ID: 43079753 01-08-2012 Tiragem: 18101 Pág: 8 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 26,56 x 31,28 cm² Âmbito: Economia, Negócios e. Corte: 1 de 1 Universidades sofrem corte maior que previsto Reitores dizem que corte chegará aos 2,7% em 2013. Governo alega cálculos diferentes. Ana Petronilho [email protected] O Governo vai cortar acima de 2,7% o orçamento das universidades e politécnicos para 2013. São mais duas décimas face ao corte de 2,5% inicialmente previsto e anunciado no Parlamento pelo secretário de Estado, João Queiró, na semana passada. O corte orçamental vem colocar as instituições numa situação financeira limite, obrigando mesmo as universidades a dispensar os docentes convidados, alegam os reitores. O ministério da Educação e Ciência (MEC) enviou, durante a tarde de ontem, um comunicado para o Conselho de Reitores (CRUP) a confrontar as instituições de ensino superior “com a intenção de serem alvo de um corte médio efectivo superior a 2,7%” – cerca de 16 milhões de euros no próximo ano. Este acréscimo de duas décimas face ao anunciado deve-se ao facto de o Governo ter adicionado ao corte previsto “os encargos com a base de dados bibliográfica”, a b-On, explicou ao Diário Económico o vice-reitor da Universidade de Lisboa, António Vasconcelos Tavares. Mas segundo os contas de João Queiró, “a redução orçamental global das universidades públicas de 2012 para 2013, já contando com o acesso à b-On, é de 2,44%”, disse fonte oficial do MEC. Isto porque, diz João Queiró, os reitores terão feito as contas sem contar com o encargo da b-On em Nuno Crato informou, durante a tarde de ontem, que os encargos com a biblioteca online vão ser adicionados ao corte orçamental. Universidades vão receber, em média, menos 2,7% em 2013. 2012. Além disso, durante a reunião com os reitores, o MEC garantiu que “estão previstos alguns reforços orçamentais para atenuar os cortes”, revelou Vasconcelos Tavares . No entanto, não foi referido pela tutela nem a origem, nem o valor do reforço financeiro. A situação veio provocar o alarme entre reitores que para já decidiram suspender a elaboração dos seus orçamentos, que têm de ser aprovados em reunião de Conselho Geral, e reclamam uma reunião de carácter urgente com Passos Coelho, que deverá ser agendada depois das férias do primeiro-ministro. Isto porque, explicou ainda Vasconcelos Tavares, os reitores consideram que “as contas para se chegar ao corte orçamental incluem dados que não estão consolidados, como é o caso do número de alunos para o próximo ano”. O comunicado do MEC confrontou as universidades com um corte que “em algumas instituições ultrapassa os 4%”, alertou António Vasconcelos Tavares. Contas feitas, o presidente do CRUP, António Rendas disse, em declarações à TVI, que “no total, as universidades sofreram uma redução de 25% no seu orçamento, desde 2005” e que o corte dos 2,7% “deve ser visto num contexto que vai provocar um efeito multiplicador na formação dos jovens”. Segundo um comunicado do CRUP enviado no final da reunião, o processo de elaboração do OE/2013 para as universidades públicas “tem decorrido de forma anómala, apresentando um quadro de evolução negativa em termos de financiamento e da autonomia universitária” deixando assim as instituições numa situação de “extrema dificuldade”. Os reitores garantem estar disponíveis para o diálogo com a tutela mas acusam o Governo de ter decidido a redução orçamental “de forma unilateral” e “sem que fossem observados o requisito legal e a prática seguida na última década”, sublinha o comunicado. ■ Os reitores dizem que o corte orçamental vai ter efeitos na formação dos alunos. A grande surpresa do OE/2013 O Governo terá de encontrar uma solução para contornar o veto ao corte dos subsídios. Márcia Galrão [email protected] Uma das novidades mais aguardadas para o Orçamento de Estado para 2013 (OE/13) será a solução encontrada pelo Governo para compensar o veto do Tribunal Constitucional (TC) ao corte dos subsídios de férias e de Natal dos funcionários públicos e pensionistas. Passos Coelho terá de encontrar medidas que impliquem dois mil milhões de euros de poupança na despesa do Estado em 2013 para cumprir a meta de 3% do défice. O Executivo ainda não clarificou se a solução passará por alargar o corte aos privados uma possibilidade que o acórdão do TC deixa em aberto ou se optará por novas medi- das de austeridade do lado da receita. No entanto, o parceiro de coligação já deixou claro que não validará novo aumento de impostos. O primeiro-ministro pediu o apoio do PS para encontrar soluções alternativas ao corte dos subsídios, mas António José Seguro fez saber que se recusa a ser co-autor do Orçamento. Os socialistas entendem que tem de ser o Governo a encontrar soluções e só depois de conhecido o O Governo prometeu estudar no âmbito do OE/13 a redução da TSU para grupos específicos. documento é que o PS proporá alternativas. A liderança de Seguro considera que o caminho que está a ser seguido é errado e tem dito que para este Orçamento não valerá o argumento do consenso político subjacente ao memorando da ‘troika’. Embora o PS tenha reafirmado ontem que o sentido de voto ao OE/13 só será definido depois de conhecido o documento, a hipótese de chumbo é cada vez mais falada entre os socialistas. Para já, o único ponto já conhecido do documento que Vítor Gaspar terá de apresentar no Parlamento até 15 de Outubro, é o corte acima de 2,7% nas transferências para as universidades. O ministro das Finanças também já disse que no âmbito da preparação do OE/13 irá estudar o corte da Taxa Social Única para segmentos específicos, com um impacto limitado nas contas do Estado. ■