4+), depressão respiratória, sendo realizada Ventilação com Pressão Positiva, Apgar: 5/7/8 no primeiro, quinto e décimo minutos, respectivamente. Iniciada dieta 15ml de leite humano de 3/3h associado a hidratação venosa com TIG de 5,0. Com 9 horas de vida apresentou episódio convulsivo.Glicemia de 32 mg/dl. Prescrito fenobarbital . Durante as 24 horas após a primeira crise, houve outros 5 episódios, sendo necessário uso de hidantoina. Como evoluía sem intercorrências, e eliminações presentes de aspecto normal, foi aumentada dieta para 20 ml x 8. No 4º dia de vida iniciou quadro de vômitos associado a distensão abdominal e enterorragia com aspecto de “geléia de morango”. Apresentava-se ao exame físico vigil, sem aspecto séptico, ativo e reativo a estímulos. Aparentava distensão e dor à palpação abdominal profunda. Submetido a laparotomia exploradora que evidenciou APENDICITE SUPURADA. Alta em BEG 19 dias após a cirurgia APENDICITE NEONATAL A apendicite neonatal é um distúrbio extremamente raro. O primeiro relato em literatura de língua inglesa data de 1905. Entre 1901 e 2000 há apenas 148 casos relatados em inglês. É mais freqüente em pacientes do sexo masculino, na proporção de 3:1. É mais comum em recém nascidos prematuros. POR QUE É TÃO RARO? Snyder and Chaffin propuseram algumas explicações para essa pergunta. O apêndice nesse período é extremamente fino, o que torna bem mais incomum a impactação de possíveis causadores nesse período. A dieta do RN é extremamente leve, o que facilita o trânsito intestinal. Neste período é muito incomum a ocorrência de infecções respiratórias e intestinais, diminuindo a ocorrência de hiperplasia linfóide. Fatores posturais: pois RN passa a maior parte do tempo em posição deitada, o que torna mais difícil a impactação. LOCALIZAÇÃO Em três quartos dos casos, ocorre localização intra-abdominal e em um quarto dos casos está localizado dentro de uma hérnia inguinal. COMPLICAÇÕES E PROGNÓSTICO O prognóstico e a taxa de sobrevivência estão claramente relacionadas a um diagnóstico e intervenção precoces. Infelizmente, 75% dos casos de apendicite neonatal resultam em perfuração, pois a parede apendicular do paciente neonato é muito fina e pouco distensível. A ocorrência de perfuração em RN tem um maior impacto que em outras idades, pois nessa fase, o omento está pouco desenvolvido e perde sua eficácia em limitar a infecção. POR QUE O DIAGNÓSTICO ATRASA? Karaman A et al. Seven cases of neonatal appendicitis with a review of the Englihs literature of the last century. Pediatr Surg Int 2003;19:707-709 Fowkes GL. Neonatal appendicitis. Br Med J. 1976 Apr 24;1(6016):997-8 Managoli S, Chaturvedi P, Vilhekar KY, Gupta D, Ghosh S. Perforated acute appendicitis in a term neonate.Indian J Pediatr. 2004 Apr;71(4):357-8. Review. Karunakara BP, Ananda Babu MN, Maiya PP, Rijwani A, Sunil I. Appendicitis with perforartion in a neonate. Indian J Pediatr. 2004 Apr;71(4):355-6 Martin LW, Perrin EV. Neonatal perforation of the appendix in association with Hirschsprung's disease. Ann Surg. 1967 Nov;166(5):799-802. No abstract available CREERY RD. Acute appendicitis in the newborn. Br Med J. 1953 Apr 18;1(4815):871. Apesar de sabermos da gravidade do quadro, o diagnóstico freqüentemente atrasa, pois no recém nascido os sintomas são geralmente inespecíficos, como vômitos biliosos e distensão abdominal, que são sintomas encontrados em vários outros quadros. Portanto, em casos de abdômen agudo em RN sempre deve ser levantada a suspeita de apendicite aguda.