Medida da temperatura axilar durante a hipotermia terapêutica na Síndrome HipóxicoIsquêmica Axillary temperature measurement during hypothermia treatment for neonatal hypoxic-ischaemic encephalopathy Marc-Antoine Landry, Lex W Doyle, Katherine Lee, Susan E Jacobs Arch Dis Child Fetal Neonatal Ed 2013;98:F54–F5 www.paulomargotto.com.br Realizado por Paulo R. Margotto Brasília, 01 de dezembro de 2013 O que já se sabe sobre este assunto ▸ Em recém-nascidos a termo com moderado a grave encefalopatia hipóxico-isquêmica, tratamento com a hipotermia reduz a mortalidade e a deficiência do desenvolvimento neurológico. ▸ hipotermia terapêutica, com contínua monitoramento de temperatura, agora é o tratamento padrão em Unidades de Terapia Intensiva Neonatal de nível terciário. ▸ A correlação entre as temperaturas axilar e retal (temperatura central) em RN a termo e prematuro normotérmicos está bem descrita, mas é incerta durante a hipotermia terapêutica de corpo inteiro INTRODUÇÃO A hipotermia terapêutica é agora o tratamento padrão para moderada a grave encephalop-hipóxico-isquêmica athy (HIE), devido à evidência de que reduz os mortalidade e grande deficiência do desenvolvimento neurológico na primeira infância. Durante a hipotermia terapêutica do corpo inteiro a temperatura central (retal ou esofageana) é mantida entre 33 e 34 ° C. Em RN a termo e prematuros normotérmicos , tem havido boa correlação entre temperatura axilar e retal INTRODUÇÃO Em uma coorte de 39 recém-nascidos com encefalopatia hipóxico-isquêmica (EHI) submetidos a hipotermia em Hospitais não terciários e transportados para centros de resfriamento , houve uma alta correlação entre temperatura axilar e retal (emparelhadas), com diferença média de 0,1°(limites de corcordância a 95% de -1,1 ° C a 1,3 ° C) (Kendal GS, 2010) Como a avaliação da temperatura central (retal ou esofageana) nem sempre Está disponível em Hospitais não terciários, seria de interesse estudar se a temperatura axilar e é capaz de manter a temperatura desejável de resfriamento, (33-34oC) antes do uso da temperatura retal INTRODUÇÃO No entanto, informações sobre a correlação entre a medição da temperatura axilar e retal durante a hipotermia terapêutica de corpo inteiro em recém-nascidos é limitada. O objetivo deste estudo foi determinar a precisão da medida da temperatura axilar em relação à temperatura central (retal) durante a hipotermia terapêutica de corpo inteiro. Metodologia Foram estudados 58 RN a termo, com moderada a severa EHI, dos quais 14 foram resfriados e 18, controles Todos os RN tiveram a avaliação da temperatura central através do reto (probe introduzido no reto em 5cm) A temperatura retal alvo foi de 33-34oC por 72 hs, incluindo um período de 6 horas de indução, seguido por 8-12 horas de reaquecimento Nos controles: 36,8oC a 37,3oC COMO FOI FEITO O RESFRIAMENTO Todas as crianças receberam atendimento em um aquecedor radiante, com o calor aplicados de acordo com a seleção do grupo ( hipotermia ou normotermia) . Crianças tratadas com hipotermia para 33,5 ° C tiveram o aquecedor radiante desligado para expor a criança a temperatura ambiente Se a temperatura central era de 35,5 ° C 2 pacotes de gelox foram colocados no peito e sob a cabeça e ombros e sequencialmente removidos quando a temperatura central era inferior a 35,0 ° C e 34,5 ° C. Se a temperatura central era de 33,5 ° C sob o aquecedor radiante foi, a saída do aquecedor foi ajustada manualmente cada 15-30 min. Se temperatura central foi acima de 34,0 ° C durante a fase de manutenção entre 6 <72 h manutenção, foram colocados pacotes de gelox Os bebês foram reaquecidos 0,5 ° C, a cada 2 horas entre 72 e 84 h. As crianças do grupo