Fenômenos de Transporte INTRODUÇÃO AOS FLUIDOS EM MOVIMENTO 1 Fenômenos de Transporte 1. Velocidade do fluido Em primeiro lugar entre as propriedades de um escoamento, está velocidade que variando numa região do espaço define um campo de velocidades. De maneira geral, determinar o campo de velocidades de um escoamento significa resolver o problema de escoamento. Na descrição da velocidade de um fluido pode-se pensar em uma pequena massa de fluido que ocupa um pequeno volume V que se move com o escoamento. Assim é possível descrever o movimento das partículas focalizado o movimento das partículas individuais e estudar como a sua posição varia com o tempo. 2 Fenômenos de Transporte 1.Velocidade do fluido sx0 , y0 , z0 , t ; vx0 , y0 , z0 , t ; ax0 , y0 , z0 , t ponto inicial x0 , y0 , z0 , t Descrição Lagrangeana (Joseph L. langrange – 1736 -1813): É possível também descrever o movimento das partículas acompanhando como varia a velocidade em uma determinada região do espaço. vx, y, z, t ou vx, y, z Se a velocidade não depende do tempo A região onde varia a velocidade varia é o campo de velocidades Campos de escoamento: região do espaço de interesse do escoamento e na qual uma determinada propriedade está sendo 3 considerada. Fenômenos de Transporte 1. Velocidade do fluido Descrição Euleriana – Ref. Euleriano ( Leonhard Euler 1707 –1783) vx, y, z, t vx x, y, z, t i vy x, y, z, t j vz x, y, z, t k Em alguns livros, por tradição, usa-se de u, v e w em substituição a vx, vy e vz, se dá por motivos históricos. 4 Fenômenos de Transporte 1. Velocidade do fluido vx, y, z, t ux, y, z, t i vx, y, z, t j wx, y, z, t k v ui vj wk Exercício 1 a) b) v 0,6i 0,8 j u?;v?;w=? V(0,0); v(1,-2); v x. yi 2 y 2 j u?;v?;w=? V(0,0); v(1,-2); c) v x 2i xtj zk d) v 0,5 0,8i 1,5 0,8 y j u?;v?;w=? V(0,0,0,t=0s); v(1,-2,1,t=2s); 5 Fenômenos de Transporte 2.Tipos de escoamento em função da velocidade Unidimensional Bidimensional Tridimensional 6 Fenômenos de Transporte 2.1. Regime permanente ( estado estacionário) vx, y, z, t vx r i 2.2. Regime transiente (não estacionário ). vx, y, z, t ur, t i 7 Fenômenos de Transporte 3.Velocidade do fluido. Linha de Corrente vx, y, z, t ux, y, z, t i vx, y, z, t j wx, y, z, t k Linhas de corrente. É uma linha imaginaria que define o lugar geométrico da tangentes às velocidades de escoamento. v ui vj wk V x dS 0 Produto vetorial (VxdS)= 0 8 Fenômenos de Transporte 3. Linha de corrente. Exercício 2. O campo de velocidade para um escoamento é dado pela expressão: v = 2xi-ytj (m/s), com x e y dados em metros e t segundos. Determinar a linha de corrente que passa pelo ponto( 2,-1) quando t = 4s. i j k 2 x 4 y 0 2 xdy (4 ydx) k 0 dx dy 0 2 xdy 4 ydx 0 2xdy 4 ydxk 0 2 xdy 4 ydx dy dx y 2 x ln y 2 ln x ln C C C y 2 1 2 C 4 x 2 dy dx 2 y x ln y ln Cx 2 4 y 2 x 9 3. Linha de corrente. v = 2xi-4yj y 4 x2 t =4 s u v OBS 1. Linha de corrente dx dy dz Vx Vy Vz u 10 4. Velocidade, velocidade média e vazão de um fluido. Quanto sai de fluido por um tubo de secção A? Q V t s m 3 Depende da velocidade de escoamento e da área da seção transversal do tubo Vazão numa secção dQ v * dA Q v * dA Velocidade média numa secção Q v * A v * dA v A 1 v * dA AA Vazão mássica de uma secção .Q .v . A m 11 4. Velocidade, velocidade média e vazão de um fluido. Exercício 3. Sabendo-se que o perfil de velocidade de água escoando num tubo , calcular a velocidade média do escoamento. 