CHATO OBRIGADO A REUNIÕES BIMESTRAIS COM REITORES Margarida Davim O corte de relações com o Governo anunciado pelas universidades acabou com a intervenção de Passos. Reitores conseguiram audiências regulares e manter as universidades-fundação. Os reitores vão passar a reunir de dois em dois meses com Nuno Crato. As reuniões, «para análise periódica do sistema de ensino superior», são uma das principais conquistas do encontro entre o CRUP (Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas), Passos Coelho e o ministro da Educação e Ciência. E vêm tentar resolver o dé- fice de atenção ao sector de que se queixam os reitores. Fundações à mesma, mas com nome diferente «Falta atenção ao ensino superior. Com a fusão da Ciência com a Educação, deixámos de estar representados no Conselho de Ministros», queixa-se um reitor ao SOL, que é cauteloso nas expectativas quanto ao diálogo com o ministro, tendo em conta os desafios que se apresentam para 2014: menos dinheiro, reorganização da rede e incógnitas sobre o grau de autonomia das universidades. «Vamos ver como corre». Além da garantia de que passarão a ser regularmente recebidos por Nuno Crato, os reitores saíram satisfeitos com as promessas de alteração à proposta do novo RJIES (Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior). Na prática, Passos e Crato prometeram aos reitores que as universidades-fundações são para manter, «mesmo que seja para mudar o nome», admite uma fonte que esteve no encontro. Este ponto é visto como «muito importante», uma vez que existem já três universidades com estatuto de fundação - Porto, Aveiro e ISCTE - e pelo menos duas (Minho e Universidade Nova de Lisboa) à espera de poderem passar para o regime fundacional. A publicação «a breve prazo» do Estatuto do Estudante Internacional, que permitirá cobrar propinas mais altas a alunos que venham de fora da União Europeia e da CPLP, foi outra das promessas que saíram da reunião com o prímeiro-ministro. «O importante é garantir que que aconteceu agora não se volte a repetir», comenta o reitor da Universidade do Porto, Maro ques dos Santos, explicando ao SOL que o entendimento a que se chegou vai no sentido de resolver problemas estruturais. Ou seja, evitar que volte a haver um corte entre nas relações institucionais universidades e Governo. Entre os reitores, todos acredios tam que a solução passa por um reforço da autonomia e recordam que «as universidades não têm dívidas e sáo um sector que comcom pete internacionalmente bons resultados». Por isso mesmo, o CRUP aponta como caminho o reforço da autonomia universitária, explicando que os problemas provocados pela burocracia a que estão sujeitos não devem passar por uma «resolução casuística e pontual», mas por um «enquadramento institucional» que deve ser dado pelo novo RJIES. Problemas orçamentais mantêm-se O problema que originou a reunião com Passos e Crato o corte nas transferências do Estado, em 2014, de mais 30 milhões de euros do que é que ninguém estaria previsto sabe ainda como se resolverá. «Temos a palavra do primeiro-mi- - - nistro, que acreditamos estar de boa fé, de que vai encontrar uma solução», diz um dos reitores que estiveram na reunião. Passos Coelho admitiu que, como o CRUP alertara, houve um erro no cálculo do corte da massa salarial (aplicando às universidades o corte médio da Função Pública, sem ter em conta as anteriores reduções salariais que aquelas tiveram). E garantiu que se tentará encontrar uma solução em sede de execução orçamental. Em comunicado após a reunião, o CRUP escreve mesmo que «as universidades esperam que o Governo reponha nos seus orçamentos, no início de 2014, os valores cortados em excesso». Menos claro terá sido o compromisso assumido no que toca às cativações orçamentais. «A falta de garantias quanto à descativacão de verbas sobre as remunerações certas e permanentes impedem as universidades de ter capacidade para suportar todos os custos com pessoal», avisa o CRUP, lamentando que as universidades continuem sem poder transitar saldos de um ano para o outro, mesmo tratando-se de receitas próprias. Politécnicos sem dinheiro Menos produtiva parece ter sido a reunião desta semana entre o Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos (CCISP) e o secretário de Estado do Ensino Superior. Os presidentes dos politécnicos não receberam explicações sobre os cortes a mais na massa salarial, nem promessas de ver o valor reposto. E saíram do encontro alertando para a «incapacidade de assegurar a sustentabilidade de recursos no ano que ainda decorre e em 2014», explicando temer que as instituições não possam funcionar com estes cortes. Ensino superior queixa-se de falta de atenção do ministro e reclama ser ouvido