controle tiveram o aquecedor radiante ligado com a temperatura Crianças controles retal mantida a 37 ° C através de ajuste manual de saída do aquecedor radiante a cada 1530 minutos, conforme necessário ANÁLISE A análise incluiu todas as medições de temperatura axilar e retal ao mesmo tempo a partir da iniciação da hipotermia (tempo 0) ao fim do reaquecimento (84 horas) nos RN submetido á hipotermia, assim como para os recém-nascidos do grupo controle (o-84 horas). Todas as análises foram realizadas utilizando Stata 11, StataCorp, College Station, Texas, EUA. RESULTADOS Medidas durante a fase de indução (0 - <6 h) de hipotermia Durante o início de hipotermia (0 - <6 h), a temperatura axilar e retal foram semelhantes (diferença média entre retal-axilar de 0,07 ° C), mas com grande variabilidade (-1,18 para 1,33 ° C) Gráfico de dispersão da temperatura retal contra axilar em Medidas tomadas durante a fase de indução ( 0 - <6 h).Correlação de Pearson (r) = 0,87. A temperatura retal foi em média 0,07 ° C mais elevada do que a temperatura axilar RESULTADOS Medidas durante a fase de manutenção (6-72 h) de hipotermia Houve maior variabilidade nas medições entre 6 e <72 h nas crianças com hipotermia (SD total de 0,44) do que no grupo das crianças normotérmicas (SD total de 0,24) - p <0,001). Nos recém-nascidos hipotérmicos, a média de diferença entre as medições durante a fase de reaquecimento (72 - <84 h) foi de -0,19 ° C (-0,95 a 0,57 ° C). DISCUSSÃO Os resultados deste estudo sugerem que existe uma variabilidade na diferença entre as temperaturas axilar e retal durante a hipotermia terapêutico para a encefalopatia hipóxico-isquêmica moderada a grave, que está presente durante todas as fases do resfriamento (indução, manutenção e reaquecimento). Em média, a temperatura retal foi 0,07 ° C maior que as temperaturas axilares durante a indução de hipotermia e temperaturas axilares foram de 0,19 ° C superior à temperatura-retal durante a fase de reaquecimento Apesar destas pequenas diferenças, a diferença entre as temperaturas retal e axilar ultrapassou + / - 1 ° C e + / - 0,5 ° C durante a indução e a fase de reaquecimento, respectivamente, o que sugere que, em alguns casos a diferença entre as duas temperaturas foi relativamente grande. DISCUSSÃO Durante a fase de manutenção de hipotermia, houve diferenças de cerca de ± 1 ° C entre as duas medições, com evidências de que a relação entre temperatura retal e axilar mudou sistematicamente com diferenças na temperatura do corpo. A variabilidade da diferença entre as temperaturas axilar e retal durante a fase de manutenção foi maior no grupo de crianças hipotérmica em relação ao grupo de crianças normotérmicas, sugerindo que as temperaturas axilares são medidas menos confiáveis em relação as temperaturas retais durante a hipotermia do que em condições normotérmicas DISCUSSÃO Em conclusão, a magnitude das diferenças entre as medições de temperatura axilar e retal no atual estudo sugere que a medida da temperatura axilar medida pode não ser um substituto adequado para a temperatura central (retal) durante a hipotermia terapêutica. Até que um ensaio prospectivo mostre que é seguro usar a temperatura axilar, a temperatura retal deve ser medida, preferencialmente para manter a temperatura central durante a hipotermia. O que este estudo acrescenta ▸ Existe uma grande variabilidade entre as medições da temperatura axilar e temperatura retal durante o tratamento de hipotermia total do corpo (± 1 ° C). ▸A medição da temperatura axilar não é um substituto exato para temperatura central contínua (retal) durante A hipotermia terapêutica de corpo inteiro (nas fases de indução, manutenção ou reaquecimento)