Obesidade e
Transtornos Alimentares
Psicóloga Ms Cristina Di Benedetto
NECPAR
Maringá 25 e 26 de Janeiro de 2013
OBESIDADE
E
OBESIDADE
MÓRBIDA
PRAZER X DESAFIO PROFISSIONAL
Prática Clínica / Docência / Pesquisa /
Divulgação sobre aspectos psicológicos
e avaliação psicológica há 20 anos
Obesos e obesos mórbidos: postura
“jolly fat” (gordo agradável)
expressividade emocional diminuída
(hostilidade); prejuízo das interações
sociais;
Saúde: Avanços consideráveis (laboratórios e medicina)
Análise do Comportamento: Aspectos sociais e
psicológicos: Campo de pesquisa a ser explorado
(Abeso, 2008; Coutinho, 1998; Halpern, 1999; Segal, 1999)
OBESIDADE
OBESIDADE MÓRBIDA
DOENÇA CRÔNICA grave, que põe em risco a vida do
indivíduo.
 OBESIDADE E ATUALIDADE:
 MEDICINA: associada a uma série de complicações




orgânicas e ao aumento da taxa de mortalidade.
De referencial de saúde passa a ser apontada como
doença (Benedetti, 2002), e posteriormente como
doença mental, a partir do momento em que a
psicologia passa a figurar na lista de áreas científicas
que estudam a obesidade.
Muda a avaliação da sociedade com relação à
obesidade
BEBÊ GORDINHO: Símbolo de saúde
TWIGGY: Perseguição crescente da magreza (a partir
dos anos sessenta
Etiologia e Fatores de Desenvolvimento
 MULTIFATORIAL RESULTANTE DA COMBINAÇÃO DE DIVERSOS ASPECTOS
INTER-RELACIONADOS:
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 http://www.muitoalemdopeso.com.br
ANALISTA DO COMPORTAMENTO
O que avaliar
E
Como ajudar
FATORES DESENCADEANTES E MANTENEDORES DE APRENDIZAGEM
INADEQUADA DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR
(Di Benedetto,2006, 2003,2002; Saito,2001)
OBESIDADE
FATORES
GENÉTICOS
(Familiares)
FATORES
AMBIENTAIS
(Gerais e
Familiares)
FATORES
INDIVIDUAIS
PREPONDERÂNCIA ATUAL DOS
FATORES
AMBIENTAIS
(Gerais e Familiares)
NA AQUISIÇÃO E DESENVOLVIMENTO DA OBESIDADE
 FATORES AMBIENTAIS
FATORES AMBIENTAIS
(Baum 1999; Skinner, 1991; Skinner, 1974; Chaud e Marchioni, 2004 )
Aquisição do hábito alimentar: baseado em
experiências prévias individuais, história genética,
inseridas num contexto social e cultural vigente.
........
REFLETE ...
FATORES AMBIENTAIS
(Fisberg, 2004;Chaud e Marchioni, 2004; Di Benedetto, 2002 )

FATORES AMBIENTAIS
 que incluem as relações e os hábitos familiares
(OU: SE EU CHEGAR EM SUA CASA NO DOMINGO,O QUE TEMOS
PARA COMER?)
FATORES AMBIENTAIS que incluem as relações familiares:
(Di Benedetto, 2002)
 Conscientização dos pais de seu papel no
desenvolvimento do repertório comportamental dos filhos.
