1 POLÍTICAS PÚBLICAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL Erika Cristina Pereira Guimarães (Pibid-UFT- Tocantinópolis) Anna Thércia José Carvalho de Amorim (UFT- Tocantinópolis) O presente artigo discute a realidade das políticas públicas de educação infantil no Brasil e aborda as dificuldades encontradas na efetivação das ações na realidade local. A educação infantil no Brasil por muito tempo foi esquecida, mas por meio de um processo de luta, sobretudo dos profissionais da educação, conseguiu ser reconhecida como um direito. Tal processo se deu a partir da Constituição Federal de 1988 e foi reafirmado na Lei de Diretrizes e Bases de 9.394/96. O trabalho procura verificar a existência de um distanciamento entre o real e o ideal, ou seja, sobre o que consta nas políticas nacionais para Educação Infantil, a exemplo, da Lei de Diretrizes e Bases (LDB), da Constituição Federal (CF/88) e nas Diretrizes Nacionais Curriculares de Educação Infantil (DNCEI) e o que acontece na realidade das escolas de educação infantil do país. Além disso, buscamos analisar possíveis diferenças entre a educação infantil desenvolvida na rede pública e a oferecida nas escolas privadas, que mesmo em series escolares iguais recebem conteúdos diferenciados e com qualidades diferentes. Em conclusão observamos que a educação infantil como um direito da criança pequena passou a ter um devido reconhecimento legal, contudo existem serias limitações entre o que está posto no papel e a realidade das escolas que atendem às crianças de 0 a 6 anos de idade. Palavras-chave: Educação Infantil. Políticas Públicas na Educação Infantil. Real X Ideal. 2 1. INTRODUÇÃO A realização deste estudo surgiu com o objetivo de discutir e verificar a aproximação ou o distanciamento entre o real e ideal ente as políticas nacionais para Educação Infantil, a exemplo, da Lei de Diretrizes e Bases, da Constituição Federal e nas Diretrizes Nacionais Curriculares de Educação Infantil, e o que vem sendo desenvolvido na realidade das unidades de Educação Infantil, tanto pública quanto na privada. Desse modo, objetivamos pensar um pouco sobre questões da efetivação na educação infantil no nosso país e das políticas para essa etapa da educação. As políticas públicas são instrumentos essenciais no sentindo de assegurar o direto a educação no Brasil, sobretudo, o direito das crianças pequenas à Educação Infantil, bem como são fundamentais na caminhada para mudar a situação real e existente do atendimento às crianças de 0 a 5 anos de idade, em nosso país. Elas são uma ferramenta que influência e proporciona mudança. É através dessas políticas implementada que a realidade da educação pode ser transformada, principalmente a realidade da educação infantil hoje, que sofresse escassez de recursos, de melhorias da infraestrutura e da qualificação dos profissionais da área. De fato, as escolas, principalmente as que atendem as crianças de 0 á 6 anos, necessitam de um olhar crítico de maneira que venham trazer melhorias. O tema é de grande relevância porque enfatiza a necessidade de se pensar a Educação Infantil desenvolvida em cada município do Brasil, tornando-a significativamente para a educação de qualidade e igualitária, pensando em ações que venham construir uma educação infantil de novos desafios, uma educação digna. O trabalho foi feito por meio de estudos de textos da legislação educacional sobre a educação infantil, como também de estudiosos do tema. Foi realizado um trabalho de observação realizada em duas instituições uma pública e outra privada. Nesse processo, analisamos a aproximação, distanciamento e diferenças entre a educação infantil desenvolvida nessas duas instituições. 2. A EDUCAÇÃO INFANTIL: ASPECTOS HISTÓRICOS E LEGAIS 3 A educação infantil no Brasil deu-se a partir de muitas lutas, retrocessos e avanços. O ensino no século XX era apenas para a burguesia, os filhos dos burgueses recebiam os “professores” em casa, professores esses que não era apenas para educar, mas também acompanhar seus “alunos” em passeios aos arredores de casa. Então veio a Revolução Industrial, e para produzir mais e com muito mais lucro contratavam crianças pobres e mulheres para trabalhar com a mão de obra bem mais barata. Surgiu, portanto as creches com o intuito de cuidar e não de ensinar como acontece atualmente, mas tudo pensado na economia foi um projeto elaborado pelos donos das grandes fábricas que não poderiam perder o trabalho daquelas mulheres que trabalhavam mais de oito horas por dia e ganhavam menos que os homens que trabalhavam de oito a dez horas por dia. Depois de algum tempo veio às lutas pelos direitos iguais, por uma educação para todos e de qualidade. Do ponto de vista histórico, foi preciso quase um século para que a criança