2 r v vmax 1 R r 2 1 1 v v.dA vmax 1 2rdr AA AA R r 2 1 R2 r dr v 2 v.dA 2 vmax 1 2 R A R A R R R v 2vmax 1 x xdx 2v 1 x xdx 2 2 max A A 1 1 0 0 v 2vmax xd 2vmax x 3 d x 2vmax v vmax vmax 1 vmax 2 2 1 1 2vmax 2 4 12 4. Velocidade, velocidade média e vazão de um fluido. Exercício 4. Água flui por com velocidade uniforme de 3 m/s por dentro de um bocal que tem diâmetro de 10 cm. Calcular a vazão volumétrica e mássica na saída desse bocal . Fenômenos de Transporte 5. Escoamento laminar e turbulento laminar mantém-se linhas de corrente;não existe passagem de partíclas de uma camada para outra. turbulento O movimento das partículas ocorre de forma irregular e aleatório, ocorre mistura de partículas no fluido. 14 Fenômenos de Transporte 5. Escoamento laminar e turbulento No. de Reynolds ( Osborne Reynolds – 1842-1912) .V .L V .L Re Re crítico = Rec Laminar Re < Rec Placa: V e l Tubos: Vmédia> e D Esferas: Vb e D Turbulento Re > Rec Placa plana rugosos Rec = 500 000 Tubos rugosos Rec= 2100 Esferas rugosos Rec= 0,1 15 Fenômenos de Transporte 5. Escoamento laminar e turbulento Exercício 5 Água ; duto D = 1 in . Qual vmax para haver regime laminar? Água ; duto D = 1 in . Se v mdia for 2,5 m/s qual o regime de escoamento? 16 Fenômenos de Transporte 6. Aceleração convectiva, local e material v ui vj wk v v( x, y, z, t ) u( x, y, z, t )i v( x, y, z, t ) j w( x, y, z, t )k v v v v dv d v x , y , z dx dy dz dt a x y z t dt dvx, y, z v dx v dy v dz v dt a dt x dt y dt z dt t dt a dvx, y, z Dv v v v v u v w dt dt x y z t Aceleração convectiva Aceleração local D u v w dt x y z t Derivada substancial ou material (derivada de uma prop. do sistema) 17 6. Aceleração convectiva, local e material a dvx, y, z u.i vj wk u.i vj wk u.i vj wk u.i vj wk u v w dt x y z t a u.i vj wk u.i vj wk u.i vj wk u.i vj wk u v w x y z t a u u u v v w w w w u v w iu iv iw ju jv jw ku kv kw i j k x y z x y z x y z t t t u u u u ax i iu iv iw i x y z t ay j az k v v w v ju jv jw j x y z t w w w w ku kv kw k x y z t u u u u ax u v w x y z t ay az v v w v u v w x y z t w w w w u v w x y z t 18 6. Aceleração convectiva, local e material a dvx, y, z v v v v u v w dt x y z t u u u u , , i j k y z x y z x u u v. , , u v w x y z x y z v.v , u , u u v v v w v x y z x y z a a dv x , y , z v v. v dt t Dv v D v. v v. Dt t Dt t 19 Fenômenos de Transporte 6. Aceleração Exercício 6: a) v 0,6i 0,8 j b) v 0,1 yi c) d) v x. yi 2 y 2 j v x 2i xtj zk a(0,0,0); a(1,-2,1) a(0,0,0); a(1,-2,1) a(0,0,0); a(1,-2,1) a(0,0,0,t=0s); a(1,-2,1,t=2s) 20 Fenômenos de Transporte 6. Aceleração em C Exercício 7: ax ax ui ui ui ui u v w x y z t ui u 8,47 6,72 m u u 7,61 666 2 x x 0,02 s 21 7. Tipos de movimento de um fluido Translação Vetor Taxa de translação Rotação v ui vj wk AB CD 2 v v B A dx v dx v dx v . v . x 2 x 2 v dx x v v D C dy z AB AB CD CD u dy u dy u . u . y 2 y 2 u dy y 1 v u z 2 x y 22 7. Tipos de movimento de um fluido Rotação AB EF 2 v v AB B A dx w dx w dx . w . w 2 x 2 x w AB x dx v vE EF F dx u dz u dz u z . 