ID: 57751054 02-02-2015 | Emprego & Universidades U&E/2 TEMA DE CAPA Tiragem: 16415 Pág: II País: Portugal Cores: Cor Period.: Semanal Área: 23,00 x 28,40 cm² Âmbito: Economia, Negócios e. Corte: 1 de 3 “Há uma situação anacrónica no financiamento” É umaboapráticadaAdministração Pública não esconder despesas que vão existir. Neste momento a totalidade das despesas não está reflectida no orçamento das universidades”, denuncia António Cunha, presidente do Conselho de Reitores (CRUP). São 40 milhões de eurosque“tardamemchegar”.Quantoaoreordenamento da rede, defende que não deveria haver instituições com menos de cinco mil alunos. Neste Especial Entrevista, que será emitido hoje às 20h00 no ETV, diz que Portugal tem condições para atrair mais estudantes dos Países de Língua OficialPortuguesa. “ Como é possível que as instituições ainda não saibam que verbas vão ter em 2015? As universidade têm uma dotação atribuída em função do Orçamento de Estado para 2015 que foi estimada pelo Governo com base nos salários da Administração Pública, antes das decisões do Tribunal Constitucional de Agosto. Houve uma redução no corte relativo aos salários de 2011 que resulta num aumento de encargos. Mas há o compromisso do Governo de que a dotação será corrigido nesse montante, tal como foi feito no ano passado, num processo que mereceu a nossa concordância. Mas o valor em concreto tarda em aparecer. As universidades têm um nível de escrutínio externo muito grande – revisores oficiais de contas e um conselho geral externo que tem que aprovar as contas – e os orçamentos têm uma margem de imprevisibilidade que ainda não está definida. A verba relativa a Janeiro ainda não foi transferida? Foi transferido o duodécimo que nos foi atribuído em sede de Orçamento de Estado, mas sem reforço, e os vencimentos já foram pagos com esse reforço. Só no caso da Universidade do Minho estamos a falar de 360 mil euros que tivemos que adiantar. Esperamos ser ressarcidos rapidamente. As universidades têm feito um esforço muito grande em migrar para uma lógica contabilística muito transparente e estruturada e não é bom trabalharmos neste regime. Gostaríamos que esta situaçãoseresolvesseomaisrápidopossível. Achávamos que teria sido mais simples se estas verbas já tivessem sido acomodadas na altura emquefoifeitooOrçamento,porqueestadespesa vai existir. É uma boa prática da Administração Pública não esconder despesas que vão existir. Neste momento elas não estão reflectidas no orçamentodasuniversidades. E estamos a falar de 50 milhões de euros em falta para universidades e politécnicos? “ Hoje temos uma situação quase anacrónica com vários desequilíbrios a esse nível e as dotações que as universidades recebem não estão de acordo com o número de alunos. Estamosafalardeumvalordessaordem. Até quando é que as instituições conseguem aguentar? Depende de instituição para instituição. É conhecido que o Governo tem demonstrado abertura para universidades em situação mais difícil terem um adiantamento de verbas para estas situações. O financiamento acaba por penalizar as instituições que fazem melhor a sua gestão? Temos alguns desequilíbrios no modo como as universidades são financiadas. Porque há quase dez anos era utilizada uma fórmula de financiamentoqueatribuíaasverbasemfunçãodonúmero de estudantes, corrigidas com alguns factores de custo. A fórmula deixou de ser usada, num primeiro momento, devido à reforma de Bolonha. Depois porque existiram alterações muito significativas no número de estudantes de cada universidade e a própria crise levou a uma redução da dotação. Hoje temos uma situação quase anacrónica com vários desequilíbrios a esse nível e as diferentes dotações que as universidades recebem não estão de acordo com o número de estudantes de cada universidade. Mas sabemos que, em breve, o senhor secretário de Estado do Ensino Superior irá anunciar uma nova fórmula com novas regras para atribuir a dotação a cada instituição. Esperamos que o desempenho académico e científico e a eficiência ao nível da gestão possam ser alvo de factores de majoração que mesmo que sejam pouco importantes do ponto de vista absoluto serão importantesdopontodevistapedagógico. Para ganhar massa crítica para concorrer aos fundos do Horizonte 2020, não deveria haver fusões das instituições? A palavra-chave é autonomia. Se é uma fusão, um consórcio entre instituições ou uma integração, isso terá que ser definido de acordo com a estratégia das instituições que terão que ser lúcidas e bem definidas. É importante que não haja uma tentativa de definir o que é o modelo de reordenamento da rede porque essa diversidade, quase biodiversidade,éumariquezaquearedetem. Mas reconhece que há uma pulverização da rede e instituições muito próximas com os mesmos programas de formação? Se considerarmos que não deverá haver uma instituição, a não ser que sejam mono cursos com menos de cinco mil alunos, sendo que o número deveria ser próximo dos dez mil alunos, evidentementequeháinstituiçõesquedeveriamreorganizar-se