tivesse garantido seu direito à educação na legislação, foi somente com a Carta Constitucional de 1988 que esse direito foi efetivamente reconhecido. (PASCHOAL e MACHADO, 2009, p.85). A Constituição Federal de 88 trouxe novos ares para a educação infantil no Brasil, com as leis vigentes os governos elaboraram projetos educacionais que aos poucos revolucionaram a educação infantil, com a Constituição veio a Lei de Diretrizes e Bases de 1996, Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil, entre várias outras políticas públicas para a educação. De acordo com a LDB (Lei de Diretrizes e Bases) a educação é um dever do estado e direito de todos. A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. (BRASIL, 1996, art.2 º). O que a principio a LDB afirma que a educação e um direito de todos, mas uma responsabilidade da família e do Estado. Ao mesmo tempo indica qual é a finalidade da educação para o Brasil. Essa finalidade está em consonância com as disposições sobre a educação nacional presente na Constituição Federal de 1988. Do mesmo modo, determina e orienta os objetivos e finalidades da educação Infantil. 4 Segundo a LDB a Educação Infantil é a primeira etapa da Educação Básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade. Será oferecida em creches, ou entidades equivalentes, para crianças de até três anos de idade e pré-escolas, para as crianças de quatro a seis anos de idade. (BRASIL, 1996, arti. 29º; 30º). O que significa que essa etapa da educação básica tem função importante no processo de formação da criança pequena e ao mesmo tempo supera a ideia de formar apenas para a cidadania e para o trabalho, porém é introduzida a ideia de que a educação da criança é para proporcionar a formação e desenvolvimento integral. Por essa razão, deve ser oferecida em condições diferenciadas e em instituições apropriadas. Além desses aspectos, a CF/88 a LDB/96 afirmam que o direito de uma educação igualitária, em todos os sentidos e por isso também, desenvolve orientação e diretrizes gerais para a educação no país. Mas na verdade, é importante repensar esse principio de igualdade, sobretudo quando se trata da relação entre o modelo de educação desenvolvido nas escolas públicas e os das privadas, por que em muitos aspectos parecem divergentes. Tal fato pode ser considerado quando comparamos alguns elementos como os conteúdos, a linha filosófica, a estrutura física e dentre entre outras coisas que sugerem aspectos qualitativos distintos. 2.1 Política e Educação Infantil alguns desafios da concretização No sentido de atender às determinações da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9.394/96) que estabeleceu a educação infantil como a primeira etapa da educação básica e de propor um material orientador para essa nova etapa educativa foi que em 1998, o MEC instituição o RCNEI. O objetivo desse Referencial foi o de auxiliar a realização de seu trabalho educativo diário junto às crianças pequenas. O Documento foi dividido em Três volumes e propor uma organização Curricular Nacional para a Educação Infantil. O primeiro trata-se de uma introdução onde apresenta uma reflexão sobre creches e pré-escolas, situando e fundamentando concepções de criança, de educação, instituição e do profissional e os objetivos gerais 5 da educação infantil. Ao mesmo tempo orienta a organização dos documentos dos outros dois volumes. Os outros dois volumes trabalham com os eixos de Formação Pessoal e Social e Conhecimento de Mundo. O volume relativo ao âmbito de experiência Formação Pessoal e Social contém trabalho com o eixo que favorece os processos de construção da Identidade e Autonomia das crianças. O terceiro volume trabalha no sentido de orientar a construção das diferentes linguagens nas crianças sejam elas: Movimento, Música, Artes Visuais, Linguagem Oral e Escrita, Natureza e Sociedade e Matemática. De certo forma todas as instituições da educação Infantil são convidas a se orientarem nesses pressupostos (BRASIL, 1998). O RCNEI não tem caráter obrigatório mais são fundamentas para o direcionamento de todas as unidades e educação infantil do País. Porém as Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Infantil - DCNEI, as Diretrizes são de caráter obrigatório cabendo o cumprimento imediato. Ela rege quanto os objetivos, finalidades e disposições para a realização de uma educação infantil com qualidade. As novas DCENI aprovadas pelo Conselho Nacional de Educação em 2009 (Parecer CNE/CEB nº 20/09 e Resolução CNE/CEB nº 05/09) objetivam orientar as unidades de Educação Infantil na tarefa de aperfeiçoar suas práticas pedagógicas, bem como propor que os professores construam propostas pedagógicas deem voz às crianças e acolham a forma de elas significarem o mundo e a si mesmas, em parceria