Filantropia: Empresas Comunitárias Prof. Franthiesco Ballerini www.franthiescoballerini.com [email protected] Terceiro Setor & Comunicação A efetividade dos produtos de comunicação, como fatores de protagonismo cidadão, no ambiente das organizações sociais, sem fins de lucro, passa pelo completo entendimento, dos profissionais da área, sobre o universo do Terceiro Setor. Conhecer com segurança e clareza, a história, o marco legal e lógico,os dilemas, avanços, e toda a linguagem” conceitual utilizada na responsabilidade social, de ONGs, empresas e governos, é fundamental para que o processo de mudança cultural nessa atividade, continue avançando e abrindo espaço para profissionais realmente qualificados, atuarem com diferencial. Terceiro Setor & Comunicação • Atualmente os movimentos e organizações sociais estão percebendo a - necessidade de profissionalizar todas as áreas internas: administrativa, jurídica, contábil e, mais recente, a comunicação. • - A comunicação planejada e ESTRATÉGICA, para promover a transparência, a legitimidade, a seriedade e a multiplicação dos valores e ações envolvidos nos programas e projetos. O que implica em ver a comunicação como uma ferramenta potencializada para levar a uma das conquistas mais almejadas por esses atores sociais: a sustentabilidade. Terceiro Setor & Comunicação • - PRIMEIRO SETOR: Governos, nas esferas municipal, estadual e federal. • - SEGUNDO SETOR: O mercado ou as empresas com fins de lucro, (que é o papel social delas). Importante: não confundir fins econômicos, com fins de lucro. • - TERCEIRO SETOR: Sociedade Civil Organizada, Movimentos e Redes Sociais (MST, COEP - Comitê de Combate à Fome e Pela Vida (campanha contra a Fome, do Betinho). Terceiro Setor & Comunicação • De acordo com o Código Civil Brasileiro, juridicamente constituído por Associações e Fundações. - Associação: reunião de pessoas físicas ou jurídicas para ações sem fins de lucro, não são OBRIGADAS a prestar contas ao MP-MG (que pode, a partir de 2004, com a criação do CAO-TS, receber a prestação de contas e intervir mediante denúncia), os objetivos podem ser mudados, pessoa jurídica são as pessoas que se reúnem, registrar estatuto CNPJ. - Fundação: a pessoa jurídica é o patrimônio disponibilizado, velada pelo Ministério Público, desde o seu nascimento, pode sofrer intervenções e ser extinta, mas o objetivo permanece, e seu patrimônio será repassado a organização congênere; estatuto e CNPJ: Dados MP-MG de 1999, sobre as fundações de BH: movimentaram cerca de 280 milhões e geraram cerca de 7 mil empregos. - Dúvidas: valor do patrimônio?:necessário para atingir seus fins (análise de caso a caso). ONG • Origem do termo: ganhou destaque nos anos 60, época da ditadura militar, quando os movimentos sociais eram clandestinos. - Após esse período, mais precisamente a partir dos anos 90, foram se constituindo formalmente, saíram da clandestinidade e começaram a crescer, se desenvolver. - Passaram a contribuir com o desenvolvimento econômico, social e ambiental, interferir na criação de políticas públicas inclusivas, através de suas ações voltadas para a cultura, educação, saúde, geração de emprego e renda, direitos humanos, preservação do meioambiente, tecnologias sociais e tantas outras, visando ao desenvolvimento integral humano, para o protagonismo social e a sustentabilidade das comunidades. ONG • Instituto, ONG e Entidade São gêneros, não são pessoas jurídicas e por isso se aplicam em vários casos. - Exemplos: Instituto Xopotó, Instituto Hartmmann Regueira, Instituto Ayrton Senna (Brasil e exterior), Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), comitês de Bacia Hidrográfica e as cooperativas sociais. - Autarquia: órgão público de apoio as ações governamentais, mas com certa autonomia. Podem ser municipais, estaduais ou federais e têm patrimônio próprio, funcionários concursados: Ex: agências de regulação dos serviços públicos: Anatel, ANA, EMATER-MG. Instituto, ONG e Entidade: Cooperativas Sociais • A Lei 9.867/1999 dispõe sobre a criação e o funcionamento de Cooperativas Sociais, constituídas com a finalidade de inserir as pessoas em desvantagem no mercado econômico, por meio do trabalho, fundamentadas no interesse geral da