O câncer de próstata (CaP) é o segundo câncer mais comum em homens e a segunda causa de morte por câncer em homens. Ao contrário de outros tumores, o CaP é o único cuja incidência aumenta progressivamente com a idade. Apesar de estudos de autópsia mostrarem que o CaP chega a acometer até 40% dos homens com 50 anos de idade, sabemos que a incidência de tumores clinicamente importantes é muito menor. Isso mostra a grande variabilidade do CaP em termos de agressividade e atividade biológica. As causas do CaP ainda não são completamente conhecidas. Todo câncer ocorre quando células malignas se multiplicam desordenadamente, e o câncer de próstata não é uma exceção. Sabemos que o gene responsável pelo CaP familiar localiza-se no cromossomo 1. Entretanto, os mecanismos genéticos específicos envolvidos na sua gênese ainda estão em estudo. Alguns fatores de risco para câncer de próstata foram identificados. Entre eles: • idade – quanto maior a idade, maior a chance de desenvolver CaP • história familiar – homens com 1 ou mais parentes de primeiro grau portadores de CaP apresentam risco maior que a população de mesma idade para o desenvolvimento do tumor • dieta – acredita-se que dietas ricas em gorduras apresentam risco 2 vezes maior para CaP O câncer de próstata caracteristicamente não leva a sintomas, especialmente em caso de tumor localizado. A presença de sintomas normalmente decorre de doença localmente avançada ou de HPB (hiperplasia prostática benigna) associada. Sintomas obstrutivos ou irritativos são os mais comuns e resultam do crescimento do tumor para dentro da uretra ou da bexiga. O PSA (antígeno prostático específico) é uma proteína cuja função é liquefazer o sêmen e proteger o espermatozóide após a ejaculação. Entretanto, o PSA é conhecido por ser um marcador que auxilia na detecção e acompanhamento do câncer de próstata. Várias estratégias para aumento da sensibilidade e da especificidade do PSA foram introduzidos. Entre eles, podemos citar a relação entre PSA livre e PSA total (mais utilizada), velocidade de PSA (porcentagem de aumento de PSA por período de tempo), PSA relacionado à idade e densidade de PSA (nível de PSA em relação ao tamanho da próstata). O diagnóstico do CaP é realizado após análise de fragmentos de próstata retirados através de biópsia trans-retal de guiada por ultrassonografia. A biópsia é normalmente indicada por aumento de PSA (75% dos casos), alteração de toque retal (20% dos casos) e aumento de PSA associado a alteração de toque retal (5% dos casos). Portanto, aproximadamente 20% dos homens com CaP apresentam PSA normal. Isso mostra a importância do toque retal na avaliação de rotina em homens acima dos 40 anos. Todo homem com diagnóstico de CaP deve ter o tumor classificado com relação à sua agressividade (de acordo com escore chamado Gleason) e estadiado ( verificada sua extensão local e à distância), de acordo com sistema denominado TNM. De acordo com a classificação de Gleason, com o estadiamento TNM e com o nível de PSA, pode-se determinar quais os melhores tratamentos para cada paciente. De uma forma geral, todo homem com tumor localizado dentro da próstata é candidato a tratamento local curativo e as chances de cura são muito grandes. Os principais métodos para o tratamento local são a cirurgia radical, a radioterapia e a braquiterpia. Quando os diferentes tratamentos são avaliados separadamente, é a cirurgia que oferece o maior índice de cura em longo prazo. Vale lembrar que seja qual for a técnica escolhida, todo indivíduo tratado para CaP deve ser seguido praticamente por toda vida, uma vez que existem relatos de tumores que reapareceram após 15 ou 20 anos do tratamento local. Até o momento não se conhecem métodos de prevenção do câncer de próstata. Várias estratégias foram estudadas, mas nenhuma ainda se mostrou realmente eficaz. Conclui-se, portanto, que a melhor conduta é a avaliação anual preventiva.