Influência do exercício físico na remodelação óssea mediada por marcadores bioquímicos, Ciências médicas e da saúde. Rodrigo Ramos, Marcos de Oliveira Machado – PUIC - Medicina – Tubarão Introdução Resultados A osteoporose é uma doença com alta prevalência em todo o mundo. Segundo a Organização Mundial da Saúde 1/3 das mulheres brancas acima dos 65 anos são portadoras de osteoporose. Admite-se que a incidência anual mundial da fratura de quadril crescerá de 1.26 milhões em 1990 para 2.6 milhões, em 2025 e 4.5 milhões, em 2050. Com base em dados do IBGE de 1994, calcula-se que no Brasil existam 2.5 milhões de indivíduos osteoporóticos e que ocorram 105 mil casos de fraturas de quadril anuais, resultando num custo aproximado de 630 milhões de reais. A osteoporose é uma doença óssea metabólica que resulta da carência de cálcio nos ossos. Ocorre uma redução da quantidade de osso (massa óssea) e, portanto, há deterioração da sua qualidade. Estes ficam cada vez mais porosos e, após alguns anos, estão suficientemente frágeis para se faturarem com facilidade. Apresenta-se de forma assintomática, em muitas vezes só revelada após ocorrer fraturas, mais freqüentemente nas vértebras, no quadril e no punho. O exercício físico apresenta-se como potencial influente na remodelação óssea. Em situações fisiológicas os processos de reabsorção e formação ósseas são fenômenos acoplados e dependentes. O predomínio de um sobre o outro resulta em ganho ou perda de massa óssea. É esta capacidade de avaliação dinâmica que se deseja em um marcador de remodelação óssea. Inadequações dietéticas (alto consumo de cafeína; baixa ingestão de cálcio), sexo feminino, menopausa precoce (incluindo ooforectomia), utilização de drogas como corticóides, heparina, fenitoína, fenobarbital, elevadas doses de hormônio tireoidiano, sedentarismo, função ovariana reduzida antes da menopausa (amenorréia da atleta, hiperprolactinemia, anorexia nervosa, tabagismo, alcoolismo, história familiar de fratura, raça branca, baixa estatura e peso, constituem os fatores de risco desta. A osteoporose está diretamente ligada a qualidade de vida, pois pode dificultar as atividades cotidianas do paciente, por isso está sendo considerada um problema de saúde pública. Cerca de 50% das pacientes com fratura do quadril perdem a habilidade para viver independentemente e até 20% morre em 6 meses. A falta de atividade física apresenta uma diminuição da tensão em segmentos específicos do esqueleto, ou no esqueleto como um todo, promovendo um aumento da atividade osteoclástica, resultando numa discreta reabsorção da matriz óssea mineralizada, diminuição da atividade dos osteoblastos elevando a redução da massa óssea, a exemplo do que ocorre em situações de desuso. O exercício físico pode diminuir a dor e aumentar a mobilidade e a capacidade funcional, além de fortalecer o osso, assim como fortalece os músculos por isso, é essencial acrescentar ao tratamento exercício físico com freqüência mínima de três vezes por semana aproximadamente. Objetivos Objetivo Geral: Utilizar marcadores bioquímicos do metabolismo ósseo para avaliar os efeitos da atividade física na remodelação óssea, buscando alguma relação entre as mudanças encontradas na DMO e a variação nas concentrações sanguíneas desses marcadores. Objetivos Específicos: - Revisar os efeitos de diferentes modalidades esportivas e do treinamento de força na saúde óssea. - Avaliar os possíveis mecanismos de ação benéfico ou deletério das modalidades esportivas e do treinamento de força na saúde óssea. -Analisar os resultados obtidos com marcadores bioquímicos do metabolismo ósseo, como método de avaliação da remodelação óssea relacionada ao exercício físico, e a relação da DMO com outros componentes relacionados à saúde, como a força muscular e a composição corporal. Metodologia - Critérios de inclusão: - ter 65 anos e mais; - praticam exercício físico regularmente no projeto de extensão do curso de Fisioterapia da Unisul. - ter osteoporose diagnosticada com um T-score menor ou igual a -2,5; - pacientes do