Estes podem colaborar para a instalação de bons ou maus
hábitos alimentares;
Nas famílias em que o consumo de alimento é alto e
encorajado, a prevalência da obesidade é elevada
 Pais são os mais poderosos fatores de influência:Pessoa
vai se achar engajada numa via onde qualquer evento
aversivo, de qualquer natureza, será reforçado por um
aporte alimentar. E as gratificações para diversos conflitos
podem, desde cedo, ser solucionadas através da
alimentação
FATORES AMBIENTAIS
GERAIS:
Sedentarismo;
 Uso excessivo de alimentos
fast food e industrializados;
 Influência da mídia na
distorção de hábitos
alimentares das crianças e
adolescentes
FATORES AMBIENTAIS
(Fisberg, 2004;Chaud e Marchioni, 2004; Di
Benedetto, 2002 )
FATORES AMBIENTAIS
GERAIS:
Mudança de Estilo de
Vida
Abuso do Computador
Mudanças de Hábitos
Alimentares
Aumento das Porções
DISCRIMINAÇÃO REAL PARA COM OS OBESOS EM GERAL:
 Obesidade: vista pelas pessoas como uma
doença “sob controle voluntário de quem a tem”
 Fischler (1995): Como as pessoas percebem os
obesos? Adultos e crianças os vêem como
trapaceiros, sujos, maus, feios, etc.
 Púbico leigo e profissionais da saúde: é do obeso
a culpa de ocupar um excessivo lugar no mundo,
desconsiderando outros fatores de etiologia da
obesidade
 Igreja Católica: gula incluída no rol dos sete
pecados capitais.
 Obesidade e sentimentos associados: Transtorno
visível gerando ridicularização: vergonha, pena e
culpa.
 Legado de fracassos no controle do peso índices aumentados de hipocondria, depressão e
introversão social em obesos mórbidos.
 Co-morbidades associadas à obesidade:
intensificar sentimentos de vergonha e de culpa.
 Frustração e autopiedade: aumentam quando
perdem peso e voltam a ganhá-lo, aumentando
quando profissionais da saúde sugerem que “não
tinham muita vontade em perder peso, pois do
contrário fariam mais esforços”.
 Fischler (1995, p. 69) “uma das características de
nossa época é sua lipofobia, sua obsessão pela
magreza, sua rejeição quase maníaca à
obesidade”. Ser obeso é considerado quase uma
contravenção, uma aberração social diante dos
padrões estéticos vigentes.
 Reação cultural negativa: Ser obeso não é
saudável; indústria da moda (conceito de magreza
absoluta= normalmente artificial); excessivo
aumento da preocupação com a autoimagem;
ideal de manutenção da eterna da juventude.
 Construção social do conceito de obesidade
sobre as mulheres, que ao terem um corpo
perfeito, estariam respondendo simbolicamente às
exigências de perfeição nos outros aspectos de
sua vida.
 Denise B. Sant’Anna (doutora em História da
Beleza) PUC/SP ( 2001): Escravidão das mulheres
ocidentais pela busca do corpo e sexualidade
ideais é parecida com a tirania que era
recentemente imposta às mulheres do Afeganistão
FATORES AMBIENTAIS
(Baum 1999; Skinner, 1991; Skinner, 1974; Chaud e Marchioni, 2004 )
Análise Funcional: interação entre o
comportamento e o meio externo;
Sentimentos e repertório comportamental:
dimensões ontogenéticas, filogenéticas e culturais.
Adequação ao contexto social depende de como o
seu comportamento está em conformidade com as
expectativas desse meio.
Repercussão na autoestima e imagem corporal

(Biancarelli ,1999 ; Polivy e Tholsen,1998)
 80% das mulheres almejam perder peso (mesmo quando se
encontram apenas com sobrepeso).
 Os homens (sinal evidente de
“masculinidade”).
 Folha de São Paulo: Pesquisas Divisão de Psicologia do
Hospital
das
Clínicas
da
USP
(1999):
55% homens: alegam que não precisam perder peso (boa
imagem
corporal)
33,6% mulheres dentro do peso : sofrem por “sentirem-se
gordinhas”, ainda que outras pessoas lhes dissessem que
estavam
bem.
OBESIDADE E ALEXITIMIA:
Beales e Dolton (2000): Inabilidade de identificar ou
expressar emoções e também a inabilidade em
distinguir entre emoções e sensações corporais: não
conseguir distinguir a ansiedade da depressão ou
diferenciar excitação de fadiga, ou, até mesmo, raiva
de fome.