com as famílias. A CF/88, a LBE/96, RCNEI/1998 e a DCNE/2009 em seu conjunto regem a educação infantil no Brasil e de certa forma pretendo um forma mais unificada e de natureza educativa do atendimento às crianças de 0 a 5 anos de idade. Por exemplo, o Referencial Curricular Nacional para a Educação (RCNEI) que tinha e tem como propósito a elaboração de um currículo unificado, para que as escolas tivessem referências e orientações pedagógicas. Mas nem sempre o que é proposto no RCNEI e seguido pelas escolas públicas de todo o Brasil, umas oferecem um ensino diferenciado, com projetos renomados, outras oferecem apenas o que é proposto e oferecido sem planejar algo diferente, sem inovar. As escolas particulares em sua maioria têm seu jeito próprio de organizar e planejar suas atividades e, sobretudo, tem maiores investimentos em estrutura física, matérias e recursos didáticos e pedagógicos. 6 3. METODOLOGIA: DESAFIOS DA EDUCAÇÃO INFANTIL EM TOCANTINÓPOLIS: A TENTATIVA DE UM ESTUDO COMPARATIVO ENTRE UMA INSTITUIÇÃO PÚBLICA E OUTRA PRIVADA. Com o intuito de pensar as políticas de educação infantil do Brasil e sua efetivação desenvolvemos uma pesquisa sobre a temática em questão. Primeiro fizemos um levantamento bibliográfico do tema e o estudo de algumas das leis que regem a educação infantil no brasil. No segundo momento realizamos uma visita em duas instituições de atendimento a educação infantil: uma pública e outra privada. A referidas instituições ficam localizadas no município de Tocantinópolis – Tocantins. Nelas foi realizado um processo de observação considerando os seguintes aspectos: estrutura física de toda escola, desde a sala de aula até o pátio e uma breve conversa com a diretora da instituição sobre os aspectos pedagógicos e legais. 4. ANÁLISE DOS RESULTADOS Na nossa educação local é visível a diferença tanto na parte pedagógica como administrativa das escolas. Tomando como base duas escolas, uma particular e outra pública, situadas no município de Tocantinópolis, percebemos que nem sempre o que é posto nas leis é realizado nas escolas de Educação Infantil. Na educação local é percebível a diferença entre as duas redes de ensino, sendo uma mais organizada que a outra. A visita à escola particular nos trouxe uma visão de que a mesma é mais organizada que a pública, não generalizando nossa opinião para todas as redes de ensino, mas somente para a rede local. Essa opinião deu-se a partir do momento em que realizamos uma visita em uma das escolas públicas do município. Vendo então que a realidade é completamente diferente da particular, sendo uma escola bem mais carente de brinquedos, espaço e atenção dos governantes. Apesar de terem escolas públicas que não deixam a desejar e oferece uma educação de qualidade, se mantendo no mesmo patamar de uma particular. Como dizer que temos uma educação igualitária, se uma parte recebe uma escola pública que carece em muitos aspectos tem e outra pequena parte se beneficia de 7 uma escola que tem maior abundancia em relação aos recursos didáticos e infraestrutura? O RCNEI, a LDB, a Constituição Federal de 88 são “leis” que asseguram uma educação igualitária, mas na verdade as escolas precisam de muito para chegar ao plano de um ensino infantil que possa ser um alicerce para grandes cidadãos, que formem jovens prontos para serem recebidos na sociedade e para isso precisa-se tirar do papel aquilo que realmente nos interessa: uma educação de qualidade para TODOS. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS No decorrer da realização deste artigo foram pautados os resultados da pesquisa realizada em duas redes de ensino uma pública (municipal) e outra privada (particular) e estudos que mostram as leis que asseguram a educação infantil no nosso país. Buscando levantar questões da realidade da nossa educação infantil presente no país tendo como base o município de Tocantinópolis. Considera-se que a pesquisa feita possibilitou a todos uma visão da educação existente não qualificada nas escolas públicas principalmente, não generalizando todas, existindo diferenças entre a escola pública e a privada e assim vem mostrando o distanciamento que existe entre o real e o ideal, e o que é posto nas leis que asseguram a educação infantil. REFERÊNCIAS BARRETO, Angela Maria Rabelo Ferreira. A Educação infantil no contexto das políticas públicas. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rbedu/n24/n24a05>. Acesso em: 10 out.2014. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. 1988. ______. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. 1996. 8 ______. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil – Introdução. Brasília: MEC/SEF, 1998. ______. Plano Nacional de Educação. 2001. ANEXOS Escola Pública 9 Escola Privada 10 11