ANÁLISE DAS DIFICULDADES DO
USO E MANEJO DAS
TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO
E COMUNICAÇÃO PELOS
PROFESSORES DO ENSINO
FUNDAMENTAL E MÉDIO
ELISA MARIA QUARTIERO
Professora no Centro de Ciências da Educação da
Universidade do Estado de Santa Catarina
E-mail: [email protected]
Só 15% dos professores
das 2.500 escolas
informatizadas são adeptos
das novas tecnologias;
15% se dão ao luxo de rejeitá-las;
a maioria as utiliza sem convicção.
(Relatório ProInfo, 2001)
O uso pedagógico do computador nas
escolas públicas municipais de Florianópolis
Sujeitos participantes da pesquisa
(2002/2003)
Total de professores - 367
Professores amostrados - 146
Professores respondentes - 89
Total de coordenadores das
salas informatizadas - 11
Coordenadores respondentes - 09
MODALIDADES DE USO
Realização de projetos (31,4% professores)
Produção de livros, jornal, poesias, histórias (16,8%)
Releitura de clássicos da literatura (11,2%)
Atividades breves de exploração dos recursos do
computador, como por exemplo, desenhos ilustrativos no
Paint, reconstrução de textos no Word etc (10,11%)
Exploração de CD’s de referência ou jogos (6,7%)
DIFICULDADES ENCONTRADAS
Longos períodos sem poder usar a SI devido à pane
ou defeito nas máquinas.
Conseguir um horário na SI para desenvolver o
trabalho com os alunos.
Orientar os alunos quanto ao uso dos computadores.
Realizar planejamento do projeto.
Relacionar o trabalho desenvolvido na SI com o
conteúdo da sala de aula.
Motivos destacados para justificar a não
utilização da SI após a participação na
formação do NTE
(23,6% dos professores)
Falta de compreensão da proposta de utilização do
computador ou de conhecimentos básicos da
informática.
Quantidade insuficiente de computadores para o
excessivo número de alunos.
Dificuldade de lidar com alunos indisciplinados na SI.
Falta de um planejamento para iniciar o trabalho.
SI fechada para reformas.
PRINCIPAIS PONTOS ANALISADOS
Ampliar a carga horária dos cursos, a fim de
promover uma discussão sobre a integração das TIC na
sociedade e na educação e garantir uma maior
instrumentalização do professor.
Necessidade de promover uma articulação entre a
formação inicial e continuada dos professores no
que se refere à preparação dos professores para a
integração das TIC.
Ampliar a abrangência dos cursos de modo a
atender mais educadores.
Ampliar o espaço destinado durante os cursos ao
planejamento de um trabalho a ser realizado pelos
professores na SI com os alunos.
Promover a realização de cursos também nas
escolas, com o objetivo de possibilitar um processo
de reflexão sobre a atuação e problemas enfrentados
pelos professores no espaço escolar.
Destacar o trabalho de capacitação realizado pelos
multiplicadores do NTE como sendo de formação
continuada, tendo em vista que não se refere apenas a
um processo de instrumentalização do professor para o
uso das novas tecnologias.
Garantir um acompanhamento mais sistemático
do trabalho realizado pelos professores nas
escolas.
DEPOIMENTOS DE
PROFESSORES/MULTIPLICADORES
(1998/2004)
Eu entrei de pára-quedas [no
curso].
Gente, eu não conseguia
achar terra nunca.
(Multiplicadora de NTE municipal)
A facilidade de ser professor
para professor
(Multiplicadora de NTE estadual)
“O professor sozinho, a gente fala,
não tem problema. Vai, porque se
você não souber, o aluno sabe. Na
sala de informática o professor vai
ser mais mediador do que professor,
vai só mediar os trabalhos, porque
eles [alunos] na máquina se viram”.
(Multiplicadora NTE Estadual)
“As escolas pedem muito
[profissional que fique no laboratório]
mas tem gente aqui que é contrária a
isso, acham que esta pessoa
responsável passa, com o tempo, a
ser a dona da sala, tem que pedir
permissão para usar e fica muito ruim.
A idéia é que todos devem usar”.
(Coordenadora estadual)
“Quando a gente dá o curso diz: - “Olha!
Queremos ver vocês trabalhando lá”. E
o professor: “Eu não vou porque não
tem uma pessoa para cuidar do
laboratório”. Essa é uma dificuldade. Se
tivesse alguém, não que a pessoa que
estivesse no laboratório soubesse tudo
para poder auxiliar o professor, nem que
vá dar aula no lugar dele, mas para estar
ali. Quando o professor chegar com os
alunos, as máquinas estejam ligadas,
ajude a fazer os trabalhos com os
alunos”.
(Multiplicador NTE Estadual)
“Dá mais trabalho para o professor [não
ter apoio na SI] porque vai ter que cuidar
das máquinas, não cabem todos os
alunos dentro do laboratório, são só 10
computadores, tem que envolver os
alunos com outra atividade e aí o
professor não vai. Se enjoa porque é
muito transtorno”.
(Multiplicador de NTE Estadual)
“Nós temos professores que trabalham
60 horas, de manhã, à tarde e à noite.
Este professor diz assim – “Olha, eu até
gostaria de fazer esse curso mas eu não
tenho horário disponível, a escola não
me libera, pois se eu sair de lá eles não
têm quem fique no lugar”. Eles
informatizaram a escola, nos formaram
[os multiplicadores], agora que é a hora
da capacitação eles não liberam o
professor para vir se informatizar”.
“O ano passado [2001] nós
atendemos metade das escolas que
têm laboratório (...) pela falta de
estrutura, falta de locomoção, falta
de diária. Parte do ano ficamos sem
poder fazer capacitação fora, aí
ficamos aqui [NTE] com o que
conseguimos agendar por aqui”.
(Multiplicador NTE Estadual)
Descanso e Tecnologia
Os seis professores que representam o corpo de docentes
do Colégio Estadual Everaldo Bacheuser, do município de
Descanso, estão preocupados, pois o tempo que terão para fazer
os repasses do curso de capacitação em Informática Educativa
parece um pouco distante de suas realidades visto que ao
retornarem terão: médias para fazer, exames para elaborar, em
seguida o Natal chega e os invade de um espírito de religiosidade
e união familiar. Temos então um longo mês de férias, troca de
diretores e alguns ainda assumirão este posto. Iniciamos então
mais um ano com planejamentos, estudos e conhecimentos das
zonas de desenvolvimento real das inúmeras turmas de quarenta e
sete alunos. Para dar continuidade ao ano letivo escolar faz-se
promoções, festa junina, férias de julho, gincanas para o dia do
estudante, festa para o dia dos professores, feira multidisciplinar.
Conseqüentemente já estaremos em novembro e o nosso
conhecimento a respeito de computação fica mais uma vez sem
data de estréia.
“A tecnologia não é um destino,
mas uma cena de luta, quando
escolhemos as nossas
tecnologias nos tornamos o que
somos, o que, por sua vez,
configura o nosso futuro”
(Sancho, 1998,p. 34)
Sin docentes de calidad no es
posible una educación escolar
de calidad. La verdadera
reforma educativa, sobre todo
en el ámbito curricular y
pedagógico, que es el
que finalmente importa, se
juega en el terreno docente.
(Rosa Torres, 2001)
e agora?
A verdadeira viagem de
descoberta não está em
descobrir novas terras, mas
sim em olhar nossa própria
terra com outros olhos.
M. Proust