FOLHA DE S. PAULO
13/12/2013
Levar grãos custa 360% mais que na
Argentina
O Brasil gastou US$ 4,97 bilhões a mais do que a Argentina com o transporte
de soja e milho na safra 2012/13.
Com base em uma média ponderada de distâncias feita pelo setor exportador,
os brasileiros gastaram US$ 92 por tonelada no transporte desses grãos para o
porto, 360% mais que a despesa dos argentinos (US$ 20 por tonelada). Os
norte-americanos gastam US$ 23.
Essas despesas trouxeram grande impacto tanto para os produtores, que
receberam preços menores pela commodity, como para a indústria.
Só as tradings gastaram US$ 2,5 bilhões a mais do que haviam planejado com
frete e "demurrage", uma multa cobrada dos exportadores pelo atraso na
entrega da mercadoria aos navios.
O ritmo de alta dos gastos com frete pode perder fôlego na safra 2013/14, mas
ainda será elevado. E, quanto mais subir esse frete, menor será o preço pago
ao produtor.
A indústria sentiu na carne essa logística cara, segundo Carlo Lovatelli,
presidente da Abiove (associação das indústrias moageiras).
O gargalo logístico e o processo inadequado de tributação no setor têm
reduzido as exportações de produtos industrializados. Pela primeira vez, o país
começa a exportar um volume maior de soja em grão do que o que é
processado internamente.
A consequência é que a indústria de processamento de soja tem 40% de
capacidade ociosa e a exportação só do grão transfere fábricas e empregos do
Brasil para o exterior, segundo Lovatelli.
Se o ano de 2013 foi ruim para o setor, há sinais alentadores para 2014,
quando começam as exportações pelo Norte do país --embora em volumes
muito pequenos.
Além disso, as indústrias negociam com a Receita Federal um mecanismo mais
rápido para a recuperação de créditos presumidos de PIS/Cofins (tributo
acumulado durante o processo de produção a que as empresas têm diretiro de
receber de volta). O ressarcimento, que hoje demora de quatro a cinco anos,
poderá ser feito em 90 dias por meios eletrônicos.
Outra esperança do setor é que o governo já tem um diagnóstico dos principais
investimentos que devem ser feitos em logística. Mas, para Daniel Furlan
Amaral, gerente de economia da Abiove, falta acelerar a execução.
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