Arte e Educação
Unidade II
TENDÊNCIAS DO ENSINO DA
ARTE NO BRASIL
O Ensino da Arte
 As origens do ensino de artes no Brasil nos remetem à colonização,
principalmente após a vinda dos padres jesuítas. Os missionários da
Companhia de Jesus chegaram a nossas terras a partir de 1549 e aqui
permaneceram até 1759.
 A arte representava importante instrumento de educação e doutrinação
religiosa de índios e escravos. O ensino era caracterizado por processos
informais em oficinas de artesãos.
 Durante todo o período colonial brasileiro os temas representados nas artes
foram fundamentalmente religiosos, mas também podem ser observados
em detalhes de construções civis e militares.
 Os modelos que serviam de inspiração aos artesãos daqui vinham de
Portugal.
 Arte é associada a luxo, a uma elite privilegiada que compreende seus
elementos e que tem acesso aos estudos na Academia. Da mesma forma,
a arte é valorizada socialmente e colabora para a formação de um retrato
da sociedade da época.
 O ensino também era orientado ao trabalho profissional e com função
utilitarista através do desenho técnico (geometria e perspectiva) e ofícios
mecânicos.
 O estudo do desenho vinha representar uma época marcada por grande
desenvolvimento industrial, da produção e consumo de bens.
 O desenho então era ensinado na escola como principal habilidade. Como
um fazer técnico e com objetivo de aplicação profissional, servia também
para manter a divisão social, segundo Brito (2003), de forma que os
desfavorecidos aprendiam o trabalho direcionado às fábricas; e os mais
abastados aprendiam a apreciar obras de arte e distinguir falsificações.
 As mudanças no ensino de arte têm profunda relação com as propostas
educacionais em geral, que deslocam o foco de atenção da transmissão
apenas de conteúdo, para o processo de aprendizagem do aluno.
 No final do século XIX, nos Estados Unidos, já havia um movimento
denominado Escola Nova, que influenciou a modernidade do ensino de Arte
no Brasil.
 Artisticamente, vivíamos o período de valorização
de uma cultura própria brasileira; formação de uma
identidade nacional.
 Na década de 1930, iniciam-se cursos extracurriculares em escolas
especializadas de artes. Porém ainda dirigidos para estilizações do
desenho.
 O ensino passou a ser baseado na livre-expressão (deixar fazer sem
interferência do professor), no espontaneísmo e na valorização principal no
processo de trabalho, não mais no resultado final.
 Para Barbosa (2003), o estado político ditatorial de 1937 a 1945 entravou o
desenvolvimento da arte-educação e solidificou alguns procedimentos,
como o desenho geométrico na escola secundária e a cópia de estampas
na escola primária.
 A arte passa a ter utilização como treinamento do olho ou para a liberação
emocional associada ao espontaneísmo e livre-expressão.
 Em 1971, a Lei 5.692 criava a Educação Artística como componente
curricular, mas Arte vinha apenas como atividade a ser desenvolvida. O
professor era visto como polivalente: um mesmo professor desenvolveria
trabalhos de artes plásticas, música, artes cênicas (teatro e dança).
A oferta de cursos específicos e de pós-graduação para os professores, assim
como a realização de concursos públicos para o ensino de artes somente se
expandiram.
Apenas com a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), nº
9.394 de 1996, a arte passa a ser obrigatória em todos os níveis da educação
básica, a fim de “promover o desenvolvimento cultural dos alunos”. A área
passa a ser identificada pelo nome Arte apenas, e não mais Educação Artística.
Apenas a partir da publicação dos PCN acontece a maior divulgação de uma
metodologia que englobe três eixos fundamentais para o ensino de arte,
designados como: Produção (fazer Arte), Apreciação (leitura da obra de arte) e
Reflexão (contextualização).
De acordo com o texto do Centro Cultural Maria Lívia de Castro (2008), podemos
distinguir três pontos comuns existentes entre a diversidade de propostas
atuais:
 - um compromisso maior com a cultura e a história;
 - a preocupação com o desenvolvimento da capacidade de apreciação de
obras de arte;
 - a ampliação do conceito de criatividade com seus múltiplos significados, e
longe de uma visão ingênua e emocional sobre o fazer artístico.
Arte é Conhecimento – Artes Visuais,
Teatro, Dança
e Música
 Artes Visuais, como o nome já diz, engloba todo o trabalho com a
percepção visual, as formas, identificação de texturas, e os vários
elementos, que serão especialmente mais detalhados nas próximas
unidades de estudo, são fundamentais para a compreensão mais
profunda dos significados das produções gráficas da humanidade.
 O teatro e a dança envolvem toda a percepção sensorial do corpo
no espaço. Não se refere apenas a apresentações de peças teatrais
ou espetáculos, mas o desenvolvimento lúdico da capacidade de
expressão e posicionamento diante de um público ou dos próprios
colegas de sala de aula.
 A música possui uma linguagem específica que pode ser escrita,
mas tem na existência de sons e silêncios, ritmos e melodias, a
capacidade para elevar a alma, apresentar emoções contidas, e
desenvolver um pensamento musical através do conhecimento de
diversos estilos.
Proposta Metodológica para o
Ensino da Arte
Metodologia Triangular
Ana Mae Barbosa é uma referência essencial em Arte-Educação e principal
formuladora do conceito de Metodologia Triangular no país. Para a autora e
arte-educadora, o fazer é insubstituível para a aprendizagem da arte e para
o desenvolvimento do pensamento. No entanto, somente a produção de
imagens não é suficiente para a compreensão, leitura e julgamento da
qualidade de imagens que nos cercam.
Podemos caracterizar os três eixos conceituais do
ensino de artes:
 Produção (o fazer artístico) – continua a ser indispensável para o
desenvolvimento de criatividade, porém associado a expressão das idéias,
estabelecimento de comunicação em relação ao que o aluno apreende
criticamente. O fazer artístico não está mais associado a um momento de
simples “auto-expressão” e projeção de sentimentos. A aprendizagem de
técnicas favorece a expressão artística em diferentes tipos de abordagens.
 Apreciação (fruir, leitura da arte) – está além do aprendizado de períodos e
datas históricos. Consiste na observação, contato com a imagem, com a
obra, com os elementos visuais que devem ser apreendidos a priori para
que seja possível a percepção da relação entre tais elementos. A
apreciação e a leitura da imagem é distinta entre as pessoas e polissêmica.
 Reflexão (contextualização) – relação entre os dados obtidos sobre a obra
observada, época, autor, material, lugar em que foi produzida. São as
informações e relações feitas a partir do que é observado.
Exercícios de Auto-Avaliação
• Ana Mae Barbosa afirma que a arte está
sendo muito mal orientada nas escolas.
Descreva quais são os aspectos que
podem tê-la levado a chegar a esse tipo
de conclusão.
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