CONCEITOS
DO
MATERIALISMO HISTÓRICO
E
DIALÉTICO DE KARL MARX
O trabalho
Foi o trabalho que nos tornou
humanos. Quando aquele animal primitivo
criou um instrumento e começou a
transformar a natureza, ali surgia o ser
humano. O trabalho é o que nos fez
humanos. O trabalho no
capitalismo
industrial, já na sua primeira fase,
alienava e desumanizava.
E justamente por ter reconhecido no
trabalho a matriz da práxis, a autocriação do
sujeito humano, Marx se perguntou por que
o trabalho, de atividade tão criativa que era,
se transformou nessa chatice que a maioria
das pessoas atualmente abomina. O trabalho
no capitalismo industrial, já na sua primeira
fase, alienava e desumanizava.
Karl Marx

Marx nasceu em Treves, na Prússia (não
confundir com Rússia), em 1818. Era filho de
um
advogado
judeu
convertido
ao
protestantismo.
Foi
filósofo,
historiador,
economista e jornalista. Segundo Engels, as
duas grandes descobertas científicas de Marx
foram: a concepção do materialismo histórico e
a teoria da mais-valia.
Exílio

Ativista político fundou e dirigiu a
Primeira Internacional Operária, de
1867 a 1873. Em 1843, expulso da
Prússia, exilou-se em Paris e
posteriormente em Bruxelas e em
Londres, onde morreu em 1883.
Obras de Marx

Deixou numerosos escritos, tais como os
"Manuscritos econômicos e filosóficos", "O
18
Brumário
de
Luís
Napoleão",
"Contribuição à Crítica da Economia
Política", “Miséria da Filosofia”; “A Sagrada
Família”, "O Capital", "A Ideologia Alemã",
"Manifesto Comunista", entre outros.
Muitas dessas obras feitas com a
contribuição de Friedrich Engels.
Materialismo histórico e
dialético
O método de compreensão (teoria) e
transformação (práxis) da realidade concebido
por Marx é o materialismo histórico e dialético.
Opondo-se a Hegel que havia desenvolvido uma
visão dialética da história, sob a perspectiva das
ideias, evidenciado a concepção segundo a qual
a consciência determinava o ser social, Marx ao
contrário
parte
da
produção
material,
fundamento de toda realidade social e da
superestrutura. Ele inverte a perspectiva
deixando claro que é o ser social que determina
a consciência.
Concepção estrutural da
sociedade:(infra e superestrutura)

A infraestrutura ou base econômica (formas
de trabalho, recursos naturais e humanos,
fontes de energia, instrumentos, técnicas,
relações de trabalho, tecnologia, insumos...)
de uma sociedade determina a sua
superestrutura (estado e suas instituições, os
discursos ideológicos, as verdades sociais da
religião, da política, economia, filosofia,
moral, artes, ciência...).
Infraestrutura e o modo de
produção
A
infraestrutura
de
uma
sociedade qualquer reflete a forma
como os homens se organizam
para a produção social de bens
(modo de produção) que engloba
dois fatores fundamentais: as
forças produtivas e as relações de
produção.
Forças produtivas
As forças produtivas constituem as
condições materiais de toda produção.
Qualquer processo produtivo implica
determinados objetos, matérias primas
identificadas e extraídas da natureza, e
determinados meios de produção
(instrumentos, homem) que resultarão
num conjunto de forças naturais
transformadas e adaptadas pelo homem
para seu bem-estar social (riquezas).
O homem
Os instrumentos, as ferramentas ou
máquinas, devem ser utilizados segundo uma
orientação técnica específica que o homem
possui. Portanto, ele figura como o principal
elemento das forças produtivas. É o
responsável por fazer a ligação entre a
natureza e a técnica e os instrumentos,
atualizando o que estava antes em potência,
criando bens pelo seu trabalho.
Relações de produção
As relações de produção são as formas pelas
quais os homens se organizam para executar a
atividade produtiva. Elas se referem às diversas
maneiras pelas quais são apropriados e
distribuídos os elementos envolvidos no processo
de trabalho: as matérias primas, os instrumentos
e a técnica, os próprios trabalhadores e o produto
final. Essas relações são, via de regra, relações
de exploração estabelecidas entre o dominador e
um dominado.
Tipos de relações produtivas
As relações de produção podem
ser, num determinado momento,
cooperativistas
(como
num
mutirão), escravistas (como na
antiguidade), servis (como na
Europa feudal) ou capitalistas
(como na indústria moderna).
Força de trabalho

