ISSN 2317-3297 Frequências e modos de vibração de duas cordas acopladas Vinicius Weide Rodrigues Universidade Federal de Santa Maria Programa de Pós-Graduação em Matemática 97105-900, Cidade Universitária, Santa Maria, RS E-mail: [email protected] Rosemaira Dalcin Copetti Universidade Federal de Santa Maria Departamento de Matemática 97105-900, Cidade Universitária, Santa Maria, RS E-mail: [email protected] Palavras-chave: Cordas, frequêcias naturais, modos de vibração, Bernoulli-Fourier Resumo: Neste trabalho consideremos um sistema composto por duas cordas homogêneas de mesmo comprimento, conectadas paralelamente por uma camada elástica tipo Winkler. São consideradas as pequenas vibrações do sistema livre e o termo de amortecimento é desconsiderado. As frequências e os modos de vibração do sistema são encontrados através do Método de Bernoulli-Fourier. São considerados três casos, os quais dependem da frequência do sistema acoplado e da frequência natural de um sistema discreto com dois graus de liberdade formado por dois sólidos rı́gidos que modelam as cordas conectadas pelo elemento elástico. Cada caso é resolvido utilizando-se as condições iniciais e de contorno do problema. 1 Introdução O estudo de problemas que envolvem vibrações são assuntos importantes em diversas áreas das engenharias e tem sido objeto de muitas pesquisas realizadas nos últimos anos. Sistemas envolvendo cordas, cabos e correntes, embora sejam sistemas mais simples, frequentemente aparecem em estruturas modernas de engenharia, ressaltando a importância de estudos envolvendo estes elementos. A análise do movimento transversal de uma corda é assunto constante de cursos básicos, mas também é objeto de estudos mais avançados [4]. No desenvolvimento destes estudos, são utilizadas diferentes técnicas de resolução de equações diferenciais parciais bem como o uso de métodos numéricos eficientes para a análise dos resultados encontrados. Neste trabalho obtemos, pelo método de Bernoulli-Fourier, as frequências e os modos de vibração ou autofunções de um sistema formado por duas cordas homogêneas de mesmo comprimento, sujeitas a uma tensão constante e acopladas através uma camada elástica [2]. Na sequência deste trabalho, os modos de vibração são escrito em termos de uma base gerada pela solução de um problema de valor inicial [1], que devido as condições iniciais reduz os cálculos das constantes a serem determinadas. Vibrações forçadas para este problema são consideradas no trabalho de Oniszczuk, [3] e também será objeto de nosso estudo. 542 ISSN 2317-3297 2 Vibrações Livres Consideremos um sistema formado por duas cordas homogêneas paralelas de mesmo comprimento L, conectadas por uma camada elástica Winkler e apoiadas nas extremidades. As cordas estão sujeitas a uma tensão constante. Considerando pequenas vibrações do sistema e desprezando o amortecimento, as equações que governam as deflexões transversais são dadas por: m1 ẅ1 − S1 w100 + k(w1 − w2 ) = 0, m2 ẅ2 − S2 w200 + k(w2 − w1 ) = 0, (1) (2) onde, wi = wi (x, t) é a deflexão transversal da corda, x, t são,respectivamente, as coordenadas espacial e temporal, k é o módulo de rigidez do modelo elástico de Winkler, Si é a tensão da ∂wi 0 i corda, ẇi = ∂w ∂t e wi = ∂x sendo i = 1 para a primeira corda e i = 2, para a segunda. As condições de contorno para o sistema composto pelas duas cordas apoiadas são: w1 (0, t) = w2 (0, t) = 0, (3) w1 (L, t) = w2 (L, t) = 0, (4) w1 (x, 0) = w10 (x), (5) ẇ1 (x, 0) = v10 (x), (6) w2 (x, 0) = w20 (x), (7) ẇ2 (x, 0) = v20 (x). (8) com condições iniciais dadas por: Neste trabalho, é usado o método de Bernoulli-Fourier para determinar as frequências e os modos de vibração para o sistema acoplado. Os modos de vibração satisfazem um conjunto de duas equações diferenciais ordinárias: S1 X100 + (m1 ω 2 − k)X1 + kX2 = 0, S2 X200 + (m2 ω 2 − k)X2 + kX1 = 0. (9) As soluções da equação caracterı́stica são dadas a partir de uma equação biquadrada e permitem dividir o problema em três casos, considerados a partir da frequência do sistema: quando ω 2 > ω02 , ω 2 < ω02 e quando ω 2 = ω02 , onde ω0 é a frequência natural de um sistema discreto com dois graus de liberdade formado por dois sólidos rı́gidos que modelam as cordas conectadas pelo elemento elástico. Se ω 2 > ω02 , a equação caracterı́stica do sistema (9) possui quatro raı́zes reais. Pelo princı́pio da superposição, os modos de vibração podem ser escritos na forma X1 (x) = X2 (x) = 2 X [Ai sin(ki x) + Bi cos(ki x)], i=1 2 X [Ci sin(ki x) + Di cos(ki x)]. (10) (11) i=1 Usando as condições de contorno (3) e (4) obtemos a condição sin(ki l) = 0, (12) nπ portanto os autovalores ki são da forma kn = , n = 1, 2, ... A partir daı́, pode-se encontrar l as frequências associadas e finalmente escrever as vibrações livres da forma: 543 ISSN 2317-3297 w1 (x, t) = w2 (x, t) = ∞ X 2 X sin(kn x) [Ain sin(ωin t) + Bin cos(ωin t)], (13) [Ain sin(ωin t) + Bin cos(ωin t)]ain (14) n=1 ∞ X 2 X n=1 i=1 i=1 sin(kn x) onde ai é constante para cada n e depende dos parâmetros do sistema. Usando-se as condições iniciais (5)-(8) e a ortogonalidade das autofunções, encontram-se as constantes envolvidas na solução acima: −1 Z l (a2n v10 − v20 ) sin(kn x) dx, A1n = (c1n ω1n ) 0 −1 Z A2n = (c2n ω2n ) l (a1n v10 − v20 ) sin(kn x) dx, 0 B1n = (c1n )−1 Z l (a2n w10 − w20 ) sin(kn x) dx, 0 −1 Z B2n = (c2n ) l (a1n w10 − w20 ) sin(kn x) dx. 0 O caso em que ω 2 < ω02 se reduz ao caso anterior, ao passo que para o caso ω 2 = ω02 a solução é nula e, portanto, sem interesse. 3 Conclusão Neste trabalho consideramos o problema de determinar as frequências e os modos de vibração ou autofunções resultantes de um sistema de duas cordas acopladas elasticamente. A análise das soluções encontradas permite concluir que as vibrações livres para o sistema são realizadas por dois tipos de movimento, sı́ncrono e assı́ncrono, dependendo da frequência do sistema. Para frequências mais altas, o modo de vibração do sistema é assı́ncrono, ao passo que para frequências mais baixas é sı́ncrono. Referências [1] J. R. Claeyssen and G. Canahualpa and C. Jung, A Direct Approach to Second-Order Matrix Non-Classical Vibrating Equations, Appl. Numer. Math., 30(1) (1999) 65-78. [2] Z. Oniszczuk, Transverse vibrations of elastically connected double-string complex system Part I: Free Vibrations, J. Sound V., (2000), 232(2), 355-366. [3] Z. Oniszczuk, Transverse vibrations of elastically connected double-string complex system Part II: Forced Vibrations, J. Sound V., (2000), 232, 367-386. [4] D. Wolf, H.Müller. Normal vibration modes of stiff strings, J. Acoust. Soc. Am., 44, (1968), 1093-1097. 544