Resenha O que é uma resenha? Quais são as suas características estruturais? Qual é a sua finalidade? Em que contextos a resenha circula e qual o perfil de seus leitores? Como é a linguagem utilizada na sua elaboração? Por que os juízos de valor são essenciais para as resenhas Como escolher um filme para ver no fim de semana? Como saber se vale a pena comprar o novo disco de um artista? Quais, dentre muitos livros recentemente publicados merecem a nossa atenção? Um gênero discursivo que em jornais e revistas pode ser utilizado como referência para responder a essas perguntas: trata-se da resenha. Resenha: definição e usos São textos que orientam sobre o que escolher entre as muitas produções culturais que nos cercam. Ou que nos mantém atualizados sobre os vários lançamentos de livros, filmes, CDs, peças de teatro, programas de TV, shows. Características estruturais A resenha é um gênero discursivo que combina a apresentação das características essenciais de uma dada obra (filme, livro, peça de teatro etc) com comentários e avaliações críticas sobre sua qualidade. Tratas-se, pois, de um resumo com juízo de valor. Os resenhistas, além de caracterizar sucintamente a obra analisada, apresentam uma série de juízos de valor que procuram oferecer ao leitor uma avaliação mais geral da qualidade e da validade dessa obra. Por esse motivo, as resenhas são textos argumentativos, uma vez que os juízos de valor devem vir acompanhados de argumentos que os sustentem. Contexto de circulação Atualmente, encontramos resenhas em diversos meios de comunicação: revistas, grandes portais da Internet, como UOL, Globo e Terra e até mesmo em blogs pessoais. Exemplo 1 Cura entre Gerações: uma viagem íntima através do perdão Pe. Robert DeGrandis Neste livro, o Pe. Robert DeGrandis traz uma brilhante abordagem sobre o perdão e sua importância para a cura do relacionamento entre gerações. Com uma linguagem simples e de fácil entendimento, este livro o conduzirá à uma reflexão profunda sobre si mesmo, numa perspectiva cristã e, profundamente, humana. Exemplo 2 Piratas do Caribe é um hamburgão de fantasia No fim do mundo, terceiro filme da trilogia, estréia hoje apostando no excesso de efeitos e no talento de Johnny Depp Se há uma palavra para designar a terceira parte da trilogia Piratas do Caribe, esta palavra é excesso, Piratas do Caribe 3; no fim do mundo abusa dos efeitos visuais, das reviravoltas, traições sem sentido e das lutas. O diretor Gore Verbinski e o produtor Jerry Bruckheimer trabalham com o excesso da imagem e da ação – e, claro, com um olho fixo na bilheteria. O filme, que estréia mundialmente hoje (25 de maio de 2007) – e em 769 salas de cinema só no Brasil –, é todo ele um acúmulo de elementos. Os dois longas anteriores já arrecadaram 1,8 bilhão de dólares, e este No fim do mundo pode bater o recorde do anterior, O baú da morte, que amealhou nada menos que 100 milhões de dólares em apenas dois dias de exibição. No fim do mundo dura 165 minutos. Vem carregado de enredos, que correm paralelos sobre os trilhos do tema da morte. O roteiro compreende quatro linhas de trama. A primeira é o resgate que os piratas têm de fazer de dois mortos: o do pai do mocinho Will Turner (Orlando Bloom), preso no navio Holandês Voador, e o resgate do pirata rebelde Jack Sparrow (Johnny Depp), desgarrado em uma geleira ártica. A segunda linha está na fronteira entre o mundo dos vivos, dos mortos e da imaginação. Há, em terceiro lugar, o amor entre os piratas bonitinhos Will e Elisabeth (Keira Knightley). E trata, por fim, do confronto entre o Mercantilismo, o Romantismo e a Natureza. É a melhor linha do longa metragem: é representada pelo amor doentio do Comandante Davy Jones (Bill Nighy), do Holandês Voador, pela deus Calipso (Naomi Harris). Tudo isso leva o espectador que não acompanhou os outros dois episódios a se perder no maremoto de fantasia de no Fim do Mundo. Os efeitos especiais são fenomenais e bonitos, numa sequência que deve durar mais de 20 minutos, com direito a tons cinzentos, movimentos vertiginosos das naves e uma luta tão brutal quanto fantasiosa. Muita rapidez, muito efeito e muitas histórias compõem No fim do mundo. É um hamburgão de fantasia. É preciso reconhecer que o excesso pega bem neste fim de década de 2000. A audiência contemporânea sente fome dos efeitos carregados de efeitos e referências. Certamente, o público se excede nas calorias do espírito para compensar a dieta magra da vida real. Luiz Giron Antonio, Época online Os leitores de resenhas O perfil dos leitores de resenhas varia tanto quanto as obras resenhadas. Todos os leitores de resenha apresentam uma característica em comum: desejam não só uma descrição de determinada obra, mas também uma opinião sobre a sua qualidade. Se confiam nos autores das resenhas, podem se basear em seus textos para decidirem se vale ou não a pena conhecer tal obra. Passos para a elaboração da resenha Toda resenha deve trazer uma caracterização resumida da obra analisada e também de apresentar uma opinião sustentada por argumentos. O título representa o primeiro contato do leitor com a obra analisada. Devem informá-lo sobre o tema dessa obra. 1º parágrafo: introdução que apresenta o contexto no qual a obra resenhada se insere. Deve também trazer as informações básicas: título, autor); 2º parágrafo: apresentar o resumo das características principais da obra e os argumentos que traduzam seu juízo de valor; Conclusão: a conclusão pode ser entendida como a reafirmação da avaliação feita sobre a obra resenhada.