“Prevalência de infecção bacteriana e o perfil de sensibilidade aos antibacterianos na
Unidade de Terapia Intensiva Neonatal do Hospital Nossa Senhora da Conceição no período
de 01 de maio de 2005 a 01 de maio de 2008”Área de conhecimento: Medicina
Cristiane Perini Popoaski, Fabiana Schuelter Trevisol, PUIC, Medicina Tubarão.
Introdução
Resultados
Foram selecionados 78 prontuários de recém-nascidos que
estiveram internados na UTI neonatal no período selecionado. Dos materiais biológicos
coletados para o diagnóstico de infecção foram isolados 82 agentes etiológicos
conforme apresentado na figura 1.
O sítio de infecção mais prevalente foi infecção de corrente
sanguínea confirmada por exame laboratorial (64,1%), septicemia clínica (41,0%),
infecção venosa ou arterial (24,4%) e pneumonia (12,8%).
Entre os pacientes estudados 32,1% foram a óbito. Desses 25 (32,1%) eram meninos
e 52 (66,7%) meninas e um com gênero ignorado. Foi encontrada uma associação
estatística entre gênero masculino e evolução (p = 0,021).
Em relação ao diagnóstico no momento da internação verificou-se
uma taxa de 3,5% de pacientes com pneumonia, 24,4% prematuridade e 29% com
síndrome da angústia respiratória do recém-nascido.
Dos 78 prontuários analisados, 71 continham o peso ao nascer sendo a média de peso
1625,7 gramas, variando entre 289 e 3925 gramas
A média de permanência dos pacientes na UTI neonatal foi de
aproximadamente 33 dias, ao passo que o mínimo foi de 2 e o máximo de 213 dias.
Sabe-se que pacientes internados por mais de duas semanas sofrem risco aumentado
de desenvolver infecção hospitalar.
Dos 34 S. epidermidis coagulase negativo isolados averiguou-se
uma sensibilidade de 26,5%, resistência de 52,9% a oxacilina e não constam no perfil
de sensibilidade antibiótica 20,6%.
As Unidades de Terapia Intensiva (UTI) vêm se tornando, nos
últimos anos, um dos principais locais de ocorrência de infecções nosocomiais, sediando, em
geral, cerca de 45% das infecções entre pacientes hospitalizados. Dentre estas unidades,
destaca-se a UTI neonatal, com uma taxa geral de infecção variando de 6 a 25%.
As infecções são mais prevalentes durante um período longo de internação hospitalar, devido,
principalmente, à utilização de procedimentos terapêuticos que servem como porta de entrada
aos microrganismos³. A maior incidência de infecção é inversamente proporcional ao peso de
nascimento e à idade gestacional, devido à imaturidade do sistema imunológico desses
pacientes4.
Os agentes infecciosos que prevalecem nas UTI neonatais são
os estafilococos, sendo clássica a infecção pelo Staphylococcus aureus. Mais recentemente,
foi reconhecida a importância do Staphylococcus epidermidis coagulase negativo³. Em um
estudo realizado no Hospital São Paulo, entre 1994 e 1996, observou-se que, entre 304
recém-nascidos infectados, 35,3% agentes patogênicos foram isolados, a saber: S.
epidermidis (11,2%), S. aureus (8,5%), Enterobacter spp. (5,2%), E. coli (2,3%), Enterococcus
spp. (1,6%) Klebisella spp. (1,6%), Pseudomonas aeruginosa (1,3%) e outros (2,1%)².
A partir do conhecimento do perfil de sensibilidade das bactérias
mais freqüentemente isoladas nos principais materiais clínicos utilizados pode-se colaborar
com a prevenção da resistência bacteriana, ajustando a racionalização de antibacterianos de
uso intra-hospitalar.
Baseado na importância deste fato, a partir deste projeto será
possível realizar uma análise epidemiológica das infecções no ambiente da Unidade de
Terapia Intensiva Neonatal do Hospital Nossa Senhora da Conceição (HNSC), beneficiando
não somente a atuação de profissionais da área da saúde e o aprendizado dos acadêmicos
desta área, mas, principal e fundamentalmente, os pacientes.
Conclusões
O presente estudo concluiu que em relação às bactérias isoladas na
UTI neonatal foram encontrados predomínio de Staphylococcus epidermidis coagulase
negativo (43,9%), Klebsiela spp (18,3%), Staphylococcus aureus (13,4%).
Dentre os agentes isolados foi constatado que o Staphylococcus epidermidis
coagulase negativo (ECN) apresentou uma resistência de 52,9% a oxacilina. Dessa
forma o antibiótico de eleição no tratamento da sepse por ECN é a vancomicina, já que
o ECN hospitalar é resistente à oxacilina e a cefalosporina5.
