Os diferentes tipos de resenha Uma revisão Resenha descritiva • Não possui manifestação crítica, pois tem a intenção de apresentar, descrever o produto. Resenha jornalística • Pode-se omitir um ou outro elemento da estrutura da resenha. Texto 1 To the 5 Boroughs Artista: Beastie Boys Gravadora: EMI **** Estava demorando para esses três novaiorquinos soltarem o verbo contra a política de dominação dos EUA. No intervalo entre “Hello Nasty” (1998) e o ano de 2004, as torres do World Trade Center caíram, o Afeganistão e o Iraque foram invadidos, e Adrock, MCA e Mike D. permaneceram calados...até agora. Com Georg W. Bush na mira do rap esperto do trio, eles pedem o desarmamento multilateral (em “We Got the”), o fim do poder do presidente (em “That’s it That’s All) e seu impeachment (em “It’s Time to Build) e criticam a política de dominação mundial norte-americana (em “Right Right Now Now). Pela primeira vez os Beastie Boys falam o que pensam sobre política, nesse álbum que não contou com a mão de um produtor. Sonoramente, o trio está feroz, rápido, “roubando” trechos de músicas de diversos estilos, como o rock do Flaming Lips, o hip hop original de Sugar Hill Gang, o rap atual de 50 Cent e até o som de um berimbau, na faixa “Hey Fuck You”. O título do CD é uma homenagem a Nova York, cidade que, segundo os Beastie Boys, em “Na open Letter to NYC”, “não rejeita ninguém, aceita pessoas de todos os lugares, de onde quer que elas sejam”. Nem todos os americanos concordam com Bush. (Leandro Fortino) (FOLHA DE S. PAULO, FOLHATEEN, 26 DE JUNHO DE 2004) Texto 2 FANTÁSTICO, CHARMOSO E CONTAGIANTE! AS BICICLETAS DE BELLEVILLE (The Triplets Of Belleville/FRA/BEL/CAN/2003) ***** 26/02/04 Quem disse que, com uma simples história não se faz um excelente filme? Pois é, hoje em dia, somente um gênio, o grão de areia tem se transformado em pérola. Graças à simplicidade e à criatividade que, ultimamente vêm ampliando ainda mais os limites e a imaginação dos desenhos animados. As Bicicletas de Belleville é uma singela animação em 2D que conta a divertida jornada de uma adorável vovó em busca de seu neto raptado. Adorado por sua avó, Madame Souza, o garoto Champion é uma criança tímida, inocente e solitária que, após ter ganhado uma bicicleta enquanto menino, descobre uma certa paixão pelo ciclismo. Com o passar dos anos, e com rigorosos treinamentos impostos pela avó, Champion torna-se um profissional das duas rodas. Durante o famoso circuito de corridas de bicicleta francês, o Tour de France, ele é sequestrado por dois homens misteriosos. Madame Souza e seu fiel cachorro Bruno cruzam as fronteiras do oceano em busca para tentar resgatá-lo. É sensacional! Méritos para o estreante, roteirista e diretor Sylvain Chomet, que criou um universo charmoso e criativo, no qual opta por espelhar-se no cinema mudo apresentando uma mistura de raros diálogos, canções e movimentos. Além da simples história que exibe uma trama cativante e envolvente, o encanto certamente está no gráfico 2D, devido aos divertidos traços caricaturados das feições humanas e dos ambientes em cores leves. O roteiro, sempre harmonizando drama e um delicioso humor negro, é rico em detalhes visuais (enfoca estilos de vida e expõe interessantes métodos e ideias que são utilizados na dinâmica dos personagens), e focaliza a jornada de Madame Souza em busca de seu neto sequestrado, que a leva para uma megalópole chamada Belleville, no caso, é uma sátira à Nova York e aos americanos (população gorda, inclusive a estátua da liberdade é obesa). Assim como o título original, o filme faz referências às Trigêmeas de Belleville, três estrelas musicais dos anos 30 que ajudam a avó na procura por Champion. As Bicicletas de Belleville foi incado ao Oscar em duas categorias: Melhor Animação e Canção, recebeu também indicação ao BAFTA e ao Festival de Cannes e ainda levou um César de Melhor Trilha Sonora, além de ter sido indicado nas categorias de Melhor Filme e Melhor Trabalho de Estréia, e ganhou diversos prêmios internacionais. Recomendado para todas as idades. http//www.cinemaemcena.com.br/ crit_cinefilo_filme.asp?cod=2744&codvozcinefalo=4692 