Brasil exporta mais soja do que produtos de maior valor agregado, aponta Abiove Safras & Mercados A capacidade de processamento das unidades ativas da indústria brasileira de oleaginosas é de 158 mil toneladas/dia. Desse total, 67% são utilizados, restando, portanto, uma ociosidade de 33%. A pesquisa de capacidade instalada feita pela Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (ABIOVE) para 2012 revela que o Brasil, segundo maior produtor mundial de soja e quarto processador, exporta mais soja em grãos do que produtos de maior valor agregado, como farelo e óleo. As exportações de matéria prima (soja) deverão exceder 31,5 milhões de toneladas em 2012, enquanto que o processamento para atender ao mercado interno e à exportação deverá se situar em 35,1 milhões de toneladas. Os dados refletem que o Brasil é o único país do mundo que incentiva as exportações de matéria-prima em detrimento de produtos com valor agregado, o que compromete a competitividade da indústria. O país desonerou totalmente a exportação de soja, mas ainda tributa a produção de farelo e óleo, destinada à exportação, com ICMS e Funrural, e o ressarcimento do PIS e Cofins se estende por anos. O crescimento da capacidade de processamento em 4% sinaliza uma frágil recuperação da indústria em 2012 para um patamar inferior a 2010. Chega-se claramente à conclusão de que o País poderia desenvolver muito mais sua indústria de óleos vegetais, com mais agregação de valor às suas vendas externas e geração de empregos, localmente, por meio de um aperfeiçoamento da política tributária. É o que tem feito a Argentina, terceiro maior produtor mundial de soja. O país vizinho incentiva a industrialização e os embarques de farelo e óleo por meio de uma menor tributação sobre os produtos, ao contrário do que faz o Brasil. Note-se que a capacidade instalada de processamento, na Argentina, era a metade do Brasil em 1996 e atualmente é maior do que a brasileira. Em 2011, era de 175 mil t/dia, em relação a 169 mil t/dia no Brasil.