O sítio de infecção mais prevalente foi infecção de corrente
sanguínea confirmada por exame laboratorial (64,1%).
O desenvolvimento adequado dos pulmões é fundamental para o
recém-nascido, permitindo a entrada de oxigênio nos pulmões. O surfactante pulmonar
tem a função de diminuir a tensão superficial nos alvéolos, impedindo seu colabamento
e aumentando a complacência pulmonar. Este é produzido a partir da 20ª semana de
gestação e o feto acumula surfactante dentro das células alveolares sendo o último
estágio do desenvolvimento pulmonar na 36ª semana até os 8 anos de idade. Em
relação ao surfactante a falta dele causa a Síndrome da Angustia Respiratória do
Recém Nascido (SARRN), encontrada no presente trabalho como o diagnóstico de
internação de maior prevalência e sendo uma das principais causas de morte entre
recém- nascidos prematuros. Isso decorre do fato do feto não possuir maturidade
pulmonar suficiente para produzir de forma correta o surfactante. Grande complicação
da prematuridade é a deficiência de surfactante, levando ao acúmulo de material
protéico na superfície dos alvéolos e conseqüente edema e atelectasias6.
No presente trabalho foi encontrado uma relação com o gênero
masculino e evolução (óbito), mas não houve associação entre o peso e a evolução,
possivelmente explicado pelo pequeno tamanho amostral.
Objetivos
• Correlacionar a evolução clínica do recém-nascido com seu peso e gênero;
• Verificar o sítio de infecção mais prevalente;
• Verificar os agentes etiológicos mais freqüentemente isolados e seu perfil de sensibilidade
aos antibacterianos.
Metodologia
Realizou-se estudo descritivo e transversal na coleta dos dados.
A população estudada foi composta por pacientes internados na UTI Neonatal do HNSC,
localizado no Município de Tubarão, Estado de Santa Catarina, no período de 1 de maio de
2005 a 1 de maio de 2008. Os dados foram obtidos por meio da ficha do serviço da Comissão
de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) do HNSC. Esses dados foram repassados ao
protocolo de coleta de dados, constituído de perguntas estruturadas, tendo caráter aberto ou
de múltipla escolha.
Foram incluídos neste estudo os neonatos nascidos no período
do estudo, sendo excluídos os recém-nascidos que apresentaram cultura positiva para outros
microrganismos que não bactérias e os sem perfil de sensibilidade aos antibacterianos.
As variáveis estudadas compreenderam data de nascimento,
gênero, data de internação hospitalar, data de alta hospitalar, peso ao nascimento,
diagnóstico na internação, tipo de amostra coletada para cultura bacteriana, tipo de bactéria
isolada na cultura, teste de sensibilidade antibiótica da bactéria isolada, desenvolvimento de
infecção neonatal, tipo de infecção e evolução.
Os dados foram avaliados por meio de tabelas de freqüência, estatística descritiva e testes
estatísticos para verificar associação entre as variáveis. Foi utilizado para entrada dos dados
o programa Epidata e para análise o programa SPSS versão 14.0.
Bibliografia
1.
15%
10%
2.
45%
11%
S. epidermidis coagulase negativo
Klebsiela spp
S. aureus
Enterobacter spp
Outras
19%
3.
4.
5.
Figura 1: Agentes etiológicos isolados dos RN infectados na UTI neonatal no período da pesquisa
6.
Richtmann R. Como lidar com a Resistência bacteriana na UTI neonatal. Disponível
em: http://www.paulomargotto.com.br/documentos/rstabacteriana.doc. Acesso em: abr.,
2007.
Carvalho ES, Marques SR. Infecção hospitalar em pediatria. Jornal de Pediatria
1999; 75: 31-45.
Sadeck ESR, Ceccon MEJR. Aspectos clínicos das infecções estafilocócicas em
Unidade de Terapia Intensiva Neonatal. Pediatria (São Paulo) 2006; 28(4): 234-41.
Rossi F.S, Maria Esther Jurfest Rivero Ceccon; Vera Lúcia Jornada Krebs: Infecções
estafilocócicas adquiridas nas unidades de terapia intensiva neonatais. 2005;
Disponível em: http://www.pediatriasaopaulo.usp.br/upload/html/1095/body/06.htm.
Acesso em: abr., 2007.
Miura E. Infecção pelo estafilococo coagulase-negativo em recém-nascidos: mito ou
verdade?. J. Pediatr. (Rio J.) , Porto Alegre, v. 78, n. 4, 2002 . Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S002175572002000400001&lng=es&nrm=iso>. Acesso em: 10 Sep 2008. doi:
10.1590/S0021-75572002000400001
http://www.inicepg.univap.br/INIC_2004/trabalhos/inic/pdf/IC4-27.pdf
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