e rever a sua estrutura . Não deverá haver instituições com menos de cinco mil alunos. Mas é evidente que é expectável que haja um grande aumento de estudantes no politécnico a partir destes novos cursos de formação superior especializada que deverão trazer novos alunos a essas instituiçõesdeensinosuperior. ■ MadalenaQueirós Paulo Figueiredo As universidades tiveram que adiantar a verba para fazer face à reposição salarial decorrente da decisão do Tribunal Constitucional. Continuam sem saber quanto e quando a vão receber. António Cunha, presidente do Conselho de Reitores, num especial entrevista. “A avaliação O presidente do CRUP não poupa críticas à avaliação das unidades de investigação encomendada pela FCT. Acha que o Governo pode recuar na avaliação das unidades de investigação que ameaça metade dos centros? Desde o início que esse processo recebeu bastantes reservas por parte do Conselho de Reitores, que tomou uma posição pública numa carta onde se manifestam reservas quanto à qualidade desde processo. Foi uma oportunidade perdida para fazer uma grande reforma de todo o sistema. Temos expectativa que existirão medidas que o Governo poderá tomar, que possam ser anunciadas a breve prazo, para que ID: 57751054 02-02-2015 | Emprego & Universidades Tiragem: 16415 Pág: III País: Portugal Cores: Cor Period.: Semanal Área: 23,00 x 28,40 cm² Âmbito: Economia, Negócios e. Corte: 2 de 3 OPINIÕES SOBRE O FUTURO DO ENSINO SUPERIOR PROPINAS Podíamos analisar se deveria haver propinas em Portugal. No contexto a actual seria muito difícil obviar a existência de propinas. Teríamos que encontrar uma fonte de financiamento alternativa para valores próximos dos 300 milhões de euros, que não é fácil de encontrar. “ PROCESS O DE BOLONHA Teve implicações financeiras quando diminui o número de anos do 1º ciclo, conduzindo a reduções no custo de formação de um licenciado. “ REGIME JURÍDICO DAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR (RJIES) É um bom documento integrador a nível do sistema público e privado, universitário e politécnico, mas poderia ter ido mais longe na autonomia. “ “ “ “ “ O reitor passou a prestar contas num órgão a que não preside, num quadro muito mais transparente e claro. FUNDAÇÕES foi uma oportunidade perdida” pelo menos possam remediar alguns dos danos que o processo poderá causar no sistema. Evitando que certos centros percam o financiamento? A questão do número de centros que perde o financiamento é importante. Mas a discussão não é essa. Tudo faria sentido se houvesse um racional por detrás do que aconteceu e isso é o que tem que ser corrigido. Poderíamos dizer que o processo foi muito exigente ou pouco exigente, se ficaram mais ou menos centros de fora. Mas não se entende o que aconteceu. Há quem defenda que a investigação deveria deixar de ser feita nas universidades? Na Europa tem havido essa discussão. Mas as universidades hoje têm uma claríssima aposta na investigação. Essa é a grande diferença que as universidades têm em relação ao ensino politécnico. Certamente existirão centros de in- “ Dizer que é preciso construir um sistema de investigação fora das universidades é profundamente errado! vestigação fora das universidades, mas o esqueleto de 80% da investigação que se faz em Portugal é a universidade. O modo de construir programas fora das universidades, que tem existido no passado nas políticas da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), é algo que esperamos que seja corrigido. O Conselho de Reitores teve oportunidade de ter uma reunião com o presidente da FCT e colocar a questão que recebeu o seu acolhimento. Mas é preciso que seja transformado em questões práticas. Não estou a dizer que está tudo bem nas universidades. Há muito a fazer. Mas isso deve construir-se melhorando as universidades porque elas têm capacidade, o potencial e grupos de grande excelência. Mas dizer que é preciso construir um sistema fora das universidades, é profundamente errado! Os custos seriam incomportáveis. ■ M.Q. É um modelo mais avançado de autonomia. A Universidade do Minho reafirmou a vontade de iniciar negociações para passar a fundação. REORDENAMENTO DA REDE Se considerarmos que não deverá haver uma instituição de ensino superior, a não ser que seja um mono-curso, com menos de cinco mil alunos, sendo que o número deveria ser próximo dos dez mil alunos, evidentemente que há instituições que deveriam reorganizar e rever a sua estrutura. ANTÓNIO CUNHA, Presidente do Conselho de Reitores ID: 57751054 02-02-2015 | Emprego & Universidades As propostas e alertas dos reitores Paulo figueiredo O presidente do Conselho de Reitores, António Cunha, alerta que as verbas prometidas “tardam em chegar” às universidades e que a avaliação das unidades de investigação foi uma “oportunidade perdida de fazer uma reforma”. Uma entrevista para fazer um ponto de situação do sector. P.II/III Tiragem: 16415 Pág: I País: Portugal Cores: Cor Period.: Semanal Área: 23,00 x 23,57 cm² Âmbito: Economia, Negócios e. Corte: 3 de 3