Mercado de soja registrou mais uma semana de ganhos em Chicago. O lento fluxo de embarques de soja e derivados no Brasil permanece direcionando a demanda para o mercado norte-americano o qual já convive com estoques em patamares extremamente deprimidos conforme discutido na semana anterior. Diante disto, mesmo com uma percepção de grande oferta oriunda da safra brasileira, o mercado mantém os preços elevados para o produto disponível buscando retrair a demanda, cenário que continuará no curto prazo. Segundo dados do MDIC/SECEX, o brasil embarcou em janeiro e fevereiro de 2013 apenas 959,9 mil toneladas de soja ante um acumulado de 2,58 milhões de toneladas no mesmo período de 2012. No caso do farelo, a situação é similar, com embarques de 1,29 milhões de toneladas em janeiro/fevereiro de 2013 ante 2,05 no mesmo período de 2012. Esta realidade reflete majoritariamente a dificuldade dos agentes em formar um fluxo logístico a fim de viabilizar a “saída” deste produto dos longínguos campos brasileiros para os portos e assim para o mercado global. Esta realidade no ano de 2013 exacerbou-se principalmente pela elevação dos custos logísticos diretos (notadamente em função do aumento dos preços do diesel e a alteração de legilações sob o transporte rodoviário), os mínimos estoques de passagem existentes no país e um aspecto que passa a tomar importância cada vez maior no agronegócio brasileiro, o elevado ritmo de exportações de milho. Segundo o mesmo MDIC/SECEX, o Brasil embarcou em janeiro-fevereiro um montante recorde de 5,66 milhões de toneladas do cereal ante 1,12 milhões de toneladas no mesmo período de 2012. De fato é muita coisa para nosso pobre sistema portuário. Se o Brasil não consegue exportar, a demanda acaba sendo abastecida por outras fontes. O problema é que, o mercado global como um todo convive com estoques historicamente baixos neste período (veja tabela abaixo) e, diante disto torna-se clara a necessidade de manutenção/sustentação dos preços da soja neste momento na tentativa de retardar esta demanda de forma a equilibrá-a ao fluxo de oferta do produto sulamericano. Tabela 1. Estimativas Estoques de Soja nos Principais Agentes no Início Safra Sul-Americana 2013 2012 2011 2010 2009 Brasil 1 Jan Argentina 1o Mar USA 1o Mar China 1o Mar Outros 1o Mar 1.0 3.1 28.5 11.7 5.6 5.4 3.6 40.0 15.4 5.8 3.2 4.6 36.0 17.2 7.1 1.7 4.4 35.5 11.6 5.0 6.2 6.6 37.1 10.0 3.1 Mundo 49.8 70.2 68.1 58.2 63.0 milhões de toneladas o Na prática, o mercado mundial passa a conviver com uma realidade em que o importante não é apenas o tamanho da safra brasileira, mas quanto desta safra poderá efetivamente estar disponível ao mercado global em tempo hábil. Como brasileiro é triste ver o esforço e a competitividade de nosso produtor dentro da porteira sendo perdida por problemas de infraestrutura. Enquanto o mercado em Chicago permanece firme, os preços no mercado brasileiro não tem acompanhado o mesmo movimento com os valores pagos ao produtor registrando estabilidade/perdas na semana. O movimento reflete além dos custos logísticos, um dólar mais pressionado nos últimos dias, após o governo brasileiro confirmar uma política mais preocupada com a inflação do que com o setor industrial/exportador do país. Aqui no RS, a situação não é tão pior em função de que, os problemas nos portos de Paranaguá/PR e Santos/SP tem obrigado alguns players a redirecionar seus embarques para o porto de Rio Grande (de fato uma grande dádiva dos gaúchos) e, com isto observa-se maior agressividade na atuação players exportadores na busca pela pouca soja disponível já que a colheita iniciou de forma muito tímida no estado até o momento. Ao produtor, o momento é de atenção e busca de oportunidades já que, embora os preços internacionais possam se sustentar nas próximas semanas diante da preocupação com o desvio da demanda para os EUA e a definição do potencial produtivo das lavouras 2013 naquele país, os preços internos podem registrar dificuldades em acompanhar tal movimento em função da conjuntura acima exposta. Não teremos um ano de preços ruins e, com a produtividade observada nos campos o produtor de fato terá um ano positivo (volume recorde de R$ 2,52 bilhões em vendas na Expodireto confirma o otimismo do setor). De qualquer forma, volta a tona a necessidade de buscar-mos o fortalecimento de nossas representações afim de que os problemas que tiram a competitividade do campo/setor industrial sejam trabalhados e possamos otimizar nossa competitividade respondendo ao mundo que dia-a-dia clama por mais alimentos e energia. Ricardo Lorezent Coord. de Negócios BSBIOS Em 11/03/2013