Arquivos Pernamentes Aula 5 Princípio de Proveniência • “A margem do respeito dos fundos ou princípio de procedência, qualquer trabalho não pode ser senão arbitrário, subjetivo e desprovido de rigor” (Michel Duchein) • Este princípio, para alguns autores, é reconhecido como o principal, natural e geral para a Ciência Arquivística e o que distingui os arquivos das bibliotecas e centro e documentação. • A formulação do Princípio de Procedência não é resultado de um único momento nem aconteceu em um único lugar, apesar de, para muitos a origem se situa na França em 1841, a partir das Instruções para organizar os arquivos públicos dada por Natalis de Wailly. • Convêm dizer que a evolução e aplicação deste princípio ocorre de maneira muito particular em cada país. • Essa evolução ocorreu também com o princípio de ordem interna. Evolução histórica do Princípio de Proveniência • Adolf Brenneke situa a origem deste princípio na obra de Ernest Spiess publicada em 1777, Von Archiven. Reconhece o autor que o melhor plano é aquele que o documento sugere. • Outro enunciado vem da Academia de Ciência de Berlim em 1819 que desaconselha o governo prussiano a fragmentar os diversos arquivos. • O princípio de procedência não estava claramente expresso. • Bautier diz que foi na França a primeira estruturação do princípio no ano de 1328, quando uniu o reino de Navarra e o rei considerou conveniente separar a documentação de cada reino. • Porém, foi Natalys de Wally com a famosa instrução do Ministério de Interior que em 1848 sanciona o referido princípio depois da grande reunião dos documentos no arquivo central (Archives National de France): – “Reunir os diferentes documentos em fundos, que dizer formar coleções de todos os títulos provenientes de um corpo, de um estabelecimento de uma família ou de um indivíduo e dispor, com certa ordem os diferentes fundos”. • Fica enunciado o princípio Frances de fundo cujo conteúdo teórico fica resumido em dois pontos: – Definição de fundo como o conjunto de documentos de uma mesma procedência – Organização por matérias em cada fundo. • Na Alemanha, de acordo com E. Posner, foi Max Lehmann com o regulamento de 1881. • O Manual dos Arquivistas Holandeses de 1898 traz não só o princípio de proveniência mas, define um novo princípio, o de ordem interna. • Durante o séc. XX espalha-se e passa a ser aceito de maneira geral como teorias arquivísticas. AUTOR(ES) ANO LOCAL Adolf Brenneke (baseado em Phillipp Spiess) 1777 Alemanha Ordenanzas del Arquivo de la Corona de Aragón Arquivo de Simancas Francesco Bonaini (Método Storico) Natalis de Wally (Respeito dos Fundos) União ao Reino de Navarra 1384 Espanha 1588 1867 Itália 1841 França 1328 Manual dos Arquivistas Holandeses 1898 Holanda Theodore Schellemberg revendo o Manual de Hillary Jenkison 1965 Estados Unidos da América Principais Problemas • A escassa normalização terminológica tem sido um dos problemas fundamentais da Arquivística que pode ser demonstrado pelo Princípio de Procedência, universalmente aceito, mas não responde a uma única definição, não sendo considerado como uma doutrina rígida. • Em alguns casos a definição do princípio de procedência não é acompanhado pelo princípio de ordem interna. Como é o caso francês • Postulado prático fundamental: O respeito a procedência tem um duplo enunciado – o respeito da procedência dos fundos de documentos gerados por uma única instituição e o respeito pela ordem interna (estrutura da dita instituição) que deu origem aos documentos que integram o fundo/sistema. Princípios arquivísticos • O Dicionário do Conselho Internacional de Arquivos defini como: – princípio fundamental segundo o qual os arquivos de uma mesma procedência não devem ser misturados com os de outra diferente procedência. • O Fundo de arquivo não pode misturar-se nem sofrer eliminações não autorizadas, nem adições de elementos estranhos, a fim de mantém o seu valor de prova e informação. • Para a maioria dos arquivistas o Princípio de Procedência tem um duplo enunciado: – respeito pela procedência dos fundos gerados por uma única instituição e respeito pela estrutura da dita instituição deu aos documentos que integram o referido fundo de Arquivo. • No mundo anglo-saxão utiliza-se o conceito de record group que traz no seu bojo o princípio da proveniência e a noção de fundo, mas sob outra perspectiva. • No Canadá o critério de autonomia financeira determinou a existência de fundos de arquivo. Os canadenses ainda propõe as divisões interna como subfundos. • Os espanhóis adotam o conceito de seção de Fundo. • A evolução histórica, a estrutura institucional e administrativa, a bagagem cultural de cada país permitiram várias traduções • Gera-se também confusão com a emergência dos documentos eletrônicos no ambiente organizacional. • A aplicação dos Princípios arquivísticos no Brasil é dificultada pela: – Desorganização dos arquivos na origem; – Pela instabilidade institucional; – pela ausência de trabalhos em história administrativa (Fiscais e Meirinhos) e – pela falta de critérios para a estruturação das organizações públicas (“personograma”). Falta de critérios técnicos para estruturação dos governos.