gênero feminino que podem estar fazendo reposição hormonal no mínimo há três meses. - disponibilidade para participar do programa e realizar os testes e exames previstos. - Exames de sangue (marcadores bioquímicos) foram realizados no início do programa e ao final do programa de exercício. - DMO: realizada no início do programa e ao final, conforme prevê o intervalo (12 meses) necessário para a realização do exame; - Foi feito entrevista semi-estruturada: informações referentes à doença, prevenção, tratamento, hábitos de vida, medicamentos, etc.; - Foi feito uma ficha de monitoramento das atividades do programa de exercício físico regular e do resultado dos exames; - Foi excluído do estudo pacientes com hipotireoideismo e que utilizam antipsicóticos. - O estudo foi realizado na clinica de fisioterapia da UNISUL. - Tamanho da amostra se refere aos pacientes que participam do programa de atividade física da clínica de fisioterapia da Unisul (n=38) - Todos os participantes realizaram um programa de exercício físico durante cinco meses de intensidade moderada com 75% da 1 RM, freqüência de três vezes na semana com uma hora de duração. Amostras de sangue foram coletadas, após jejum de 12 h, antes e após o programa de atividade física para a determinação da atividade sérica de fosfatase alcalina (U/L) e da concentração de osteocalcina (nm/mL). As diferenças foram avaliadas pelos testes t pareado de Student, considerando p<0,05, como significativo. Conclusões Com base nos resultados apresentados podemos concluir que o exercício físico apresentou um impacto sobre a remodelagem óssea das mulheres submetidas ao programa de exercício físico resistido. O aumento da DMO do fêmur e da coluna região L1L4 indica um aumento da massa óssea, pois a atividade de formação óssea relatada pela atividade da fosfatase alcalina , um marcador de atividade osteoblástica, configura-se superior a de reabsorção óssea. Além do mais, a partir dos resultados obtidos nesta pesquisa, há uma boa indicação desse marcador bioquímico na prática clínica para monitorar a aderência do paciente osteoporótico à terapia instituída. A determinação de qual o tipo de atividade física seja a ideal para aumentar o pico de massa óssea na adolescência, ou mesmo mantê-la após a idade adulta, é muito importante para a prevenção e o possível tratamento da osteoporose. Além disso, as associações da DMO com a força muscular e a composição corporal podem auxiliar na prescrição de um treinamento que vise melhorar esses parâmetros podendo ter um efeito benéfico na DMO. A remodelação é um fenômeno que nos acompanha ao longo da vida, sendo fundamental para renovação do esqueleto e preservação de sua qualidade. Nele a reabsorção é seguida da formação óssea em ciclos constantes orquestrados pelas células do tecido ósseo, que incluem os osteoclastos, osteoblastos e osteócitos. Em situações fisiológicas, a reabsorção e a formação são fenômenos acoplados e dependentes, e o predomínio de um sobre o outro pode resultar em ganho ou perda de massa óssea. É esta capacidade de avaliação dinâmica que se deseja em um marcador de remodelação óssea. Bibliografia Fleck SJ, Kraemer WJ. Fundamentos do treinamento de força muscular. 2ª rev. ed. Porto Alegre: ArtMed, 1997. VIEIRA, J.G. Considerações sobre os marcadores bioquímicos do metabolismo ósseo e sua utilidade prática. Arq Bras Endocrinol Metabol 1999;43:415-22. Creighton DL, Morgan AL, Boardley D, Brolinson PG. Weight-bearing exercise and markers of bone turnover in female athletes. J Appl Physiol 2001;90:565-70. Lane, J.M. , Riley, E.H. & Wirganowicz, P.Z. Osteoporosis : diagnosis and treatment. J. Bone Joint Surg. [Am] 78 : 618-632,1996. HANLEY, D.A. Biochemical markers of bone turnover. In: Henderson JE, Goltzman D, editors. The osteoporosis primer. 1st ed. Cambridge:University Press, 2000:239-52. Ganong WF. Fisiologia Médica. 19a rev. ed. São Paulo: McGraw Hill Companies,1999. Andreoli A, Monteleone M, Van Loan M, Promenzio L, Tarantino U, De Lorenzo A. 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