comunidade em promover a pessoa humana e a integração social dos cidadãos. Associação de pessoas para prestação de serviços, os cooperados cujo número é ilimitado: atuação questionada, porque têm isenção fiscal (como o ISS), podem receber incentivos fiscais dos governos e participar de processo licitatorio, junto com as demais empresas, não visam lucro, mas os recursos podem ser divididos entre os cooperados no final do exercício (ano). - A Lei 9.867/1999 dispõe sobre a criação e o funcionamento de Cooperativas Sociais, constituídas com a finalidade de inserir as pessoas em desvantagem no mercado econômico, por meio do trabalho, fundamentadas no interesse geral da comunidade em promover a pessoa humana e a integração social dos cidadãos. Instituto, ONG e Entidade - Comitês de Bacia Hidrográfica • órgãos colegiados formados pela sociedade civil, governos e instituições de pesquisa, responsáveis pela gestão das bacias e por estabelecer mecanismos de cobrança pelo uso da água; Outros exemplos: Incluem-se ainda institucionalmente formalizados como associações e portanto como Terceiro Setor, o CAM, o CRUZEIRO, ou seja, os times de futebol, os partidos políticos, as instituições religiosas; - OBS: Falta aos governos, em todos os âmbitos, fazer um diagnóstico sério, para definir que tipo de organização social deve receber o nome TERCEIRO SETOR e PORTANTO, deve receber as atenções governamentais, como isenções, incentivos, recursos e parcerias: saber quais realmente prestam serviços coletivos e não corporativos, sem fins de lucro: daí o censo comum, que impera na sociedade, de que toda ONG é “pilantrópica”. Política Pública • Política Pública: o conjunto de ações coletivas voltadas para a garantia dos direitos sociais, configurando um compromisso público que visa dar conta de determinada demanda, em diversas áreas. Expressa a transformação daquilo que é do âmbito privado em ações coletivas no espaço público” (Guareschi, Comunello, Nardini & Hoenisch, 2004, pág. 180). Envolve atores públicos e privados. Fases: a) formação da agenda; b) formulação; c) implementação; d) monitoramento; e) avaliação; - Ex: Política Nacional de Juventude:planejamento de 10 anos do Gov.Federal, através da Secretaria Nacional da Juventude (2005), com a participação dos jovens do Brasil, durante Encontro Nacional em Brasília (2008), mobilizados pelo Conselho Nacional da Juventude e seus braços estaduais e municipais (conselhos e ONGs), para fomentar a garantia dos direitos juvenis, como acesso à educação e cultura, saúde, lazer, emprego e renda,etc. Tecnologia Social • metodologias que garantem a inclusão, ou seja o acesso efetivo de todos, a demandas específicas de áreas como saúde, cultura e geração de trabalho e renda. - Exs: soro contra a desidratação infantil, desenvolvido pela Pastoral da Criança, coordenada por D. Zilda Arns, cisternas subterrâneas no semiárido brasileiro, tijolos fabricados pelo Instituto Kairós, com espécie de terra local (em Nova Lima), artesanato no Salão do Encontro (folhas, terra para fabricar tintas coloridas), pincéis feitos de cabos de antena de TV e pêlo de animais) e, da Ramacrisna, artesanato com jornais (bolsas, relógios, utensílios diversos) e etc... Sustentabilidade • Formalização de parcerias com organismos governamentais e empresas, nacionais e internacionais para obter recursos mediante aprovação de projetos: Termo de cooperação Técnica. Qualificações exigidas: OSCIPs mineiras, Filantropia, Utilidade Pública. - Concurso de projetos, Leis de Incentivo (à cultura e ao esporte). Fabricação de produtos- identificar potencial local: ações para geração de emprego e renda e resgate cultural mantendo as tradições locais(capacitação dos beneficiados em cursos e oficinas) e comercialização: feiras, mostras: Ex: Brindes sociais para empresas. Títulos e qualificações • OSCIP: Organização da Sociedade Civil de Interesse Público: mineira - (14870/04), federal(9.790/99) e (municipal Sabará e Projeto de Lei na Câmara de BH – vereador Paulo Lamac), pode remunerar dirigentes. - Em Minas : Número de organizações qualificadas no Estado: 144; desqualificadas: 3; Termos de parcerias vigentes: 32. Isso desde dezembro de 2003, quando foi editada a lei 14.870. - Utilidade