Avaliação de marcadores bioquímicos na progressão da osteoporose, Ciências médicas e da saúde. Ana Carolina Mendes Joaquim, Marcos Machado, PUIC, Medicina – Tubarão. Introdução A Sociedade Brasileira de Osteoporose estima, considerando o último censo do IBGE, que existam 5,5 milhões de brasileiros com osteoporose e a Fundação Internacional de Osteoporose 10 milhões (IOF, 2006). Segundo dados fornecidos pelo Ministério da Saúde, foram relatados como gastos com fraturas de quadril por osteoporose a quantia de 28 milhões de reais no ano de 2004. Danowski (2006) estima que a incidência anual de fraturas no Brasil é de 1 milhão de fraturas, destas, 250 mil são de quadril. Ainda segundo Danowski, metade das fraturas de quadril ocorre em pacientes com 75 anos ou mais. Pinheiro e cols. (2006), por meio de questionário estruturado aplicado a 2.320 indivíduos acima de 40 anos e moradores de 150 municípios brasileiros, relataram história de fratura por osteoporose em 25% da população entrevistada. Com o avanço da idade, ocorre um declínio não linear da capacidade funcional dos diversos sistemas. O sistema ósseo sofre grande influência das alterações hormonais impostas pela menopausa, resultando em um processo de reabsorção óssea maior que o processo de formação, levando à diminuição fisiológica da massa óssea. Quando esse processo torna-se mais intenso, pode resultar no aparecimento de osteoporose, uma doença sistêmica progressiva caracterizada por baixa massa óssea e deterioração da microarquitetura, aumentando a fragilidade óssea (Gali, 2001). Recentemente foi apresentado um novo teste para avaliação laboratorial da reabsorção óssea: medida do NTx urinário. O NTx (N-telopeptídio do colágeno ósseo tipo I) é liberado na corrente sanguínea durante a fase de reabsorção óssea e excretado na urina. Além desse marcador já existem outros marcadores bioquímicos para a osteoporose como a dosagem da fosfatase alcalina, da osteocalcina e outros. Esses marcadores ainda não são utilizados com a mesma freqüência da densitometria óssea na monitorização do tratamento. Resultados Objetivos Objetivo Geral: Analisar a progressão da osteoporose por meio de marcadores bioquímicos e comparar com a densidade mineral óssea para verificar se há o mesmo grau de correlação Objetivos Específicos: - Verificar se os marcadores bioquímicos monitoram a doença. - Verificar se os marcadores bioquímicos são mais confiáveis do que a densitometria óssea na progressão da doença. - Verificar o custo benefício dos marcadores bioquímicos quando comparados com a densitometria óssea. Metodologia - Critérios de inclusão: - ter 65 anos e mais; - praticam exercício físico regularmente no projeto de extensão do curso de Fisioterapia da Unisul. - ter osteoporose diagnosticada com um T-score menor ou igual a -2,5; - pacientes do gênero feminino que podem estar fazendo reposição hormonal no mínimo há três meses. - disponibilidade para participar do programa e realizar os testes e exames previstos. - DMO: realizada no início do programa e ao final, conforme prevê o intervalo (12 meses) necessário para a realização do exame; - Foi feito entrevista semi-estruturada: informações referentes à doença, prevenção, tratamento, hábitos de vida, medicamentos, etc.; - Foi excluído do estudo pacientes com hipotireoideismo e que utilizam antipsicóticos. - As amostras de sangue foram coletadas em março de 2008 e repetidas em julho de 2008, após jejum de 12 h para a determinação da atividade sérica de fosfatase alcalina (U/L) e da concentração de osteocalcina (nm/mL). - Os valores foram analisados pelo teste de normalidade Shapiro Wilk (n<50) e posteriormente comparados pelo teste t pareado de student e Teste de Wilcoxon pelo sofware SPSS®. Valor de p significativo <0,05. Conclusões Em princípio, exames de densitômetria não devem ser repetidos em intervalos inferiores a 12 meses, salvo em casos de pacientes em tratamento com Corticóides por mais de 3 meses ou outras condições que levem à perdas rápidas de densidade óssea ou, ainda, como avaliação de referência para permitir monitoramento quando o exame inicial foi realizado em técnica inadequada para esta finalidade. O exame de densitometria requer equipamentos e pessoal especializado. As indicações Clínicas dos Marcadores Biológicos em Osteoporose são: - Avaliar o ritmo do metabolismo ósseo na menopausa: Identificação do risco aumentado de Osteoporose. - Diagnosticar metabolismo alto (perdedor rápido) com baixa Densidade Mineral Óssea. - Monitorar efeitos de tratamento. Os marcadores biológicos, mesmo não específicos para a osteoporose, são um excelente indicador auxiliar para o diagnóstico, avaliação e perecer do tratamento (Richard et al. 2001). Na osteoporose ocorre um desequilíbrio entre a formação e a reabsorção óssea, prevalecendo a reabsorção. Esse fato, resulta em perda da massa óssea. Tal doença, predomina em mulheres pós menopausa, com idade média de 50 anos. Durante esta perda de massa óssea, os marcadores de neoformação óssea (Fosfatase alcalina e osteocalcina) encontram-se aumentados, juntamente com os resultados do exame DMO, que avalia a quantidade de cálcio (em mg/mm) existente em determinados ossos. Os nossos resultados demonstraram tal fenômeno no metabolismo ósseo das mulheres submetidas a pesquisa. Porém os valores referentes dos marcadores bioquímicos sanguíneos estavam dentro da faixa de normalidade. Já os valores de perda óssea estavam em uma faixa inadequada (< -1,0). Isso presupõe que a taxa de remodelagem óssea estava desequilibrada, demonstrando a importância dos marcadores bioquímicos na progressão e no tratamento da osteoporose, servindo como métodos para monitorar a doença Bibliografia HANLEY, D.A. Biochemical markers of bone turnover. In: Henderson JE, Goltzman D, editors. The osteoporosis primer. 1st ed. Cambridge:University Press, 2000:239-52. VIEIRA, J.G. Considerações sobre os marcadores bioquímicos do metabolismo ósseo e sua utilidade prática. Arq Bras Endocrinol Metabol 1999;43:415-22. GOLDMAN, L., Ausiello, D. A. CECIL : tratado de medicina interna. 22. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005. 2v. ROBBINS, S.L. et al. Fundamentos de Robbins patologia estrutural e funcional . 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001. 766 p. CAMPOS, L.M.A.;LIPHAUS, B.L.; SILVA, C.A.A. et al. Osteoporose na infância e na adolescência. J. Pediatr. (Rio de Janeiro), nov./dez. 2003, vol.79, no.6, p.481-488. Apoio Financeiro: Unisul