Bulimia anorexia e obesidade: presença de traços de
alexitimia, com forte tendência à somatização do
estresse emocional.
ESTUDOS JÁ REALIZADOS DEMONSTRAM QUE A
OBESIDADE ESTÁ ASSOCIADA A:
 Depressão, ansiedade, hipocondria, introversão social
(Black,1992; Rogers, 1997; Segal,1999; Terra, 1997);
 Imagem corporal prejudicada (Fairburn, 1995);
 Indícios da dificuldade em expressão emocional
(Anaruma, 1995; Costa e Biaggio, 1998; Duckro, 1983; Gold, 1979; Martins,
1986);
Variedade de sintomas psicopatológicos em obesos:população
heterogênea no que diz respeito aos aspectos psicológicos.
199 pacientes obesos MMPI: três subgrupos de níveis psicológicos
Primeiro grupo não apresentava essencialmente nenhum desvio de
acordo com as normas, sendo os participantes considerados com
bom nível de funcionamento psicológico.
Segundo grupo: traços neuróticos (depressão, hipocondria, baixa
auto-estima e falta de habilidades sociais). Especificamente neste
grupo, notou-se um nível mínimo de assertividade, com a
supressão da expressão de raiva, que era autodirigida.
Terceiro grupo : psicopatia, esquizofrenia e hipomania, em níveis
importantes, havendo a presença de raiva e hostilidade,
expressadas ativamente ou passivamente, juízos sociais pobres e
irritabilidade.
Depressão e
obesidade
a)Relações alterações de apetite, peso e a síndrome depressiva
identificadas na antiguidade greco-romana por Areteo de
Capadócia
b) 1970:mudanças de apetite e de peso podem significar alterações
psicológicas do humor (sintomas psicossomáticos). Obesos
compartilham marcadores neuroendócrinos com os depressivos.
c) Alto índice de prevalência de depressão clínica e outros sintomas
psicopatológicos (redução de auto-estima e qualidade de vida dos
pacientes)
d) Hafner, Watts e Rogers (1997):Índice mais alto de hostilidade
encoberta, insatisfação conjugal, ansiedade fóbica e depressão nos
obesos mórbidos, que na população de não obesos estudados.
PREJUÍZO DA
IMAGEM
CORPORAL
Estudo
investigativo
da imagem
corporal em
mulheres
obesas
mórbidas na
cidade de
Maringá-PR.
 EMPOBRECIMENTO DA
EXPRESSIVIDADE
EMOCIONAL E
ASSERTIVIDADE
 DÉFICIT DE
HABILIDADES
SOCIAIS
Obesos têm maior dificuldade para responder positivamente diante de
situações que geram conflitos, não expressando adequadamente a
hostilidade. Eles mantêm a hostilidade num nível encoberto
(representada pela não assertividade e auto-agressividade).
Benedetti (2001), descobriu uma alta prevalência a não revidar
agressões, a “engolir tudo”, a não brigar com ninguém e a guardar para
si a mágoa resultante dos momentos de agressão “Antes eu ficava
achando que era o errado. Sempre pensava assim: eu sou gordo eu
estou errado e eles estão certos. Então nem falava nada, só
concordava”.
Benedetti (2001), Di Benedetto(2002): Os obesos vivem para os outros
não conseguindo colocar limites, vivendo a preocupação pelas
necessidades alheias
Costa e Biaggio (1998): investigações das relações entre obesidade e
as variáveis psicológicas ansiedade e raiva. Resultados positivos
para a presença de raiva voltada para dentro no grupo de obesos
Anaruma (1995): reconheceu a presença camuflada dos sentimentos
de raiva em mulheres obesas que foram submetidas à investigação
durante realização de tratamento para a obesidade em grupos de
apoio psicológico.
Larsen e Torgersen (1982 a 1985): obesos mórbidos inscritos no serviço
de avaliação psicológica para a realização da cirurgia de redução do
estômago: dados que reiteram a existência de dificuldades em
expressão de sentimentos de hostilidade e agressividade neste grupo
que também apresentou uma taxa elevada de hipersensibilidade à
crítica.