Pública Federal: Ministério da Justiça ou pelo Presidente da República às associações e fundações.Para obter o título, a entidade tem que ser constituída no Brasil, estar em funcionamento há pelo menos três anos e não remunerar dirigentes, além de promover atividades compatíveis com o título (Atividades educacionais, de pesquisa científica, culturais, artísticas e filantrópicas). Títulos e qualificações • Utilidade Pública Federal: - Legislação de 1935: não abarca todo o Terceiro setor, como por exemplo, as organizações com foco ambiental. - Não compatível com Utilidade Pública Municipal e com a OSCIP estadual. - A partir de 2004, quem tiver a qualificação de OSCIP estadual não pode obter a Utilidade Pública Federal ou a Filantropia. Mas pode deixar de ser OSCIP(estadual) e adquirir os outros dois. - Não pode remunerar seus dirigentes, a exemplo do Título de Filantropia. - OBS: Nas organizações sociais é vedada a distribuição de superávit financeiro, devendo este ser investido totalmente no objetivo da ONG Títulos e qualificações • Filantropia: Qualificação Federal, antes da MP 446/2008, era concedida e renovada pelo Conselho Nacional de Assistência Social, o CNAS. Órgão paritário, o CNAS recebia pedidos (protocolos), analisava, julgava e emitia ou não, renovação (3 em 3 anos), ou registro de Certificados de Entidade Beneficente de Assistência Social (Cebas), que garante isenção fiscal a instituições que atuam nas áreas de assistência social, saúde e educação. - Função Atual do CNAS: atuação restrita às organizações de assistência social : acompanhar e fiscalizar o processo de certificação das organizações de assistência social, junto ao MDS. - Este ano, 2.274 conseguiram renovação de sua titulação, outras 8 mil aguardam resposta de seus pedidos protocolados junto ao CNAS e 5.630 estão certificadas e atuantes nas áreas de assistência social, saúde e educação. Organizações Sociais • POUCO reconhecidas pelo patrimônio e investimento sociais movimentados e acumulados, segmento desmobilizado (sem voz e vez na sociedade com pouca representatividade: CASOS: GIFE, ABONG), têm mais legitimidade para trabalhar com as comunidades, legislação um pouco mais avançada, no entanto confusa, sendo necessária uma revisão do Marco Legal que promova a criação, o desenvolvimento e a atuação eficiente do segmento; falta de investimento em profissionalismo de todos os seus setores: gestão eficiente para resultados. Organizações Sociais - Problemas • Parcerias não muito bem definidas e/ou bem implementadas; - Mapear o setor; Exigir dos governos a Realização de um censo ou diagnóstico que as defina e comprove a exata dimensão dos resultados alcançados com suas ações e, também, que possa posicionar e direcionar todos os segmentos da sociedade, sobre quais áreas sociais necessitam investimentos (ex:concentração de grande parte das ações na área da infância e saúde), em detrimento de atendimento ao idoso, população de rua, criminalidade juvenil, etc. - Cultura do assistencialismo (ajudar), comum na sociedade sobre sua atuação e, ainda de que projeto social não deve alocar recursos para comunicação e marketing; Legislação confusa. Organizações Sociais - Problemas • Profissionalização: A) Elaboração de projetos, captação de recursos, comunicação, administração, prestação de contas, etc; B) Fonte de recursos; C) Avaliação, mensuração e registro dos resultados (Relatórios anuais de resultados); Comunicação no Terceiro Setor • Comunicar é “Tornar comum” Comunicação: Assim como nos outros setores e suas organizações, no Terceiro Setor a comunicação precisa ser planejada estrategicamente de acordo com a realidade de cada público). Como fazer isso: A partir de um diagnóstico quantitativo e qualitativo, visitas in loco e estudo para conhecimento de todas as variantes inerentes ao projeto social;conhecer o ambiente, histórico e suas características locais socioeconômicas, culturais e ambientais. Estrutura: Alocar o orçamento necessário para os recursos humanos, materiais e financeiros, para trabalhar com todas as possibilidades, ferramentas e produtos necessários - (logística das ações dos projetos). Comunicação no Terceiro Setor • Exemplos do segundo setor: gestão profissionalizada e