G/LBERTA PAVÃO NUNES ROCHA
Claro q u e n ã o p o d e m os ignorar o enten d i m e n to d i verso q u e desde sem pre
e n contramos q u a nto à i m p o r tâ n c i a d o vo l u m e p o p u l a c i o n a l , o u mesmo das d i versas
variáveis q u e o determ i na m , quer ele tenha raízes de natu reza filosófica, política, econó m i ca
ou respeite u n i ca m ente a situa ções con cretas d i fere n ciadas.
N o século XVI I I , e apesar d e se reco n hecer nas vá rias ava l i a ções o bj e ctivos especí­
ficos, fu ndamenta l m e nte d e cariz político, sabe-se ta m b é m que estas tê m com o s u porte
rea l i da d es d i versas, J à que coexistem n o arq u i p élago situa ções evolutivas d e sentidos
opostos, umas de acentuado declín io populacional e outras onde p redomina o crescim ento
d e gra n d e i nt e n s i d a d e .
É exe m p l o d esta situação a evo l u çã o q u e encontramos e m a lgumas i l has d o gru p o
central q u e nos f i n a i s d e setecentos regista m u m a u m e n to da sua p o p u lação, contraria ­
m e nte a o q u e se observa, p o r exemp l o , e m S . M iguel o n d e a d i m i n u ição é acentuada
1.
E m b o ra con s i d eremos vá l i d a a J U Stifi cação q u e t e m co m o base a existência d e
co m p o rta m entos desiguais, q u e r na morta l i da d e q u e r n a nata l i d a d e , p o rve n t u ra perfe i ­
ta m e nte j usti f i ca d os p o r m ú lt i p l os factores, c o m re l evo para os d e n a t u reza eco n ó m i c a ,
parece- n os q u e as p r i n c i p a i s causas d i fere n c i a d o ras se encontram na variável m o b i l i da d e ,
q uer ela seja a emigração o u os m ovimentos i nternos.
Quase u m século depois, quando já existe i n formação p u b l i cada para toda a popula­
ção portuguesa, o bserva-se que n ã o são i d ê n t i cas as característ i cas d e m ográ f i cas das
várias i l has. E m b ora os dados estatísti cos n ã o sej a m a i n da m u ito fiáveis, p o d e n d o ver i ­
ficar-se a l g u m a s i m p recisões, eles são consentâ n eas c o m os va l o res dos i n d i c a d o res q u e
o s determ i n a m .
Na segu n d a m eta d e d o sécu l o X I X , a estrutura etá ria d e S . M i g u e l é m u ito m a i s
j ovem d o q u e a d a s restantes i l has, p r i n c i p a l m e nte se comparada c o m o Pi co e a t é
m e s m o c o m S. j o rge o u Fa i a l , q u e d e n ota m j à u m certo enve l h e c i m e n to d e m ográ f i co 2
N estas, ao m e n o r q u a n t i tativo de p o p u l a çã o em i d a d e activa , q u e observa m o s
e m todas as i l has, d eve acrescentar-se a i n da u m acentuado deseq u i l í b r i o n a repartição
entre os sexos, tendo os eleme ntos do sexo mascu l i n o u m n úmero basta nte i n fe r io r aos
d o sexo fe m i n i n o .
o envel h e c i m e n to p o p u laci onal é , c o m o todos s a b e m os, conse q u ê n ci a d e u m
a u me nto consideráva l n a Espera n ça de Vida á Nascença e de u m igua l m ente assi naláve l
d e cl í n i o da fecu n d i da d e , cuj os d eterm i n a ntes se e n contram n os m o d e l os das sociedades
tecn ol ogi camente desenvolvidas d o sécu l o XX.
Não n os parece que a soci edade açoriana d e oitoce n tos, a i n da mais, d e algu mas
das suas i l h as, a p resente q u a l q u er s e m e l h a n ça com a actu a l m ente existente.
Com e feito, a morta l i d a d e d evia ser e l eva d a , pois só e m m e a d os d este s é c u l o
assist i mos a m e l h orias s i g n i ficativas n os n ívei s d este fen ó m e n o , com a Esperan ça d e V i d a
á Nasce n ça a registar va l o res s u periores a 5 0 a n os
3
Qua nto á fecu n d i dade, a sua d i m i n u ição é, como norma l m ente acontece, posterio r
á da morta l i d a d e . N o caso d o s Açores, e a p esar da d i vers i d a d e e ntre as i l has, veri fica-se
que a s u a ge n e ra l ização é basta nte recente. I n i c i a n d o-se há cerca d e 3 0 a n os, d e um
m o d o re lativamente ate n u a d o , só n a ú l t i ma década ati n ge val ores s e m e l h a ntes aos
observa d os na maioria dos pa íses oci dentais.
É . pois, na m o b i l i da d e , e m u ito part i cularmente na e m igra çã o , que p o d e m os
e n contrar, u m a vez mais, as p r i n c i p a i s razões J U Stifi cativas para as d i fere n ça s regista das
n os finais d o sécu l o passa d o e p r i n cí p i os d este século. sendo a e m i gra çã o u m a variável
34
Download

Claro que não podemos ignorar o entendimento diverso que desde