Identifique nas duas resenhas as partes que contêm o resumo do objeto resenhado e as que contêm comentários ou avaliações sobre ele. Resenha científica acadêmica Numa resenha crítica acadêmica, observam-se com rigor os itens da estrutura. Pode-se afirmar que, nesse tipo de resenha, é essencial, após os dados gerais sobre ele e o resumo informativo de seu conteúdo, aprofundar a apreciação crítica sobre o produto. Para tanto, podese desenvolver três formas de análise: INTERPRETATIVA: apresenta uma posição própria sobre as ideias do autor, uma análise de como o autor demonstra seu raciocínio e quais seus principais argumentos. COMPARATIVA: apresenta referências a outros autores, buscando comparar o ponto de vista do autor com os de outros, ou o produto cultural em questão com outros semelhantes. REFLEXIVA: faz questionamentos, buscando identificar outros assuntos paralelos à ideia central e avaliar a contribuição do produto para a sociedade. Estrutura e partes da resenha acadêmica científica 1. TÍTULO: Exemplo: PRECONCEITO LINGUÍSTICO: O QUE É E COMO SE FAZ Marcos Bagno. São Paulo: Loyola, 1999. Por Tatiane Antunes de Carvalho, aluna do 4º período do curso de Letras 2. Informações sobre o contexto e o tema do livro resenhado. Objetivos da obra resenhada. Descrição estrutural da obra resenhada (por capítulos ou agrupamentos de capítulos). Credenciais do autor. 3. Apreciação do resenhista sobre a obra. Comentários positivos e negativos. Apresentação de referências a outros autores, buscando comparar o ponto de vista do autor com os de outros, ou o produto cultural em questão com outros semelhantes. 4. Conclusão: explicitar-reafirmar a posição sobre a obra resenhada. Fazer questionamentos, buscando identificar outros assuntos paralelos à ideia central e avaliar a contribuição do produto para a sociedade. 5. Referências. Considerações importantes Numa resenha acadêmica científica é comum o autor EVITAR escrever em primeira pessoa, mas continuar expressando sua subjetividade. Isso garante mais veracidade ao que está sendo dito, pois não parece que é uma opinião do resenhista, mas uma característica da própria obra. Considerações importantes Quando se faz uma resenha acadêmica sobre a obra de alguém é importante seguir as regras de POLIDEZ, para evitar agredir o autor da obra resenhada. Para que a resenha seja clara e coerente para o leitor, é preciso dar indicações que guiem a leitura, mostrando a relação entre as ideias sobre a obra resenhada e destacando seu posicionamento em relação a ela. Para isso, utilizamos os organizadores Considerações importantes textuais que melhor expressam as relações que queremos estabelecer. Conectivos que indicam adição de ideia Conectivos que indicam contraste entre ideias ou argumentos contrários Conectivos que indicam explicação/ constatação/confir mação Não só... mas também Entretanto Embora Ainda que No entanto Contudo Apesar de Mesmo que Mas De fato Com efeito Considerações importantes Na resenha, é natural que haja menções ao texto original, acompanhadas de comentários feitos pelo resenhista. Porém, deve-se tomar cuidado ao fazer essas menções para que o que foi dito pelo resenhista e o que foi dito pelo autor do texto original fiquem absolutamente claros para o leitor. Além disso, temos de interpretar os diferentes atos que o autor do texto original realiza no texto. Considerações importantes AÇÃO DO AUTOR DA OBRA ORIGINAL VERBOS POSSÍVEIS ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO DA Estruturar-se, dividir-se, OBRA organizar-se, concluir, terminar, começar etc. INTRODUÇÃO DO CONTEÚDO GERAL Apresentar, desenvolver, descrever, explicar, demonstrar, mostrar, narrar, analisar, apontar, abordar etc. INDICAÇÃO DOS OBJETIVOS DA OBRA Objetivar, ter o objetivo de , se propor a etc. POSICIONAMENTO DO AUTOR DA Sustentar, contrapor, confrontar, OBRA EM RELAÇÃO A SUA defender a tese, justificar, afirmar, CRENÇA/TESE opor etc Referências MACHADO, Anna Rachel, LOUSADA, Eliane Gouvêa; TARDELLI, Lília Santos Abreu. Leitura e produção de textos técnicos e acadêmico: Planejar gêneros acadêmicos. São Paulo: Parábola Editorial, 2005.