2 u z . 2 u EF z dz 1 u w y 2 z x y 24 Rotação AB EF 2 v v AB B A dx w dx w dx w . w . x 2 x 2 w AB dx x v vE EF F dx u dz u dz u . u . z 2 z 2 u EF dz z 1 u w y 2 z x x 7. Tipos de movimento de um fluido Vetor Taxa de rotação Vetor vorticidade Vetor vorticidade escoamento bidimensional ω 1 w v u w v u i j k 2 y z z x x y w v u w v u i j k y z z x x y v u ζ k x y 7. Tipos de movimento de um fluido Deformação linear Taxa de deformação linear vB v A dx u dx u dx u x . 2 u x . 2 u xx dx x v yy x w zz x xx Vetor taxa de deformação volumétrica ε xx yy zz u v w x y z 27 Fenômenos de Transporte 7. Tipos de movimento de um fluido Deformação por cisalhamento 1 AB CD 2 v u . dy . dt . dx . dt y x dy dx 1 1 v u xy 2 dt 2 x y xy 28 Fenômenos de Transporte 7. Tipos de movimento de um fluido Deformação por cisalhamento xy AB CD w u . dx . dt . dz . dt x z dz dx 1 1 w u xz 2 dt 2 x z 29 Fenômenos de Transporte 7. Tipos de movimento de um fluido Deformação por cisalhamento xy AB CD w v . dy . dt . dz . dt y z dz dy 1 w v 1 zy 2 dt 2 y z 30 Fenômenos de Transporte 7. Tipos de movimento de um fluido Tensor das taxas de deformação y x z u 1 u v 1 u w 2 y x 2 z x x v 1 v w 1 v u 2 x y y 2 z y 1 w u 1 w v w 2 x z 2 y z z xx yx zx xy yy zy xz yz zz 31 Tensor das tensões xx yx zx xy yy zy xy yz zz Fenômenos de Transporte 8. Equação do movimento para fluidos. Força de pressão em um elemento fluido Pressão não causa nenhuma força líquida sobre um elemento fluido a menos que varie espacialmente. x 33 Fenômenos de Transporte 8. Equação do movimento para fluidos. Força de pressão em um elemento fluido p px, y, z, t FX pxa .z.y pxax z.y 0 px a .z.y p x a x z.y xyz dFpressão dV p p p i j k y y x Fpressão dV limx0 x px a px a x p x x Sendo f a força líquida por elemento de volume: f pressão p O gradiente de pressão representa uma força de superfície que atua sobre os lados do elemento. 34 Fenômenos de Transporte 8. Equação do movimento para fluidos. Pode haver uma força de campo agindo sobre toda a massa do elemento. A força da gravidade não pode ser desconsiderada. dFgrav mg gdV f grav dFgrav dV g γ 35 Fenômenos de Transporte 8. Equação do movimento para fluidos. Forças viscosas. Em geral, deve haver uma força de superfície devido ao gradiente de tensões viscosas. Pode ser demonstrado que dFVISC dτ xx .dy.dz dτ yx dxdz dτ zx dxdy dτ xy .dy.dz dτ yy dxdz dτ zy dxdy dτ xz .dy.dz dτ yz dxdz dτ zz dxdy fVISC dFFV dτ xx dτ yx dτ zx dV dx dy dz dτ xy dτ yy dτ zy .dy.dz dxdz dx dy dz dτ xz dτ yz dτ zz . dx dy dz 36 Fenômenos de Transporte 8. Equação do movimento para fluidos. O vetor resultante das forças de pressão, da gravidade e das forças viscosas causa um movimento com aceleração a. Da segunda lei de Newton: a f f pressão f grav fVISC p g Reescrevendo esta equação, tem-se: p g a 37 Fenômenos de Transporte 8. Equação do movimento para fluidos. p g a Examinando esta equação, pode-se destacar alguns casos especiais: A. Fluido em repouso ou com velocidade constante (condição p g hidrostática) v=cte a=0. Termos aceleração e viscosos são nulos. A pressão depende apenas da gravidade e da massa específica. B. Translação de corpo rígido( não há movimento relativo). Termos viscosos nulos. p g a A pressão depende apenas da aceleração, da aceleração da gravidade, e da massa específica. 