A força de trabalho é uma mercadoria
com dupla face: por um lado, é uma
mercadoria como outra qualquer,
paga pelo salário; por outro lado, é a
única mercadoria que produz valor, ou
seja, que reproduz o capital. O valor
dela é regulado pela lei de oferta e
procura.
Modo de produção
Forças produtivas e relações de
produção são condições naturais e
históricas de toda atividade produtiva que
ocorre em sociedade. A forma pela qual
ambas existem e são reproduzidas numa
determinada sociedade constitui o que
Marx denominou Modo de Produção.
Superestrutura naturaliza as
relações sociais
É a partir da estrutura, isto é, do modo de
produção, que emerge uma superestrutura
de natureza ideológica. Trata-se do discurso
expresso como verdade e assim aceito. A
filosofia, o direito, a política, a economia, a
ciência, a religião e até mesmo as artes, são
discursos ideológicos que justificam a
estrutura econômica baseada na exploração
do homem pelo homem.
As classes sociais
Afirmam Marx e Engels: até hoje, a história
de todas as sociedades que existiram até nossos
dias tem sido a história das lutas de classes.
Homem livre e escravo, patrício e plebeu,
barão e servo, mestre de corporação e
companheiro, numa palavra, opressores e
oprimidos, em constante oposição, têm vivido
numa guerra ininterrupta, ora franca, ora
disfarçada; uma guerra que terminou sempre, ou
por uma transformação revolucionária da
sociedade inteira, ou pela destruição das suas
classes em luta.
Capitalismo comercial
A comercialização, principalmente com as
colônias era, já no século XVI, a grande fonte
de rendimentos para os Estados e a nascente
burguesia. Mas no próprio século XVI, o
artesão e as corporações de ofício foram
paulatinamente
substituídas,
respectivamente, pelo trabalhador “livre”
assalariado (o operário) e pelas indústrias.
Afirma Osvaldo Bertolino: para satisfazer
as necessidades vitais, o homem foi obrigado
a
aperfeiçoar
constantemente
os
instrumentos e os hábitos de trabalho.
“O próprio trabalho foi se diversificando,
aperfeiçoando-se a cada geração e
estendendo-se a novas atividades”, disse
Engels.
“A
agricultura
surgiu
como
alternativa para a caça e a pesca, e mais
tarde surgiram a fiação e a tecelagem, a
manipulação de metais, a olaria e a
navegação.” Em “O Capital”, Marx diz: “O
trabalho é, antes de tudo, um ato que se
passa entre o homem e a natureza.”
Transformando-a ele transforma a si mesmo.
A primeira Revolução
Industrial
De fato, a evolução dos instrumentos e
dos hábitos de trabalho provocou muitas
mudanças sem que o homem pudesse ter a
dimensão do seu alcance.
Ao inventar a máquina a vapor dos
séculos XVII e XVIII, o homem não
suspeitava
que
estava
criando
um
instrumento mais poderoso do que qualquer
outro e que iria subverter as condições
sociais em todo o mundo.
A máquina a vapor
“Quando James Watt anuncia em
1735 sua máquina de fiar e, com ela, a
revolução industrial do século XVIII, ele
nada fala disso, mas simplesmente de
uma máquina para ‘fiar sem dedos’”,
disse Marx. Antes o artesão produzia as
mercadorias e o freguês vinha ao seu
local de trabalho fazer a encomenda.
Concebendo a produção em série
Willian Petty, famoso economista do
século XVII, analisando as mudanças que já
estavam ocorrendo nas relações sociais,
disse: “A fabricação da roupa deve ficar mais
barata quando um compõe as fibras, outro
fia, outro tece, outro puxa, outro alinha,outro
passa e empacota, do que quando todas as
operações mencionadas são canhestramente
executadas por uma só mão.”
Surge o proletariado
Nascia o sistema fabril, cuja produção
para um mercado cada vez maior era
realizada fora de casa, nos edifícios do
capitalista e sob sua rigorosa supervisão. Os
trabalhadores perderam completamente sua
independência. Não possuíam mais a matéria
prima nem os instrumentos de trabalho,
como ocorria no sistema de corporações.
O
artesão
que
fabricava
a
mercadoria do começo ao fim se
converteu em operário parcial. Ele
agora fabrica apenas uma parte do
produto. A manufatura aumentou
consideravelmente
a
produção
capitalista. Mas numa determinada
etapa do seu desenvolvimento, a
manufatura, baseada na técnica
artesanal, entrou em conflito com as
necessidades da crescente produção
capitalista
e
do
mercado.
Foi
substituída pelo trabalho fabril.
Salário
O trabalho passa a ser
considerado como mercadoria.
Aquele que não possuía os meios
de produção, deveria vender a
outrem, aquele que os possuía, sua
força de trabalho. O valor pago
(salário)
deveria
garantir
a
subsistência do proletário, da sua
mulher e prole.
O êxodo rural
A mecanização agrícola
proporcionou
um
forte
motivo para o êxodo de
trabalhadores
rumo
às
cidades. A população, alijada
das atividades agrícolas,
engrossava as fileiras dos
que não tinham mais nada a
oferecer senão a sua força
de trabalho.
Jornada de trabalho de 16
horas
Estavam,
assim,
criadas
as
condições para a diminuição dos
salários reais, prolongamentos das
jornadas de trabalho para até 16 horas
diárias,
grande
número
de
desempregados e a precarização das
moradias, o que facilitava enormemente
o aparecimento de epidemias como as
de cólera e de tifo.
Alienação
A alienação do produto do trabalho
ocorre no processo de produção. O Marx
jovem,
dos
manuscritos
econômico
filosóficos, influenciado por Feuerbach,
afirmou que ocorre um estranhamento ou
ruptura entre o trabalhador e produto do
seu trabalho, ao final do processo produtivo.
Exploração e exército industrial de reserva
A fábrica capitalista é uma nova fase
da exploração da mão de obra
assalariada. O uso das máquinas
permitiu
incorporar na
produção
mulheres e crianças e também formou
o exército industrial de reserva, os
desempregados. A multiplicação das
máquinas
a
vapor
proporcionou
fantásticos ganhos de produtividade.
Mais-Valia



É o excedente gerado pelo trabalho humano
que não é devidamente remunerado pelo
capitalista. É um componente que formará o
lucro do capitalista.
Mais-valia absoluta: obtida através do aumento
da jornada de trabalho e da produtividade.
Mais-valia relativa: obtidas através da inovação
tecnológica, do aprimoramento da mecanização
que provoca a acumulação de capital nas mãos
do capitalista.
o Estado: instrumento da classe
dominante

Para Marx, o Estado é uma superestrutura de
poder que concentra, resume e põe em
movimento a força política da classe
dominante (de um ponto de vista mais geral
e abstrato). Em suma, o Estado é um
aparelho usado pela classe dominante para
controlar a sociedade e manter a coesão
social.
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Transformações no mundo do trabalho