Kahtalian (1992): estudos dos aspectos da diminuição da expressividade
de sentimentos negativos como a raiva nos obesos, observa que a
agressividade nestes pacientes é muito reprimida. Para ele, muitas
vezes essa agressividade manifesta-se psicopatologicamente como
forma de enganar o médico ou outras pessoas, “fazer artes”, desfazer
compromissos, boicotar o tratamento, etc.
ESTUDO SOBRE HOSTILIDADE ENCOBERTA E DÉFICIT
EM EXPRESSIVIDADE EMOCIONAL
(Di Benedetto, 2002)
Inventário STAXI (Spielberger, 1992)
Sub-escalas: Raiva para fora; Controle da raiva; Expressão da
Raiva + Questionário Estruturado
Obesos mórbidos e não Obesos
Verificar se: I)O grupo de obesos mórbidos apresenta índice de
hostilidade encoberta significativamente maior do que o grupo
sem obesidade.
II) Existe correlação positiva entre o que o obeso percebe como
apreciação das outras pessoas e o empobrecimento de sua
interação social.
a) Expressão de sentimentos de hostilidade:
 Os obesos mórbidos têm maior dificuldade que os não obesos
 Prejuízo das Interações Sociais:
 Obesos Mórbidos: percebem o olhar do outro como hostil;
 Isolamento das atividades sociais;
QUALIDADE DE VIDA E ENGAJAMENTO SOCIAL
POSTERIOR À GASTROPLASTIA (“PREFEREM TER UMA
PERNA ARRANCADA A VOLTAREM A SER OBESOS”).
CLIENTE
TERAPEUTA
a mudança se dá pela
faculdade
de inventar
novos comportamentos.
A cronicidade pela
repetição de esquemas
comportamentais
nas relações com o meio,
Lisboa, 17,18 e 19 de Abril de 2008.
Maria João Fagundes ...
ANÁLISE DOS
MÚLTIPLOS
ASPECTOS
CLÍNICOS
TRATAMENTO
DA
OBESIDADE
PSICOTERAPIA
REEDUCAÇÃO
ALIMENTAR
ATIVIDADE
FÍSICA
COLETA DE DADOS
(MEYER, 2002, MATOS, M.A., 1999 e TORÓS, D., 1997;SILVARES e GONGORA, 1998).
 ENTREVISTA PSICOLÓGICA:
COLETA DE DADOS
(MEYER, 2002, MATOS, M.A., 1999 e TORÓS, D., 1997;SILVARES e GONGORA, 1998).
 ENTREVISTA PSICOLÓGICA:
ENTREVISTA PSICOLÓGICA
 Histórico da obesidade (época de surgimento
e tratamentos realizados com sucesso ou não);
 Verificar o papel da obesidade como queixa
primária ou secundária;
 Verificar qual a perspectiva e demanda para o
emagrecimento;
 Avaliar se a pessoa tem alguma psicopatologia
impeditiva para a realização da cirurgia;
 Identificar as funções emocionais do comer.
VER MODELO DE
ENTREVISTA PSICOLÓGICA
EM ANEXO
INSTRUMENTOS PSICOLÓGICOS
 Uso de testes gráficos
 Inventário de Habilidades Sociais
(identifica repertório de Assertividade,
Agressividade, Comportamento Passivo)
 Atividades de expressividade emocional
relativas à vivência da obesidade.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A intervenção psicológica: poderoso impacto em sua
saúde psicológica atual e futura;
Deve ser contínua;
Redução dos riscos de reincidência da obesidade a
médio e longo prazo.
Alterações gerais na postura do indivíduo adulto, dos
familiares, e do adolescente, em relação aos hábitos
alimentares, atividades físicas e correção alimentar de
longa duração.
Tratamento deve ter um caráter multidisciplinar.

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