38 Fenômenos de Transporte 8. Equação do movimento para fluidos. 0 p g a C. Escoamento não viscoso. Termos viscosos nulos. A pressão depende apenas da aceleração, da aceleração da gravidade, e da massa específica. p g a Escoamento viscoso e não viscoso Não-viscoso: quando em relação a outros fatores , os efeitos dissipativos não são importantes. 39 8. A equação de Bernoulli Foi enunciada em 1738 por Daniel Bernoulli e deduzida em 1755 por Euler. Para um escoamento permanente, não-viscoso, incompressível ao longo de uma linha de corrente, tem-se: 2 1 2 2 p1 V p2 V z1 z2 constante g 2 g g 2 g 40 8. A equação de Bernoulli Balanço de forças atuando no elemento de fluido ap longo de uma linha de corrente p g a p g a h cos s a p h V g V s s s V2 p gh cte 2 p g cos a s DV s v v v v v Dt s t s V2 p gh 0 s 2 p V2 h cte g 2 g 41 8. A equação de Bernoulli 42 8. A equação de Bernoulli 43 8. A equação de Bernoulli A lista completa de hipóteses que conduz à obtenção da equação de Bernoulli a partir da equação da energia é: • regime permanente; • escoamento incompressível; • escoamento sem atrito; • escoamento ao longo de uma linha de corrente; • ausência de trabalho de eixo entre 1 e 2; • ausência de troca de calor entre 1 e 2. Esta é a lista completa de hipóteses a ser considerada na aplicação da equação de Bernoulli. Logo: cuidado com a aplicação da equação de Bernoulli !!! 44 8. A equação de Bernoulli Exemplos de regiões de validade e não validade da equação de Bernoulli. 45 8. A equação de Bernoulli Exemplos de regiões de validade e não validade da equação de Bernoulli. 46 8. A equação de Bernoulli. Tubo de Pitot Carga piezométrica Carga total p z g V2 pT pest p z g 2 g p z g p = pressão estática p2 p1 V 2 2 V 2P 47 8. A equação de Bernoulli. Tubo de Pitot Linhas piezométrica e de energia para o escoamento sem atrito em um duto 48 8. A equação de Bernoulli. Tubo de Pitot p1 p2 Exercício 8. Em uma tempestade a velocidade do vento atinge 65 mph. Calcular a forca do vento agindo sobre uma janela de 3ft x6ft de frente para a tormenta. A janela está localizada num a ponto em que a velocidade do vento não é afetada pelo solo, admitir = 0,0024 lug/ft3. 49 8. A equação de Bernoulli. Tubo de Pitot Exercício 9. A carga de pressão estática em uma tubulação de ar é medida e indica 16 mm H2O. Um tubo de pitot indica na mesma posição 24 mm H2O. Calcular a velocidade ar a 20 0C.Hg. 50 Perda de carga V2 Fk f * AS _ cilindro * 2 F P1 P2 * ATrans P1 P2 f* AS _ cilindro ATrans P2 P1 * ATrans V2 f * AS _ cilindro * 2 V2 * 2 2L * R V2 2L V2 2L V2 L V2 P1 P2 f * * f* * f* * 4. f . * D R 2 2 R 2 2 D 2 2 hL P2 P1 L V2 4* f * * f Moody 2 D 2g D P2 P1 * L V 2 4*fF= fM fM = fator de atrito de Moody (adimensinal) 51 Perda de carga-fator carga de atrito (Diagrama de Moody) 52 Referências Bibliográficas: [01] WHITE, FRANK M.; Mecânica dos Fluidos - 4a Edição; McGraw-Hill Interamericana do Brasil Ltda. [02] - POTTER, M.C. e WIGGERT, D. C. Mecânica dos fluidos. Thomson Pioneira. 2004. 53