eficiente. As ONGs precisam ter excelência na sua administração, gestão efetiva para resultados, PRECISAM também investir, ou seja, prever recursos para sua comunicação e marketing; Ex: Instituto Xopotó, Missão Ramacrisna,Projeto FRED,Árvore da Vida (CDM- FIAT),Instituto Kairós e, a maioria das fundações, ligadas a empresas (V&M, Acesita). Comunicação no Terceiro Setor • ATENÇÃO: a comunicação no Terceiro Setor pode e deve ser de qualidade, bonita e honesta, ou seja, com ÉTICA E ESTÉTICA. - Cultura equivocada: impregnada na nossa sociedade, de que projeto social não pode mostrar o que faz ou quem patrocinou. - QUEM DISSE ISSO? Em projeto social gastar recurso com COMUNICAÇÃO e MARKETING é anti-ético. Não é proibido por nenhuma legislação. Essa posição, se colocada no estatuto pode prejudicar a sustentabilidade da organização e das suas ações e projetos. - Gestão PLANEJADA e profissionalizada – recursos humanos, financeiros e materiais: qualificação dos colaboradores (inclusive local) Ex: Instituto Xopotó. Comunicação Estratégica • ATUAÇÃO PROFISSIONAL ESTRATÉGICA: A) Olhar atento aos contextos local, regional, estadual, nacional, federal e global, com ações para o alcance dos objetivos(identificar oportunidades de provocar a mídia, levantar debates e emplacar pautas e projetos, efetivar parcerias). B) Atuar para a transformação social efetiva e não apenas pontual ou incompleta: Metodologia das ONGs italiana Cooperação para o Desenvolvimento e Morada Humana(CDM) e AVSI - fortalecimento dos vínculos familiar, comunitário e social. C) Conhecimento e troca de experiências, informações e metodologias de sucesso (ex:gestão de produção e venda de produtos, mobilização, animação e participação de comunidades carentes, nos projetos, etc). Comunicação Estratégica • Disseminação dos valores humanos, como ética, justiça e solidariedade e da prática de conceitos como voluntariado, protagonismo social, reciclagem... A) Qualificação de mão-de-obra, inclusive local X Demissão e importação de mãode- obra. B) Recursos humanos X Recursos materiais. C) Colaboração X Competição. D) Promover o RELACIONAMENTO com todos os públicos de forma harmoniosa e efetiva e não pontual. Comunicação Estratégica • ESTÁ DIRETAMENTE LIGADA À SUSTENTABILIDADE DA ORGANIZAÇÃO E SEUS PROJETOS SOCIAIS: - Por isso precisa atuar também diretamente ligada à direção da organização (lugar de destaque na hierarquia – nível decisório de direção). - Ferramentas da Comunicação possibilitam construir e consolidar a imagem institucional da organização, interna e externa, de acordo com seus objetivos, missão, visão: SERIEDADE, RESULTADOS RELEVANTES, PROFISSIONALISMO, VISIBILIDADE, TRANSPARÊNCIA EM TODOS OS PROCESSOS (INCLUSIVE FINANCEIRO E ADMINISTRATIVO), MOBILIZAÇÃO, MULTIPLICAÇÃO das metodologias e resultados e, REGISTRO HISTÓRICO. Exemplos: V&M projeto GERMINAR (ONG CDM), projeto social na Favela do Vietnã e a TV GLOBO e, o III Encontro Terceiro Setor (ONG e o veículo, doado por uma empresa). Comunicação Estratégica • É preciso MOBILIZAR para a CAUSA, Respeitar “o tempo da comunidade”, a cultura (hábitos e costumes); identificar os desejos e as potencialidades das comunidades atendidas(potenciais parceiros, atores locais, recursos naturais e culturais, localização, acesso, atuação política, presença de grupos empresariais, instituições de ensino, desenvolvimento tecnologias de acesso e inclusão replicáveis). - As melhores ferramentas de comunicação, vão depender do público e sua realidade social, cultural, econômica e ambiental e , nem sempre, podem ser as ferramentas tradicionais, como TV, rádio, jornal, outdoor, busdoor. Exemplo: igreja em Brás Pires, jornal do ônibus em BH, Projeto com idosos em Betim e com agentes da CEMIG no Aglomerado da Serra. - Possibilidades: carro de som, uma cartilha, cartazes e jornais murais em pontos estratégicos; como nos comércios, prefeituras, câmaras, etc, panfletos, mobilização ou intervenção com agentes culturais, música e teatro em praças e lugares públicos, visitas domiciliares. Exercício Final • Pesquisar na Internet exemplos de comunicação estratégica efetiva de empresas do Terceiro Setor: sites bem construídos, informações bem divulgadas, exemplos de cidadania etc.